‘Brasil deve ser reprecificado para pior’ após invasão dos Três Poderes, diz Ativa

Fortalecimento da agenda fiscal expansionista após atos golpistas pode levar à piora dos ativos brasileiros, diz economista

Bolsa de valores hoje: veja o desempenho do Ibovespa e do dólar. REUTERS/Amanda Perobelli
Bolsa de valores hoje: veja o desempenho do Ibovespa e do dólar. REUTERS/Amanda Perobelli

A invasão e depredação do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e sede do STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília (DF) que aconteceu no domingo deve levar os ativos brasileiros na bolsa de valores a serem reprecificados para pior. Não somente isso, mas a piora nos preços deve ser acompanhada por um fortalecimento da esquerda na pauta econômica.

Esta é a avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Para Sanchez, os protestos de ontem oferecem um “risco maior” aos ativos brasileiros nos olhos dos investidores.

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Avanço da agenda expansionista

Em uma nota em que analisa a invasão dos Três Poderes ontem em Brasília, Sanchez diz que “parte da piora esperada” nos preços dos ativos se deve ao avanço da esquerda no “status quo”, com fortalecimento da agenda fiscal expansionista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ensejou após ter sido eleito em outubro e em seus primeiros dias de mandato.

“Objetivamente, os atos enfraquecem as manifestações e ocupações em favor do bolsonarismo”, diz o economista-chefe da Ativa. “O apoio de parte relevante dos votantes de Bolsonaro às reivindicações em frente de quartéis deve se diluir em repúdio aos atos em Brasília.”

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Invasão deixa ‘foto’ do Brasil ‘mais feia’

A ação, além de enfraquecer a direita, deve fortalecer o governo de esquerda pela justificativa de que foi uma “vítima de um ataque à sua autoridade de direito” no domingo. “Ao longo do dia de hoje ocorrerão encontros entre líderes dos 3 poderes para encontrar um caminho comum para fortalecimento da segurança, visto que institucionalmente o Brasil não é depredado pelos danos causados à seus prédios”, conclui Sanchez.

lan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, acredita que a palavra para o pregão de hoje da bolsa de valores pós-invasão dos poderes em Brasília será “cautela e não pânico”.

O especialista lembra que, posteriormente à invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em janeiro de 2022, as ações norte-americanas subiram na bolsa. Mas o contexto brasileiro, e mundial, é diferente.

“Não espero isso por aqui porque as situações têm suas diferenças, o que ocorreu aqui é realmente negativo do ponto de vista da instabilidade política e o fato de estarmos num momento delicado para ‘equity’ no mundo todo e sermos uma economia emergente e dependente do capital estrangeiro”, pontua Albertman, destacando a eminente recessão na economia americana e dificuldades atravessadas pela China como motivo para “continuar pesando pra nossa bolsa”.

Por alavancar a instabilidade política, os atos golpistas de ontem “contribuem para a nossa foto ficar mais feia perante o mundo”.

“A priori, o evento realça a percepção de risco, mas não interfere na capacidade de geração de recursos por parte das empresas da Bolsa. Assim, devemos ter um efeito negativo, porém de durabilidade limitada”, afirma o analista da Ativa.

Moraes afasta governador do DF

Após a conclusão dos atos violentos nos Três Poderes na noite de domingo, cerca de 400 pessoas foram presas em decorrência da invasão. O presidente Lula foi ao local avaliar os danos patrimoniais provocado pelos golpistas. Ele se reuniu com a presidente do STF, Rosa Weber.

Na madrugada desta segunda, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por conivência com os atos antidemocráticos. Além disso, Moraes determinou a prisão em flagrante de todos que participaram da invasão aos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e STF.

Por fim, Moraes determinou a extinção de todos os acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis-generais (QGs) do Exército de cidades por todo o Brasil, no prazo de 24 horas.

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