Mercado hoje: Ibovespa fecha em queda após falas de Powell e Lula; dólar fecha em R$ 5,19

Críticas de Lula e de integrantes do governo ao BC ficaram no foco do mercado

Painel mostra desempenho de ações na B3. Foto: Cris Faga/NurPhoto/Reuters
Painel mostra desempenho de ações na B3. Foto: Cris Faga/NurPhoto/Reuters

No campo negativo desde os primeiros negócios desta terça-feira (7), a bolsa brasileira fechou em queda de 0,82% (pós-ajuste) aos 107,8 mil pontos, após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento do Clube Econômico de Washington. O presidente do BC americano reafirmou que os juros no país precisarão subir mais no atual ciclo de aperto monetário.

Para Powell, a inflação deve cair este ano mas só chegar perto de 2% em 2024, e por isso seria necessário manter a política monetária restritiva. A fala de hoje contraria expectativas de parte dos agentes financeiro de que o Fed poderia parar de subir os juros ou até mesmo iniciar um ciclo de cortes ainda em 2023.

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O dólar fechou em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,199.

No mercado de commodities, o Petróleo Brent com entrega em abril fechou em alta de 3,33%, a US$ 83,69 por barril, mas isso não foi suficiente para uma nova alta das ações da Petrobras, que caíram 0,60% (PETR4) e 0,35% (PETR3) após a companhia anunciar corte no preço dos combustíveis.

A sessão de hoje já era marcada pela cautela, em meio à atenção dos investidores ao desalinhamento entre o governo Lula e o Banco Central.

Pela manhã, a autoridade monetária divulgou a ata da última reunião do Copom, em que os integrantes do comitê reforçaram a preocupação com o âmbito fiscal, com a desancoragem das expectativas de inflação e mantiveram o tom duro já apresentado no comunicado de semana passada.

Na avaliação da economista-chefe da Armor Capital, Andréa Damico, o Copom tentou fazer acenos ao Ministério da Fazenda, ao mesmo tempo em que não deixou de colocar os pontos que avalia como corretos.

“O BC tentou, de alguma forma, fazer um gesto, mas sem perder a independência, especialmente nos trechos em que cita o pacote de medidas do Ministério da Fazenda e que, de forma explícita, coloca que o plano contribui para uma redução do risco fiscal”, diz

Além das citações ao pacote de medidas anunciado pela Fazenda, Damico vê outra tentativa de aceno do BC para o novo governo, mas de forma indireta, nas indicações sobre o nível da taxa de juros neutra.

“Ele explicita que continua a trabalhar com um juro neutro de 4% em termos reais. Não é comum o BC fazer isso em atas, ele geralmente deixa para comentar sobre o juro de equilíbrio nos Relatórios de Inflação. Fazer isso na ata é importante. É uma forma de dizer que ainda está usando o juro neutro que vigorou em boa parte do ano passado, mesmo com a mudança de governo. Também é um aceno.”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também disse que a ata foi “melhor do que o comunicado”, considerando o documento divulgado hoje “mais amigável”.

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