Varejo estacionou? Dinheiro do consumo pode estar indo para pagamento de dívidas, avalia IBGE

Setor ficou estável em novembro, mesmo com impacto da Black Friday e com a queda do dólar

Inflação em alimentos foi principal 'surpresa positiva' a economistas ouvidos pela Inteligência Financeira. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Inflação em alimentos foi principal 'surpresa positiva' a economistas ouvidos pela Inteligência Financeira. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O IBGE informou nesta quarta-feira (17) que as vendas no varejo variaram 0,1% em novembro de 2023. O resultado representa uma estabilidade em relação ao resultado de outubro, quando o setor retraiu 0,3%.

A média móvel trimestral, conforme o instituto, também foi de 0,1% em novembro.

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Assim, o varejo brasileiro acumula altas de 1,7% em 2023 e de 1,5% considerando a soma em 12 meses.

Para Cristiano Santos, gerente da pesquisa, o comércio nacional tem uma trajetória de crescimento ao longo do ano, mas sem avanços significativos mês a mês.

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“O setor apresentou uma volatilidade muito baixa com resultados muito próximos de zero. À exceção de janeiro, o restante do ano ou houve estabilidade ou taxas muito baixas”, comentou.

Efeitos da Black Friday

Ainda conforme os dados oficiais, das oito atividades pesquisadas, seis tiveram resultados positivos em novembro.

Os principais impactos sobre o índice geral vieram de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (18,6%), móveis e eletrodomésticos (4,5%) e tecidos, vestuário e calçados (3,0%).

A Black Friday, na avaliação do gerente pesquisa, ajudou a garantir a estabilidade das vendas.

Além da tradicional data de compras, a queda do dólar (-2,5%) também favoreceu o resultado no mês.

“Ajudou nas vendas dos produtos de informática”, explicou Santos.

Consumo em baixa?

Mais atividades do varejo que crescreram em novembro, segundo o IBGE, foram combustíveis e lubrificantes (1,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,1%).

Nesse último, o gerente da pesquisa destacou que a influência de hiper e supermercados é muito grande, com peso de 50% no indicador.

Então, Cristiano Santos avaliou o que pode estar mexendo com o desempenho.

“Não tivemos crescimento nessa atividade nos últimos dois meses, embora o resultado no ano (3,5%) seja positivo”, observou.

“Com o aumento no rendimento real e na ocupação, algumas pessoas podem estar direcionando seu dinheiro para o pagamento de dívidas e evitando o consumo”, completou.

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