Aperto monetário mais intenso? Veja o que esperar da ata do Fed

Documento tem muito peso para os mercados

Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly
Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly

A ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve de julho será divulgada nesta quarta-feira. Embora não se esperem grandes revelações, é um documento que tem muito peso para os mercados e deve ser lido com lupa.

Na reunião do dia 27 de julho, o Fed elevou os juros em 0,75 ponto percentual e em suas observações o presidente do banco central americano, Jerome Powell, disse que poderia repetir a dose em setembro. A expectativa é de que a ata revele que, naquele momento, havia uma maior tendência para uma terceira alta de 0,75 ponto percentual em setembro já que a reunião foi feita antes da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, que mostrou uma ligeira desaceleração da pressão de custos. Ademais, houve nova contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, que elevou os temores de uma recessão.

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Porém, ao mesmo tempo, Powell disse também que à medida que o aperto monetário se torna mais intenso, seria apropriado desacelerar o ritmo dos aumentos em alguma reunião futura. Nesse sentido, a ata deve mostrar que o Comitê discutiu as opções de alta de 0,50 ponto e de 0,75 ponto percentual para setembro. Conforme dito na coletiva de imprensa que se seguiu ao anúncio dos juros, que as decisões iriam ser tomadas caso a caso, a mudança do cenário de inflação deve fazer com que a decisão de setembro penda mais para uma alta de 0,50 ponto, a depender dos indicadores que ainda serão divulgados até lá.

Nesse sentido, o discurso de Powell na conferência anual do Fed em Jackson Hole, no fim da semana que vem, deve dar mais indicações do caminho a seguir, pois até lá novos indicadores de mercado de trabalho e inflação serão divulgados, com a ata ficando um pouco obsoleta.

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Para Ben Snider, economista do Goldman Sachs, outros canais de comunicação, em vez da ata, devem ser melhores condutores dos sinais do Fed sobre a próxima reunião de política monetária. Um desses canais seria a conferência de Jackson Hole. Mesmo assim, dados importantes como o “payroll”, o relatório de empregos americano, e CPI de agosto serão divulgados depois da conferência.

O economista do Goldman também ressalta, em relatório, que a ata deve mostrar uma maior dispersão de visão sobre o caminho a seguir. Nos últimos meses houve um forte consenso entre os membros do Fomc que a política monetária deveria seguir em direção ao juro neutro e depois em território restritivo.

“Os juros estavam tão baixos que era difícil argumentar contra um ritmo mais agressivo de altas”, diz o Goldman Sachs.

Agora que os juros estão em 2,5%, já em território potencialmente neutro, o caminho a ser trilhado pode levar a uma maior divergência entre as autoridades do banco central, embora a prioridade número um deva continuar sendo o combate à inflação.

Considerando, por exemplo, os comentários feitos pelos “Fed boys” depois da reunião de julho, dois grupos de opiniões parecem estar se formando, com a presidente regional do Fed de San Francisco, Mary Daly, e o de Chicago, Charles Evans, de um lado, preferindo uma alta de 0,50 ponto em setembro. Outros, como o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, e os conselheiros Michelle Bowman e Christopher Waller apostando em avanços mais agressivos. Isso já pode aparecer no documento.

A ata também poderá trazer uma atualização na discussão sobre a redução do balanço de ativos do Fed, que entra em seu período de ritmo mais acelerado em setembro. O Goldman Sachs lembra que, na última coletiva, Powell disse que a redução do balanço iria durar de dois a dois anos e meio, um período menor que os três anos mencionados por ele em abril.

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