12% dos investidores no mundo têm criptomoedas, estima pesquisa nos EUA

Em um dos poucos estudos auditáveis do setor, pesquisa da Universidade de Chicago diz que 12% dos investidores mantêm a moeda virtual na carteira

Foto ilustra uma moeda de bitcoin - Foto: Aleksi Räisä / Unsplash
Foto ilustra uma moeda de bitcoin - Foto: Aleksi Räisä / Unsplash

Embora a cotação do bitcoin tenha despencado cerca de 60% nos últimos 18 meses, em um período marcado pela falência de uma série de moedas e de grandes empresas, como a FTX, de Sam Bankman-Fried, um fato curioso tem chamado a atenção dos analistas. O número de investidores que ingressam e que mantém suas posições compradas da moeda virtual continua a crescer.

O que era uma até uma percepção dos profissionais do ramo, recentemente ganhou contorno científicos. O professor de finanças da Universidade de Chicago, Michael Weber, conseguiu uma tarefa difícil, que é trazer números auditáveis sobre esse setor. Ele publicou um levantamento em que afirma que, desde 2018, a posse de criptomoedas passou de 2% da população de investidores pelo mundo para 12%.

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O estudo foi finalizado em dezembro de 2022 e divulgado na última semana de maio pela Universidade de Chicago e está disponível neste link. No material, o pesquisador descreve os resultados de pesquisas repetidas com um painel de entrevistados nos últimos cinco anos. São, portanto, estimativas do que seria o número total de investidores.

Como o investidor é descrito na pesquisa

O investidor que mantém a posse do bitcoin é descrito pelo especialista da Universidade de Chicago como o aplicador que, no mercado acionário, adota a estratégia do buy and hold, que consiste em estudar os fundamentos do ativos para comprá-lo e segurar a posição mesmo em momentos de forte de oscilação.

“A maioria das pessoas tinha pouco conhecimento sobre o que eram as criptomoedas”, disse Weber, “mas, à medida que mais e mais pessoas se informaram, a parcela investindo pelo menos parte de sua riqueza em criptomoedas continuou a crescer, apesar do desempenho ruim dos ativos.”

Outra pesquisa mostra parcela interessada

Uma outra pesquisa, da Pew Research Center, descobriu em abril que 17% dos entrevistados já tinham investido, negociado ou usado uma criptomoeda. Desses, 16% entraram no mundo das criptomoedas no último ano, à medida que os preços dos ativos caíram acentuadamente.

O universo das criptomoedas é vasto. Na pesquisa de Weber, cerca de 70% dos investidores em criptomoedas relataram possuir alguma economia aplicada em bitcoin, a criptomoeda mais popular, enquanto 40% disseram possuir Ethereum e 40% são donos da memecoin de Elan Musk.

Setor carece de dados

Dados sobre a posse de criptomoedas têm sido difíceis de se obter, por isso, muitas vezes eles são estimados por meio de cálculos falhos de capitalização de mercado – cálculos simples da oferta de vários projetos de criptomoedas multiplicados pelo seu último preço de mercado. O bitcoin, por exemplo, tem valor de mercado de US$ 2,4 trilhões, segundo essa métrica.

Mas os dados não revelam nada sobre o número de investidores que possuem criptomoedas ou a resiliência de seu portfólio. Não existe, por exemplo, uma câmara de compensação central ou um órgão regulador que rastreie a extensão da posse, como acontece com as ações.

Outros relatórios, como um do JPMorgan Chase, também encontraram algo em torno de 12 a 15% de investidores com criptomoedas na carteira.

O relatório do JPMorgan em dezembro, baseado em seus dados bancários, mostra que as pessoas continuam transferindo mais dinheiro para criptomoedas do que retirando delas.

Febre das criptomoedas: Vale a pena embarcar nessa? | Papo de Finanças | Inteligência Financeira

No artigo de Michael Weber, da Universidade de Chicago, o pesquisador brinca com o fato do investimento ser mais ligado aos jovens no título: “Você também usa cripto, cara? Criptomoedas nas Finanças Domésticas”.

O material relata que 38% dos homens investidores entre 20 e 40 anos possuem ou já possuíram criptomoedas, em comparação com 16% das mulheres nessa faixa etária, e 17% dos homens entre 41 e 60 anos, em comparação com 9% das mulheres.

Apenas 5% dos homens e 3% das mulheres acima de 60 anos relataram possuir o ativo.

Mas pesquisas podem subestimar a posse damoeda virtual. Por exemplo, a Chainalysis, uma empresa especializada em rastreamento de criptomedas por blockchain, estima que US$ 20,1 bilhões em transações em 2022 foram ilícitas, em marketplaces da dark web para bens ilegais ou por hackers que criptografam arquivos de computador e exigem resgate pago em criptomoedas para desbloqueá-los.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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