Demissões na Meta animam mercado, mas podem prejudicar operações pelo mundo

Segundo a controladora do Facebook, os cortes vão afetar todas as áreas e operações ao redor do mundo, incluindo o Brasil

Mark Zuckerberg, fundador da Meta. Foto: Wikimedia Commons
Mark Zuckerberg, fundador da Meta. Foto: Wikimedia Commons

A Meta (META), controladora do Facebook e do Instagram, anunciou nesta quarta-feira (9) uma reestruturação global que vai causar a demissão de 11 mil funcionários, o equivalente a 13% da força de trabalho da empresa.

A reestruturação foi bem recebida pelo mercado. Por volta das 13h30, as ações da Meta negociadas na Nasdaq, em Nova York, tinham alta de 7,71%, cotadas em US$ 103,91.

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No ano, os papéis acumulam desvalorização de 69,2% e chegaram a ter queda maior que 25% no dia da divulgação do seu último balanço, em decorrência da desaceleração no crescimento das receitas.

Junto com o anúncio das demissões, a Meta também revisou estimativas para 2023, reduzindo projeção de despesas da faixa entre US$ 96 bilhões a US$ 101 bilhões para US$ 94 bilhões a US$ 100 bilhões e a de investimentos de US$ 34 bilhões a US$ 39 bilhões para US$ 34 bilhões a US$ 37 bilhões, como resultado do processo de reestruturação iniciado hoje.

“Acreditamos que a pressão do mercado finalmente fez a direção da Meta perceber que disciplina era necessário”, escrevem os analistas Thiago Alves Kapulskis e Cristian Faria, do Itaú BBA, em relatório. Eles afirmam que as decisões de hoje tomadas pela companhia são um sinal que o pior nos preços das ações pode ter ficado para trás em termos da desaceleração econômica.

Em outubro, Brad Gerstner, diretor-presidente da Altimeter Capital, que detém participação minoritária na Meta, escreveu uma carta ao conselho de administração da companhia pedindo uma redução no tamanho da força de trabalho da empresa e também revisão nos investimentos no metaverso.

“A Meta caiu em um mundo de excessos, muitos funcionários, muitas ideias e pouca urgência”, disparou.

As maiores empresas de tecnologia do mundo, as chamadas “Big Techs”, enfrentam um cenário macroeconômico desafiador com a disparada dos juros nos Estados Unidos para conter a inflação.

Além da Meta, a Alphabet — dona do Google —, Snap, Pinterest, entre outras, divulgaram nos seus balanços uma queda nas receitas de anúncios online, com empresas investindo menos e usuários clicando menos em links.

Impactos operacionais

Segundo a controladora do Facebook, os cortes vão afetar todas as áreas e regiões geográficas onde atua. Mas os efeitos da decisão, em decorrência da desaceleração no crescimento das receitas, ainda são incertos na operação da companhia no Brasil.

Em carta enviada aos funcionários na manhã desta quarta-feira, o diretor-presidente da Meta, Mark Zuckerberg, assumiu a culpa pelas demissões, afirmando que vão acontecer por conta de estimativas erradas por parte da empresa nas perspectivas de crescimento na venda de anúncios on-line.

Esse cenário faz com que a empresa precise ser mais eficiente em alocação de capital.

“Não apenas o comércio on-line voltou a suas tendências anteriores, mas a desaceleração macroeconômica, o aumento da competição e a perda de sinais na publicidade têm feito nossa receita ser muito menor do que eu esperava”, escreveu o fundador da Meta.

A empresa prevê a reestruturação de equipes para alocar recursos em áreas de crescimento prioritária.

De acordo com o último balanço divulgado pela Meta, no fim de outubro, a companhia tinha 87.314 funcionários ao redor do mundo, um crescimento de 28% na comparação com o terceiro trimestre de 2021.

Mas ao contrário do que aconteceu no Twitter no início da semana, quando o empresário Elon Musk demitiu sumariamente cerca de metade dos 7,5 mil funcionários da empresa, a Meta planeja realizar as demissões de forma controlada.

Por conta disso, fontes ouvidas pelo Valor afirmam que ainda não é possível calcular o impacto que a decisão terá na força de trabalho aqui no país.

Reorganização no Brasil

O que já dá para saber é que a empresa pretende devolver os andares que ocupa desde 2012 na Infinity Tower, torre localizada no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, que também tem como locatários os bancos Goldman Sachs e Credit Suisse, dizem as fontes.

No entanto, a decisão não é ligada aos cortes de hoje e sim à reorganização de escritórios anunciada em outubro.

As fontes destacam que desde janeiro, a Meta tornou sua sede no Brasil os escritórios localizados no B32, localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, já adaptando os espaços para a nova realidade de trabalho híbrido e compartilhamento de mesas, dentro das iniciativas de otimização de despesas com imóveis que a dona do Facebook adota ao redor do mundo.

“Anunciamos em outubro que estamos implementando o compartilhamento de mesas de trabalho, permitindo que as pessoas tenham mais flexibilidade, ao mesmo tempo em que revigoramos nosso ambiente de trabalho”, diz a Meta, em nota.

“Para manter uma utilização eficiente dos espaços, também estamos otimizando a ocupação de nossos escritórios em alguns locais, incluindo São Paulo.

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