Ilan Goldfajn, ex-presidente do BC: ‘moeda digital torna dinheiro mais inclusivo’

Tecnologia pode tornar o sistema mais barato, avalia ex-chefe da autoridade monetária

Ilan Goldfajn , presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ilan Goldfajn , presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Já pensou em como será o dinheiro no futuro? O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Ilan Goldfajn, adiantou que será bem diferente do que estamos acostumados. “A nossa capacidade de computação avançou de tal forma que a gente pode oferecer dinheiro digital. O Banco Central entendeu essa demanda e, já que é necessário, que seja feita com segurança, evitando ilícitos e bem feita. Então, vamos ver muito mais transformações nas próximas décadas, com a adoção das moedas digitais pelos bancos centrais”, diz Goldfajn.

O ex-presidente do Banco Central defende que a autoridade monetária se envolva cada vez mais no desenvolvimento de novas formas de pagamento virtual, além do que já é executado pelos bancos.

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“Primeiro que é uma garantia, dada pelo governo, de que o que você está pagando é estável. Segundo que a tecnologia permite que você faça tudo mais barato. O Pix, por exemplo, é de graça e o custo para o sistema é menor. Terceiro é a capacidade de chegar em mais pessoas, ser mais inclusivo. A moeda digital do banco central consegue chegar onde alguns bancos não conseguem”.

Durante sua passagem pelo BC, Goldfajn lançou uma agenda de reformas do sistema financeiro, após acompanhar as experiências e desafios dos países para desenvolver as suas novas moedas, incluindo a execução da política monetária, preservação da privacidade e lavagem de dinheiro.

“Mais de 100 países estão na mesma situação do Brasil. Esse piloto, esse começo, faz parte de um movimento global relevante, mas que ainda está no começo, é uma dinâmica para se acompanhar ao longo dos anos”.

Recorrentes no Brasil e também em outros países são as dúvidas sobre a sobrevivência do sistema bancário. Para o diretor do FMI, essa é uma preocupação que pode ser equilibrada com a democratização das moedas digitais, mas não pode começar a valer antes das partes pontuar todos os detalhes.

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“No final das contas, os BCs têm, hoje, a capacidade de pegar essas moedas e permitir que os bancos tenham financiamento para emprestar para os clientes. Teremos, então, o sistema de pagamento através das moedas do Banco Central e, na hora dos empréstimos, os bancos vão continuar com a mediação porque vão captar, a liquidez vai estar garantida pelos BCs, e portanto os empréstimos vão continuar acontecendo”.

Sobre os desafios que a autoridade monetária deve enfrentar para chegar até o brasileiro, Goldfajn acredita que serão na mesma proporção que o dinheiro físico enfrenta no território.

“A moeda digital consegue preencher algumas questões que a física torna mais difícil. Ela evita que você tenha que ir para outras cidades para pegar dinheiro físico. Mas claro que essa nova moeda terá seus próprios desafios, como tornar a sociedade capaz de manejar essa moeda digital. Onde o celular não chegou ainda, por exemplo, será difícil. No entanto, acredito que mesmo a moeda física tem os seus obstáculos e não seria diferente com a virtual”.

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