Câmara decidirá algumas polêmicas da reforma tributária na terça (29)

O texto principal do projeto já foi aprovado em agosto, por 303 votos a 142, mas falta a análise de sete emendas propostas pelos partidos para serem decididas no voto

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Para marcar uma volta ao trabalho em ritmo intenso após as eleições municipais, a Câmara dos Deputados deve votar nesta terça-feira o Projeto de Lei Complementar (PLP) 108, que se refere à reforma tributária.

Ele regula o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

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É um dos dois projetos que detalham a reforma tributária aprovada no ano passado.

O outro, que trata do funcionamento dos novos tributos, está em análise no Senado Federal.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tinha indicado que só votaria o projeto do comitê-gestor após o Senado concluir a primeira etapa da reforma.

Mas mudou de ideia para dar um “reinício mais forte” para os trabalhos após o segundo turno das eleições municipais.

7 emendas da reforma tributária serão analisadas

O texto principal do projeto já foi aprovado em agosto, por 303 votos a 142, mas falta a análise de sete emendas propostas pelos partidos para serem decididas no voto.

Como a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas e uma nova taxação sobre distribuição desproporcional de dividendos.

Outro ponto que vem gerando discussão nos foros especializados é o duplo tratamento dos contenciosos envolvendo os novos tributos criados na reforma.

O IBS, que pertence a Estados e municípios, terá as disputas administrativas tratadas no Comitê Gestor.

Questionamentos envolvendo a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de responsabilidade federal, serão tratadas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Imposto sobre Grandes Fortunas

Num momento em que o Ministério da Fazenda estuda a tributação dos super ricos com o Imposto de Renda, um dos destaques apresentados ao PLP 108 tenta criar o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).

Esse tributo está previsto na Constituição e sua regulamentação, até hoje não concretizada, é antiga bandeira da esquerda brasileira.

Dessa vez, a proposta foi apresentada pelos deputados Ivan Valente e Erika Hilton, ambos do Psol paulista.

A proposta causou alguma agitação nos grupos de debate de tributaristas nesta segunda-feira.

Pretende taxar em 0,5% ao ano os patrimônios de R$ 10 milhões a R$ 40 milhões, em 1% aqueles entre R$ 40 milhões e R$ 80 milhões e em 1,5% as riquezas maiores do que R$ 80 milhões.

“Chamar de grande fortuna um patrimônio acima de R$ 10 milhões é um exagero”, comentou Rubens Lopes, sócio de Tributação sobre o Consumo da WFaria Advogados e fundador do Grupo de Estudos da Reforma Tributária (Gert).

As chances de o Imposto sobre Grandes Fortunas ser aprovado são pequenas, pois a proposta já foi rejeitada no grupo de trabalho que discutiu o PLP 108 e pelo relator da proposta. Assim, o Psol apresentou um destaque para que a proposta seja analisada pelo plenário da Câmara.

Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tem se posicionado contrariamente a propostas que tragam aumento de carga tributária.

Polêmica com taxas de transmissão de bens

Há, assim, polêmica também em torno das alterações promovidas pelo PLP no Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).

A proposta tira a liberdade dos Estados em decidir sobre o ITBI, comentou Lopes. Em contrapartida, foi permitido que avançassem em outras bases tributárias.

Assim, está proposta a cobrança do ITCMD sobre distribuição desproporcional de dividendos.

“É uma questão controversa, porque é praticamente um tributo novo”, disse o tributarista.

Com informações do Valor Econômico

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