Secretária do Tesouro dos EUA diz que inflação deve continuar alta, e que baixá-la deve ser prioridade
Em audiência no Senado, secretária Janet Yellen pediu que senadores aprovem medidas para conter a inflação
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, pediu ao Congresso que aprovem novas medidas para ajudar a aliviar a inflação, mas que ela deve continuar alta no curto prazo. A fala foi feita durante audiência do Comitê de Finanças do Senado americano para discutir o orçamento de 2023, enviado pelo presidente Joe Biden.
Durante a audiência, que durou quase três horas, Yellen foi pressionada por senadores sobre os aumentos da pressão inflacionária no país, especialmente após a secretária ter dito há alguns meses que a inflação não subiria ao nível atual. Em resposta aos congressistas, Yellen disse que sua análise anterior não levava em conta a guerra na Ucrânia nem as novas ondas de covid-19.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Ela também disse que “espera que a inflação continue alta”, e que as medidas para baixá-la deveriam ser “nossa prioridade número um”.
A secretária também aproveitou a audiência para pedir que o Congresso americano atue de maneira mais incisiva na aprovação de leis e pacotes que possam mitigar o aumento da inflação no país, que está no maior patamar em mais de 40 anos.
Últimas em Economia
“O Congresso pode fazer muito para mitigar alguns dos custos mais importantes e onerosos que as famílias enfrentam”, disse Yellen, que completou dizendo que os congressistas podem aprovar propostas específicas para reduzir os preços dos medicamentos prescritos, melhorar o acesso a moradias acessíveis e reforçar os investimentos em energia renovável.
“Ao fazer isso, expandiremos a oferta de nossa economia”, disse ela. “Investimentos em educação e treinamento, creches e idosos levariam a uma força de trabalho maior, ajudando a reduzir a inflação e levando a um crescimento forte, sustentável e estável”.
A secretária do Tesouro também defendeu as ações do governo Biden, mas reconheceu que a inflação está agora em um nível “inaceitável” e que “é necessária uma postura orçamentária adequada para complementar as ações de política monetária do Federal Reserve”.
A secretaria também disse que a previsão de inflação de 4,7%, presente no orçamento enviado pela Casa Branca, provavelmente vai ser revista e aumentar.
O Federal Reserve (Fed) já elevou as taxas de juros em 0,75 ponto percentual desde março e deve continuar a trajetória de aperto em suas próximas reuniões de política monetária. A expectativa do mercado é que o banco central americano eleve os juros para cerca de 2,8% até o final do ano.
Quando questionada pelo senador Steve Daines, sobre o papel do governo Biden na alta da inflação, Yellen disse que “estamos vendo inflação alta em quase todos os países desenvolvidos do mundo, e eles têm políticas fiscais muito diferentes”, disse ela. “Portanto, não pode ser que a maior parte da inflação que estamos enfrentando seja culpa do impacto do [pacote de estímulos].”
Ela disse ainda que existem vários riscos ao determinar uma política, e que a inflação é um deles, mas que o maior perigo era que “os americanos ficassem marcados por uma profunda e longa recessão”.