Campos Neto vê arcabouço como ‘razoável’, mas alerta para tramitação

Presidente do Banco Central comentou ainda que 'números de inflação cheia estão melhores, mas núcleo está bastante resiliente'

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Adriano Machado/Reuters
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o projeto de arcabouço fiscal apresentado ao Congresso é “bastante razoável”, mas disse que é preciso observar como vai se dar o processo de aprovação e a celeridade da votação.

“Acho que foi uma boa indicação que estamos avançando na direção certa”, avaliou.

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Campos reiterou que não há uma “relação mecânica” entre a aprovação da nova regra fiscal com a política monetária.

Sobre o debate no governo em relação à mudança das metas de inflação, Campos disse que a recomendação da autoridade monetária é de que “não é um bom momento” e que “não deveria ser feito”.

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Segundo ele, o BC não teria uma reação imediata de cortar juros e, em seu ponto de vista, a medida aumentaria o prêmio de risco.

“Achamos que não é algo que o BC decide [mas o governo], o mandato é muito claro”, ponderou, em inglês, em reunião organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC), em Londres, no Reino Unido.

Campos ressaltou que aumentar as metas passaria uma ideia ao mercado de que o objetivo é “ganhar alguma flexibilidade” e ressaltou que na diretoria há membros que “pensam diferente”.

‘Trabalho do BC está sendo feito’

O presidente do Banco Central afirmou também que o índice cheio da inflação brasileira está caindo, mas núcleo (que exclui itens mais voláteis) está “bastante resiliente”, recuando em ritmo lento. Ele ressaltou que é “consenso nos bancos centrais” de que “o trabalho ainda não está feito” e que é preciso “ser persistente”.

“O índice cheio de inflação está muito poluído por mudanças tributárias que estão acontecendo, então quando olhamos o núcleo, está em torno de 8%, o que ainda é muito alto. Em termos de hiato, não vemos mudança, mesmo que a economia esteja desacelerando”.

“Há consenso nos bancos centrais de que o trabalho ainda não está feito e precisamos ser persistentes [na política monetária]. Quando olhamos nossas projeções, temos 5,8% para 2023 e 3,6% para 2024, 3,2% para 2025 e, obviamente temos um contexto de números melhores, mas ainda longe da nossa meta”, disse Campos Neto.

“Sempre dizemos que a decisão se baseia em três dimensões de dados, olhamos para a inflação corrente, para o hiato do produto e para as expectativas”, elencou.

Segundo ele, a maior preocupação está nas expectativas de inflação, mesmo para 2025 e 2026, que são prazos mais longos.

“Há um questionamento sobre por que temos expectativas de inflação nos médio e longo prazos subindo se as surpresas inflacionárias no curto prazo são positivas. Acho que a questão aqui é que algum ruído foi criado na mudança de governo; quando olhamos porque a inflação desancorou no longo prazo, parte da explicação está relacionada ao pacote fiscal que foi aprovado [em referência à PEC da Transição] e parte ao governo falar sobre mudar as metas”, opinou.

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