IGP-10 tem menor taxa em quase 4 anos; energia e de commodities puxam queda

Gasolina, energia e commodities puxaram índice para baixo

Bomba de abastecimento em posto de combustíveis. Foto: Adriano Machado/Reuters
Bomba de abastecimento em posto de combustíveis. Foto: Adriano Machado/Reuters

Favorecido pelo recuo de preços em itens de energia e de commodities como minério de ferro, milho em grão e algodão em caroço, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) caiu 0,90% em setembro — menor taxa desde dezembro de 2019, segundo Matheus Peçanha, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV). Naquele mês, a deflação registrada foi de 1,23%.

O índice calcula a pressão inflacionária de produtos e serviços praticados pela cadeia de fornecimento do produtor ao consumidor, assim como do setor de construção civil.

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Foi a primeira vez na história do indicador, criado em 1993, que atacado, varejo e construção civil finalizaram mês com taxa negativa, acrescentou Peçanha. Para ele, isso sinaliza que a família dos Índices Gerais de Preços (IGPs) deve permanecer com taxas baixas, e até mesmo negativas, até o fim do ano.

Commodities que puxaram IGP-10 para baixo

A deflação de cinco produtos do Índice de Preços ao Produtor Amplo – 10 (IPA-10), que corresponde a 60% do IGP-10 — responderam por quase a totalidade do recuo de preços no setor atacadista em setembro. É o caso de óleo diesel (-6,70%); minério de ferro (-4,48%); gasolina automotiva (-9,53%); bovinos (-4,10%) e soja em grão (-1,44%).

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O especialista lembrou o recente recuo em preços de commodities no exterior, com a perspectiva de desaceleração de grandes economias como a da China e do continente europeu — o que afeta ritmo de crescimento global e, por consequência, demanda por commodities.

Ao mesmo tempo, a cotação menor de petróleo no exterior tem estimulado recuos de preços de combustíveis, no mercado doméstico, recentemente anunciados pela Petrobras.

Gasolina e Energia

No varejo, itens energéticos também são destaque. O Índice de Preços ao Consumidor – 10 (IPC-10), 30% do IGP-10, manteve-se com taxa negativa. Houve uma variação de -1,56% para -0,14% entre agosto e setembro. Das cinco principais quedas de produtos, que contribuíram para tal cenário, três são relacionadas à energia.

É o caso das retrações de preço em gasolina (-9,66%); etanol (-9,36%); e tarifa de eletricidade residencial (-1,54%). Recentemente o governo limitou alíquota de ICMS para combustíveis e energia – o que também ajuda a diminuir preço de produtos relacionados a esses dois segmentos.

“Os energéticos estão caindo [de preço] na esteira das commodities de maneira geral”, resumiu Peçanha, da FGV.

Cenários

Ao falar sobre os próximos meses, o técnico comentou que o cenário de manutenção de taxas baixas nos IGPs até término do ano é provável. Ele citou que os fatores que estão derrubando o IPA, de maior peso no IGP, não são de rápida resolução — isso deve permitir novos recuos em preços de commodities, por exemplo.

“Se o IPA permanecer negativo tem chance [de os IGPs completos ficarem negativos]” acrescentou ele. Como o preço ao produtor de atacado tem maior participação no IGP-10, isso pode impedir uma decolada do índice ou até levar a novas quedas em 2022.

A FGV informou ainda que o Índice Nacional de Custo da Construção 10 (INCC-10) passou de 0,74% para -0,02% de agosto para setembro, completando a rodada de deflação.

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