Entenda por que a alta de salários dos EUA pode pressionar o Fed a elevar mais os juros
Índice de custo de emprego no país teve recorde em 21 anos no segundo trimestre
O índice de custo de emprego (ECI, da sigla em inglês de “employment cost index”) dos Estados Unidos subiu 1,3% no segundo trimestre, revelando que os salários e benefícios pagos no país seguem crescendo em um ritmo acelerado em um ambiente de trabalho ainda bastante aquecido. O ECI mede a variação dos salários e benefícios dos trabalhadores americanos trimestralmente e foi citado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, como um indicador relevante para as decisões de política monetária do banco central americano. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o ECI avançou 5,1%, o maior desde 2001, segundo dados divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho.
Os salários do setor privado cresceram 1,6% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, e 5,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados revelam uma aceleração em relação aos 1,3% e 5% registrados respectivamente no primeiro trimestre deste ano.
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Para o economista de Estados Unidos do Itaú BBA, Bernardo Dutra, o ECI mostrou um ritmo de salários ainda forte no segundo trimestre, na métrica cheia e nas aberturas. “É uma das métricas de salário preferidas do Fed e indica que a pressão na inflação de serviços vai continuar. Por isso, o Fed não pode parar de subir juros tão cedo. Próximos números de inflação devem definir o ritmo da próxima reunião”, afirmou ao Valor.
“O ECI veio acima do esperado e sustenta o sentimento de que o mercado de trabalho aquecido tem colocado pressão altista nos salários e benefícios pelo menos até o fim do segundo trimestre”, afirma Daniel Silver, economista do J.P. Morgan, em nota. Segundo ele, embora o ECI de 1,3% do segundo trimestre esteja abaixo dos 1,4% registrados no primeiro trimestre, a variação anual, a 5,1% é um recorde em mais de 20 anos.
“O crescimento dos salários e benefícios mostra que os empregados continuam a procurar trabalhadores em um mercado historicamente aquecido, mesmo à medida que a economia desacelera no segundo trimestre”, disse o economista Nick Bunker, do site de empregos Indeed, a Dow Jones Newswires. “A competição por trabalhadores continua acirrada”, disse.
“O Fed acompanha de perto o ECI por sinais de uma espiral de aumento de salários alimentados pela inflação”, disse Rubeela Faroogi, economista-chefe do High Frequency Economics, em nota, referindo-se a alta dos salários provocada pela alta no custo de vida. “Essa leitura, que não está mostrando sinais de abrandamento, irão apenas fortalecer a decisão do Fed de elevar mais os juros”, disse.