Incertezas do cenário econômico justificam aposta no Tesouro Direto Selic
Tesouro Direto IPCA+ não é indicado para investimentos de curto prazo devido à perspectiva de queda da inflação
O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) explicando sua decisão, nesta quarta-feira (21), de segurar a taxa Selic em 13,75% ao ano manteve entre os investidores um certo nível de incerteza quanto aos rumos dos juros. Até porque não houve consenso na resolução: dois dos nove membros do comitê votaram por aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual.
“O comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação, e reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse a autoridade monetária no comunicado. “Os passos futuros poderão ser ajustados, e o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”
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Todos esses poréns servem para lembrar que a renda fixa, tida como opção de investimento mais segura, não é tão fixa assim: pode flutuar ao sabor das mudanças no cenário. Por ora, a maior parte do mercado está apostando que não haverá outras elevações e que uma redução da Selic só vai acontecer no segundo semestre do ano que vem. Mas repiques da inflação serão o principal gatilho para alterações nas expectativas.
“O balanço de riscos citado pelo BC contempla possibilidades de alta e de queda de inflação. Como risco inflacionário, o comunicado trouxe a possibilidade de um hiato do produto mais estreito. Como risco de baixa, a manutenção dos cortes de impostos, projetados para serem revertidos em 2023”, diz Patrícia Pereira, estrategista-chefe da gestora MAG Investimentos. “Vale destacar que o mercado não espera reversão dos impostos federais.”
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Para quem quer investir nos títulos do Tesouro Nacional via Tesouro direto para aproveitar a mais elevada taxa básica de juros desde novembro de 2016, os especialistas recomendam os que são atrelados à Selic, naturalmente. Rendem 13,75% ao ano e têm liquidez diária, facilitando realocações.
Os títulos ligados à inflação, que pagam a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais uma taxa prefixada, não são as melhores opções enquanto as previsões forem de retração do indicador, especialmente se o BC diz que não vai medir esforços para controlá-lo. A não ser que o horizonte de investimento seja bem mais longo, já que os títulos ligados ao IPCA funcionam como proteção do valor do dinheiro. Os que vencem a partir de 2035 funcionam nessa estratégia.
De forma geral, no atual contexto, os títulos prefixados são os menos recomendados. Estão pagando 12% ao ano no Tesouro Direto, com vecimentos a partir de 2025. Podem ser acrescentados à carteira quando ficar mais claro o fim do ciclo de alta dos juros.
“Parece óbvio, mas a diversificação é fundamental neste momento de incerteza. Posições em que a Selic ou o IPCA predominam são as mais indicadas. Com a perspectiva de que os juros no Brasil vão ficar altos por mais tempo, como já antecipou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e com uma taxa de juros a 13,75%, o investidor tem muito a ganhar com os ativos pós-fixados atrelados a Selic”, diz Marcus Labarthe, sócio-fundador do escritório de agentes autônomos GT Capital Investimentos. “Enquanto isso, ao investir no IPCA, também estará garantindo proteção em relação à inflação, que no ano, ainda está fora da meta.”
A meta de inflação estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3,5% para 2022, 3,25% para 2023 e 3% para 2024 e 2025. Nos 12 meses até agosto, o IPCA está em 8,73%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).