Campos Neto: ‘Nossa maior preocupação no Brasil é com o fiscal’

Presidente do BC acredita que há uma diferença grande entre o que o mercado acredita que será o resultado primário e o que o governo tem 'prometido ou tentado fazer'

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado

O cenário fiscal é a maior preocupação com o Brasil hoje, afirmou nesta quinta-feira (23) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O banqueiro central reiterou que o processo de desinflação está acontecendo no País, embora lento. “Precisamos terminar o trabalho”, disse. Ele também repetiu que o crescimento econômico foi revisado algumas vezes para cima e que é possível que o crescimento estrutural tenha aumentado, reflexo das reformas feitas nos últimos anos.

Sobre o fiscal, porém, Campos Neto frisou que há uma diferença grande entre o que o mercado acredita que será o resultado primário e o que o governo tem “prometido ou tentado fazer”. O presidente do BC ressaltou que o mercado, no entanto, ainda que não espere que o resultado fiscal de 2024 seja alcançado, espera esforço.

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“Uma das dificuldades é a necessidade de arrecadação bastante grande. Se conseguir cortar gastos melhora, mas o Brasil tem uma situação de gastos muito engessada”, pontuou. “É importante persistir na meta. É importante que o governo acredite no arcabouço, no que ele construiu, mesmo entendendo que é difícil de atingir.”

Campos Neto frisou a importância do arcabouço fiscal e disse que houve uma luta muito grande para aprová-lo, inclusive dentro do próprio governo. Ainda sobre as dificuldades do cenário, o presidente do BC citou que, mesmo com o arcabouço, a despesa do Brasil é maior do que a média do mundo emergente e que, devido a carga fiscal já elevada no País, há pouco espaço para aumentá-la.

Ausência de vetor óbvio de desinflação

Campos Neto reiterou que não vê um vetor óbvio para a continuidade do processo de desinflação global à frente. Ele ressaltou, no entanto, que a expectativa é que o processo continue, apesar de lento.

O presidente do BC voltou a citar que houve uma coordenação entre política monetária e fiscal durante a pandemia que não se repetiu após o fim da crise sanitária. “Muitos países estão com dificuldade de sair dos programas fiscais que foram criados. O fiscal é sempre mais fácil de fazer do que de tirar.”

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O presidente do Banco Central citou que teses aventadas sobre o processo de desinflação não se confirmaram, como a expectativa de que o juro mais alto levaria a atividade a encolher e o desemprego a aumentar, com isso os salários cairiam e pressionariam a inflação para baixo.

Campos Neto voltou a citar a preocupação com a trajetória fiscal nas grandes economias, a exemplo dos Estados Unidos. O aumento recente da dívida pública americana – que deve continuar à frente -, somado ao nível elevado de juros, aumentou o custo de rolagem, explicou. A consequência desse processo, emendou, deve ser a diminuição da liquidez, não só para as empresas, mas para o mundo emergente.

“Devemos fazer o dever de casa. Há um estrangulamento de liquidez já encomendado, mesmo que os Estados Unidos desacelere e a taxa de juros caia, não vai cair o suficiente para reverter.”

Com informações do Estadão Conteúdo

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