‘A gente não pensa em queda de juros no momento’, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central afirmou que a batalha contra a inflação ainda não está ganha

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (Foto: Raphael Ribeiro/BCB)
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (Foto: Raphael Ribeiro/BCB)

Ainda que o Brasil deva atravessar três meses de deflação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na segunda-feira que a batalha contra a inflação ainda não está ganha e, portanto, a autoridade monetária ainda não vislumbra cortes de juros.

“No Brasil, como começamos o processo de aperto monetário mais cedo e de maneira rápida, existe a percepção de que estamos no fim do processo e um dos únicos países em que o mercado espera cortes de juros. A gente não pensa em corte de juros no momento. Pensamos em finalizar o trabalho e isso significa a convergência da inflação. O Banco Central entende que ainda há um elemento de preocupação grande com a inflação no Brasil”, disse o presidente do Banco Central, no evento de premiação Valor 1000.

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Segundo ele, o movimento de queda inicial da inflação no país ocorreu, em grande parte, devido às medidas recentes do governo para conter os preços administrados, como energia e combustíveis.

Para Campos Neto, no entanto, a medida adotada pelo governo está em linha com diversos outros países do mundo, que gastaram algo próximo a 1,5% ou 2% do PIB em medidas para conter os preços de energia, que vêm apresentando forte alta global.

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Mensagem do Fed

O presidente do Banco Central comentou durante a premiação que o Federal Reserve, o banco Central americano, desfez a impressão, nos mercados, de que boa parte do ajuste necessário já havia sido feito, mas que surpresas ainda podem acontecer mais à frente, uma vez que parte dos agentes ainda crê que a desaceleração global que se avizinha pode produzir rapidamente uma desinflação.

“O que importa para a política monetária não é apenas juros, mas condições financeiras, que é o que extrai dinheiro da economia. Tem preço de bolsa de ativos, a renda das pessoas, renda imobiliária. E olhando os índices que medem as condições, mesmo sem estar muito avançado no processo, eles estavam mostrando já um aperto muito grande, e o mercado entendeu que o Fed poderia relaxar. Mas a mensagem não foi essa”, comentou Campos. “A mensagem do Fed é que não iria relaxar.”

Campos disse ainda que parte do mercado vê uma desinflação “logo na esquina” por causa da desaceleração global generalizada. “O problema que não está nos preços é que se tiver uma janela maior de inflação para cima e crescimento para baixo, o mercado de crédito começa a sentir muito”, disse, acrescentando que eventos como esses podem gerar reprecificações rápidas.

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