Ativos de empresas que têm foco em ESG podem gerar lucro para os investidores
Além de fazer bem ao planeta, investimento pode ser bom para o seu bolso; a dica é: buscar companhias com bons fundamentos nos índices de sustentabilidade
ESG: esta sigla virou febre no mundo dos negócios nos últimos anos. As três letras fazem referência a melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Impulsionadas por investidores exigentes, várias empresas estão preocupadas em implantar uma agenda de diminuição dos impactos ambientais e aumento do impacto social positivo. Investir nisso pode fazer bem ao planeta, à humanidade e ao seu bolso.
“As empresas estão preocupadas com o fator ESG e isso não é novo. Trabalho há muito tempo na área e vejo um movimento de altas lideranças se engajando nessa agenda”, conta Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU. Ela integra os conselhos de administração de grandes empresas, como BNDES, Naturgy e Vinci Partners.
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Rentabilidade ou responsabilidade?
Alguns podem pensar que investir olhando para a agenda ESG é abrir mão dos ganhos e até mesmo perder parte de seu patrimônio em prol da sociedade ou meio ambiente. Para especialistas no assunto, porém, esse dilema não existe, já que o mundo está migrando para um modelo mais sustentável, onde empresas estão preocupadas com o impacto de seus negócios.
“Não existe dilema entre rentabilidade e responsabilidade. O que estamos vendo é uma mudança para um modelo que deve incorporar questões sociais e ambientais visando a sobrevivência da economia”, explica a especialista Sonia Consiglio Favaretto.
Olhar para alguns dos fundos ESG que mais cresceram no primeiro semestre deste ano pode ser a prova de que não há dilema. O Santander Go Global Equity ESG sobe 24,5% nos últimos 12 meses. Já o Trend Lideranças Femininas, gerido pela XP Asset Management, acumula alta de 17,9% no mesmo período.
Nelson Muscari, coordenador de fundos da Guide Investimentos, diz que o investimento olhando para a agenda ESG é o futuro. “Não é uma moda que vai acabar; quando vemos esse movimento na Europa e nos Estados Unidos significa que vai ganhar força no Brasil”, afirma Nelson.
Ele conta que a Guide pretende aumentar o portfólio de ativos com boas práticas em ESG, com ainda mais fundos preocupados com essa temática. “Não podemos ficar só no discurso, acrescentando fundos à nossa plataforma preocupados com ESG estamos disseminando essa cultura e ajudando a desenvolver o Brasil”, diz Muscari.
Como fazer um bom investimento?
Para afastar a desconfiança com um investimento preocupado com questões sociais, nada melhor que fazer um aporte usando esses critérios e ter um bom retorno. Há empresas com bons fundamentos que se preocupam com o impacto de seus negócios e têm selos de sustentabilidade dados por consultorias especializadas nisso.
“Empresas de papel e celulose, como Klabin e Suzano, integram índices de sustentabilidade, assim como os grandes bancos, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, além de empresas do setor de telecomunicações”, diz Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
Vale procurar índices de sustentabilidade e encontrar lá empresas com bom fundamento. A B3 tem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), “indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial”, como explica a empresa. O índice sobe 39,9% desde sua criação, em dezembro de 2017.
Outro índice conhecido é o S&P/B3 Brazil ESG, que “procura medir a performance de títulos que cumprem critérios de sustentabilidade e é ponderado pelas pontuações ESG da S&P DJI”. Esse indicador sobe 56,63% no recorte dos últimos cinco anos.