Experimento da semana de quatro dias chega ao Brasil

No Reino Unido, onde 61 empresas participaram, 92% decidiram seguir com o formato após o piloto, segundo a 4 Day Week Global

Escritórios de trabalho. Foto: Artur Widak/NurPhoto via AP
Escritórios de trabalho. Foto: Artur Widak/NurPhoto via AP

Depois de o Reino Unido fazer um amplo experimento, com 61 empresas, para entender o impacto da semana de quatro dias de trabalho na produtividade e bem-estar dos funcionários, chegou a vez do Brasil.

A organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global, em parceria com a brasileira Reconnect Happiness at Work, especializada em felicidade corporativa e liderança positiva, vai promover o experimento entre junho e dezembro deste ano.

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Em junho e julho serão feitas as sessões de apresentação para empresas. Em agosto abrem as inscrições. Setembro é o mês de preparar as companhias, apresentando a metodologia desenvolvida com o Boston College. Em novembro começa a experiência, se estendendo até dezembro.

Há um custo para participar do experimento, a ser definido.

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Antes, durante e depois do programa serão avaliados indicadores como estresse da força de trabalho, facilidade para equilibrar vida pessoal e profissional, resultados financeiros e turnover.

A proposta é seguir o modelo 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade. “Não é simplesmente tirar um dia, é redesenhar o trabalho”, afirma Renata Rivetti, da Reconnect Happiness at Work.

Ela diz que isso inclui repensar reuniões, avaliar o trabalho assíncrono, automatizar tarefas, delegar outras, rever processos. “Normalmente, as pessoas trabalham muitas horas, mas não necessariamente são produtivas.”

No Reino Unido, onde participaram do experimento 2.900 trabalhadores, 92% das empresas vão continuar com a semana de quatro dias, segundo a 4 Day Week Global.

Por lá, os resultados foram: 39% dos empregados se sentiram menos estressados; 71% reduziram sintomas de burnout; 54% acharam mais fácil conciliar vida pessoal e profissional; houve aumento de 1,4% na receita da companhia e, comparando com período similar em anos anteriores, a receita aumentou em média 35%; o turnover caiu 57% no período do piloto e 15% dos profissionais participantes disseram que nenhum aumento de salário os faria voltar à semana de cinco dias.

Gabriela Brasil, head de comunidade da 4 Day Week Global, diz que um dos aprendizados é que a mudança é construída com todos na empresa. “Gestores precisam trabalhar junto a suas equipes para avaliar as medidas existentes e se elas são adequadas para o futuro”, afirma.

“Vemos a diferença acontecer quando funcionários trabalham juntos, revisando processos, despriorizando, repensando a comunicação, os espaços e as tecnologias. As equipes descobrem como trabalhar de forma eficiente, como assegurar tempo de foco e assim estabelecem a nova visão do negócio e seu funcionamento. É esse trabalho em equipe, e a clareza com clientes e stakeholders, que permite reduzir tempo de trabalho e manter produtividade.”

Ela ressalta que clientes precisam ser atendidos e funcionários terem tempo livre para outras questões da vida. Então, não necessariamente a empresa que opta pela redução terá um final de semana de três dias.

“Pode acontecer de a folga vir em uma quarta-feira ou os dias de segunda a quinta serem mais curtos”, exemplifica. “Cada empresa encontra seu desenho de semana ideal.”

A expectativa é que cerca de 40 empresas participem no Brasil. As maiores podem adotar o experimento só em uma área. Já passaram pelos pilotos companhias dos EUA e Irlanda. Portugal e África do Sul estão com o experimento em curso.

Por Adriana Fonseca

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