Onde o real vale mais: aéreas ampliam voos para América Latina
Pacotes de viagem têm parcelamento de até 24 vezes
Depois de dois anos de pandemia com restrições a viagens internacionais, o brasileiro que estava ansioso para botar os pés fora do Brasil teve que rever a rota com o dólar a R$ 5,07 e o euro cotado a R$ 5,20. Com isso, destinos na América Latina, onde o real está valorizado, ganharam destaque, levando companhias aéreas e agências a aumentarem suas ofertas de voos e até a criarem novas linhas e produtos.
A Gol, por exemplo, mesmo cortando alguns voos na malha aérea geral, vai expandir o número de rotas para a América Latina. Hoje, faz viagens para a Argentina de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.
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Em agosto, Fortaleza entra na malha aérea para Buenos Aires e, a partir de dezembro, outras capitais do Nordeste — Natal, Maceió, Recife e Salvador — passam a contar também com voos aos sábados, para Buenos Aires. Hoje são 27 voos semanais entre os dois países e o número deve subir para 36.
A região gastronômica argentina de Mendonza também terá mais um voo por semana, totalizando quatro, assim como Montevidéu, capital uruguaia, onde os voos semanais entre Guarulhos e Montevidéu, que hoje são 14 (ida e volta), passarão para 20 a partir de setembro e 28 em novembro.
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Aérea low-cost terá mais voos
De junho para julho, a quantidade de assentos na Gol cresceu 25%, puxada pelos trechos de Brasília para Orlando, Miami e Cancun, e de São Paulo para Assunção, capital do Paraguai, e Mendoza, reduto de vinícolas.
Com a expectativa de crescimento da demanda, a Latam vai aumentar a quantidade de voos diretos para Buenos Aires, Santiago, Lima, Miami e Montevidéu no segundo semestre e remanejar aeronaves com maior capacidade para incrementar a quantidade de assentos ofertados a estes destinos.
A empresa já restabeleceu voos do Brasil para 20 dos 26 destinos no exterior de antes da pandemia. Dois deles estão fora do hub da empresa, centrado no eixo Rio-São Paulo, e serão entre Porto Alegre e Lima e Fortaleza e Miami.
“Tivemos aumento de 60% nas vendas do primeiro para o segundo trimestre de 2022. Isso comprova que a demanda internacional voltou a aquecer nos últimos três meses e explica o motivo de termos investido recentemente na retomada de rotas como Porto Alegre-Lima, Curitiba-Santiago e Buenos Aires-Rio”, diz Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil.
Já a companhia aérea colombiana de baixo custo (low cost) Viva Air, que começou a operar há um mês no Brasil, vai incrementar o número de voos nas rotas internacionais. Os trechos entre Buenos Aires e Bogotá ou Medellín passarão a ter cinco voos semanais. Entre São Paulo e Medellín, quatro, e entre a cidade colombiana e Cancún, dez.
Real vale mais nos vizinhos
Embora o brasileiro continue a manifestar interesse por viagens para a Flórida, nos Estados Unidos, e para capitais europeias, o conforto do real valorizado na comparação com a moeda de alguns países da América Latina tornou estes destinos ainda mais atraentes.
Na cotação de ontem, segundo o Banco Central, um real equivale a 26,50 pesos argentinos, 172 pesos chilenos e 7,8 pesos uruguaios.
A veterinária Gabrielle Moles estava na dúvida se iria para Porto Seguro, na Bahia, Chapada dos Veadeiros, em Goiás, ou Argentina nas férias com o namorado e os amigos, em setembro.
“Ao pesquisar o roteiro, vimos que o peso estava bem desvalorizado frente ao real. Isso foi um fator que pesou. Como serão 15 dias, optamos por incluir o Uruguai também no roteiro.”
A depender da cidade e do bairro escolhido, a hospedagem em países hermanos pode sair até mais em conta. Um quarto básico de hotel três estrelas de uma rede internacional custa R$ 265 em Montevidéu, no Uruguai. Em Lima, no Peru, sai por R$ 385.
Uma diária na Avenida Paulista, em São Paulo, pode custar R$ 427. Em Fortaleza, ficar na Praia de Iracema, com vista para o mar e café, sai por R$ 377. As consultas de preços foram feitas considerando a mesma data, hospedagem de 16 para 17 de agosto, em hotéis da mesma rede.
Salto nas reservas
Segundo Manuella Natividade, gerente de negócios B2C da Belvitur, as cidades da América do Sul despontam nas solicitações após a alta do dólar e valorização do real comparado a moedas como o peso argentino e chileno. Buenos Aires e Mendoza (Argentina), Santiago (Chile) e Lima (Peru) são as mais requisitadas.
“Orlando e Miami continuam sendo muito procurados, mas já sentimos um movimento de adiar a viagem, optando neste momento para destinos onde a moeda é favorável.”
Na CVC Corp, que atende Brasil, Argentina e Estados Unidos, maio teve o maior número de reservas confirmadas em um único mês desde janeiro de 2020, sendo que as viagens internacionais se destacaram, em especial para Buenos Aires, Orlando, Bariloche, Santiago, Nova York, Miami, Cancun, Lisboa e Paris.
Na carona dessa retomada, a empresa volta com os acordos de voos exclusivos, inclusive para Argentina, e ciente da situação inflacionária no país, investe em novos produtos de viagens, como o parcelamento estendido em boleto de até 24 parcelas.