Questionário pré-Copom: maioria dos analistas vê piora na situação fiscal do país

A avaliação dos agentes do mercado financeiro ocorre em meio a sinais do governo eleito de aumento dos gastos públicos a partir de 2023

Fachada da sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Adriano Machado/Reuters
Fachada da sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Adriano Machado/Reuters

Para 91% dos analistas consultados em questionário pré-reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na terça-feira (13), a situação fiscal do país piorou de outubro para cá. A avaliação ocorre em meio a ruídos em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição do governo eleito, que pretende ampliar gastos fora do teto.

O questionário foi enviado a analistas do mercado em 24 de novembro. As respostas são analisadas antes da reunião do comitê sobre a taxa básica de juros (Selic) e servem como subsídio para a decisão.

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Entre os economistas consultados, 9% acham que não houve mudança relevante no cenário fiscal no período e nenhum apontou melhora. O percentual de entrevistados que viu piora é o maior desde o questionário da reunião de agosto, quando 93% responderam que havia aumentado o risco de descontrole nas contas públicas.

O BC perguntou, ainda, a estimativa do mercado para gastos do governo fora do teto de gastos. A mediana das projeções foi de R$ 130 bilhões para 2023 e R$ 109 bilhões para 2024.

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De acordo com o documento, apenas 2% dos analistas acham que há risco de baixa em seus cenários para a inflação de 2023, contra 76% de risco de alta. Para 2024, o risco de baixa ficou em 4% e de alta, em 63%. Para 22% dos entrevistados, os riscos ficam equilibrados em 2023 (33% para o próximo ano).

A mediana das projeções para a inflação de 2022 ficou em 5,90% e o câmbio em R$ 5,90. A previsão dos economistas foi de Selic a 13,75% no fim do ano. Para 2023, a mediana ficou em 5,00% para o IPCA, R$ 5,25 para o dólar e 11,50% ao ano para a Selic.

Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, a previsão mediana dos economistas é de crescimento de 2,8% e de 0,7% para 2023. Sobre os riscos no cenário traçado para a atividade deste ano, 3% aponta ser de baixa, 66% equilibrado e 30% de alta. Para o próximo ano os percentuais são 38%, 42% e 20%, respectivamente.

A estimativa dos analistas para o hiato do produto, medida de ociosidade da economia, é de 0,1% para o terceiro trimestre de 2022, de -0,2 para o quarto trimestre deste ano e -0,7% no quarto trimestre de 2023. Número negativo indica que o PIB está abaixo de seu potencial e positivo, acima.

A projeção dos economistas consultados para a taxa neutra de juros real, já descontada a inflação, é de 4,5% no curto prazo e em 2 anos e de 4,3% em 5 anos. Já a taxa de crescimento do PIB potencial esperada é de 1,5% no curto prazo, de 1,6% em 2 anos e de 1,8% em 5 anos.

Em relação ao ambiente externo, 33% consideraram que está menos favorável a economias emergentes, 49% sem mudanças relevantes e 17% mais favorável.

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