Funcionários da Caixa terão de devolver parte de PLR

Pagamento havia sido definido na gestão passada como forma de incentivo

Agência da Caixa Econômica Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Agência da Caixa Econômica Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cerca de 1,3 mil empregados da Caixa com nível a partir de gerência terão de devolver valores referentes à participação nos lucros paga de forma antecipada em 2022. Ao mesmo tempo, diretores e vice-presidentes do banco também não vão receber a remuneração variável referente ao último ano, já que o banco não atingiu sua meta de resultado.

A decisão reverte medida tomada na gestão passada como forma de incentivo. A necessidade de devolver o dinheiro gerou insatisfação entre funcionários da Caixa, agora presidida por Rita Serrano.

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Hoje, vigoram duas regras distintas para o pagamento de remuneração variável no banco estatal: um recebido pelos funcionários, que é a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), e outro, para os membros estatutários, que é a Remuneração Variável dos Dirigentes (RVD).

A PLR, paga a 85 mil funcionários do banco público, foi creditada na sexta-feira. Porém, os cargos de gerência foram informados de que terão de devolver a parcela antecipada. Um funcionário nessa situação relatou ao Valor que serão descontados R$ 6 mil de seu salário, em até dez vezes, com a necessidade de devolução dos recursos.

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Também na semana passada, executivos elegíveis à RVD — diretores e vice-presidentes — foram avisados de que não receberiam nada, já que a meta não foi batida. Para esse grupo, a remuneração variável poderia ficar entre nove e 12 salários. Dirigentes do banco disseram, sob a condição de anonimato, que foram surpreendidos. Ou seja, com ela o executivo consegue praticamente dobrar o que tem a receber da instituição — embora ainda seja muito aquém da compensação recebida por pares de bancos privados.

O Valor apurou que, conforme diretrizes definidas em 2019, a Caixa teria de registrar lucro líquido anual superior a R$ 11 bilhões para que diretores e vice-presidentes de maior salário recebessem o valor adicional. Porém, o resultado da instituição ficou em R$ 9,2 bilhões no ano passado.

Apesar disso, alguns executivos consideram o não pagamento da remuneração variável uma retaliação da atual gestão, já que os parâmetros foram estabelecidos quando Pedro Guimarães era presidente do banco.

De acordo com essas fontes, que falaram sob a condição de anonimato, embora o lucro não tenha sido atingido, havia a expectativa de um acordo. Nesse cenário, a Secretaria de Coordenação das Estatais (Sest) poderia conceder um “waiver” (perdão, no jargão do mercado) para o pagamento da RVD. Essa visão não é confirmada oficialmente pela atual gestão da Caixa. Membros da atual cúpula do banco argumentam, nos bastidores, não ser correto que uma pequena parcela de funcionários receba um valor adicional maior que os demais empregados, e também negam que seja uma retaliação.

Procurada, a secretaria das estatais afirmou que indeferiu pedido da Caixa, feito em outubro do ano passado, para a revisão de indicadores de sua RVD. A Caixa disse que “o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados é devido aos empregados elegíveis conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 5 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente, portanto, não abrange diretores e vice-presidentes nessa condição”.

Por Guilherme Pimenta e Talita Moreira

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