Analistas divergem sobre Arcabouço Fiscal e colocam arrecadação e promessa de superávit no centro do debate

Veja o que analistas comentaram sobre a regra fiscal, apresentada nesta quinta (30)

Apresentação da nova regra fiscal coloca ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no centro das atenções  do mercado nesta quinta, 30 de março
Apresentação da nova regra fiscal coloca ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no centro das atenções do mercado nesta quinta, 30 de março

O novo Arcabouço Fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (30) foi vista como positiva por analistas do mercado, que destacaram a semelhança com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que geriu as metas dos governos Lula 1 e 2.

Além disso, os especialistas ressaltam a promessa de aumento da arrecadação sem novos atributos ou aumento de alíquotas. Para tanto, o governo prometeu reduzir ou acabar com benefícios fiscais a alguns setores, sem mencionar quais, e fechar o cerco contra a sonegação.

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‘LRF 2.0’ pode aumentar justiça tributária sem subir impostos

“Pelo comunicado, fica claro que a busca será pelo superávit primário, criando uma razão menor de crescimento entre receita e despesa,” diz o economista André Perfeito, que chamou o novo Arcabouço Fiscal de LRF 2.0, mencionando a lei de responsabilidade fiscal que vigorou após o Plano Real.

A promessa de não aumentar a carga tributária, feita pelo ministro, é plausível dentro do plano apresentado pelo governo, “mas fica também evidente que se buscará aumentar a arrecadação buscando quem não paga impostos ou que está sonegando”, completa Perfeito.

“Isso não é pouca coisa, a distorção tributária no país é gigantesca e a base tributária é um verdadeiro amontoado de ‘puxadinhos’ que buscou ao longo do ano dar escapes às tensões econômicas e políticas”, acrescenta.

O analista diz que o plano apresentado “tem a virtude” de não precisar de aumento da tributação para funcionar e chama de “inteligente” a busca por justiça tributária, “uma vez que o ajuste se dará não aumentando as alíquotas ou criando novos impostos, mas antes trazendo para o Fisco setores que estavam ou favorecidos ou completamente fora.

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Impacto positivo no mercado

A expectativa é que os investidores recebam bem a nova proposta, segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “A sensação é que (o arcabouço) não é algo frágil e que se for perseguido e cumprido, mesmo com a banda, deve estabilizar (a dívida) nos próximos anos”, avalia.

“Foi uma reforma boa que o mercado gostaria e deve estabilizar (o mercado) para criar novos parâmetros a longo prazo”, acrescenta.

Ele destacou ainda que a flexibilização das metas por meio de regime de bandas, dependendo do momento, devem “seguram um pouco as despesas” sem impactar demasiadamente as receitas. “Tem um ponto para ficar acompanhando que é o aumento da arrecadação e fiscalização. Ele mencionou (a tributação) dos jogos de azar. Acho que isso é um ponto interessante. Tem caminho para fazer isso”.

Proposta ‘razoável’, mas com desafios

O novo arcabouço foi considerado “razoável” pelo economista-chefe Gustavo Sung, da Suno Research, com regras claras e mecanismos de correção.

Mas, ainda estamos céticos com relação ao cumprimento das metas para o resultado primário – 0%, para 2024 – superávit de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026. “Esse será um grande desafio para o governo”, avalia.

Como principal crítica, Sung diz que o ministro ressaltou o plano para melhorar a arrecadação do governo nos próximos anos. “Porém, o grande problema do país está do lado da qualidade das despesas, algo que não foi muito tratado na entrevista”, avalia.

Elementos mistos

A proposta da nova regra fiscal anunciada por Haddad trouxe “elementos mistos”, segundo analistas da Guide, que destacaram o piso para o crescimento dos gastos como “um ponto preocupante”.

Os analistas da Guide dizem ainda que imposição de bandas para as projeções de trajetória futura do resultado primário são mais importantes que a imposição de bandas e que as metas de déficit e superávit são um objetivo “bem ambicioso”.

“E parece que esse é o ponto essencial para o mercado. Desde ontem (29), quando essa informação sobre a regra vazou, os ativos domésticos já passaram a reagir positivamente”, avaliam os analistas.

A nova regra fiscal

O crescimento anual das despesas fica restrito a 70% da variação da receita primária dos últimos 12 meses. A proposta prevê ainda que o atual teto de gastos passe a ter banda com crescimento real da despesa primária entre 0,6% a 2,5% a.a. Na nova regra, FUNDEB e piso da enfermagem ficam excluídos dos limites, o que já está vigente.

“Se os esforços do Governo de aumento de receitas e redução de despesas resultarem em primário abaixo da banda, obriga redução do crescimento de despesas para 50% do crescimento da receita no exercício seguinte”, diz o texto apresentado pelo governo nesta quinta.

Investimentos

Resultado primário acima do teto da banda permite a utilização do excedente para investimentos Além de um teto, os investimentos também terão um piso, segundo a proposta.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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