Conheça as ações preferidas do Itaú BBA no setor de agronegócio

Banco tem uma visão de longo prazo otimista para os papéis
Pontos-chave:
  • Alta disponibilidade de terras ajuda a melhorar a posição competitiva do agro
  • Já os avanços tecnológicos permitem o aumento da produtividade do setor

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (21), o Itaú BBA informou ter iniciado a cobertura do setor de agronegócio na Bolsa e listou as ações preferidas. Segundo o banco, o acompanhamento é justificado por uma “visão de longo prazo estruturalmente otimista, com vias de crescimento para todas as empresas de nosso escopo”.

“Se você é brasileiro, provavelmente já ouviu que ‘o Brasil é a fazenda do mundo’. De fato, nas últimas duas décadas, a produção brasileira de soja, milho e os volumes moídos de cana-de-açúcar aumentaram significativamente, levando o país à liderança na exportação mundial de soja e açúcar e o segundo maior exportador de milho e etanol”, destaca o time de analistas responsável pela área. “Esperamos que a posição competitiva continue a melhorar, ajudada pela alta disponibilidade de terras e outros avanços tecnológicos que permitem o aumento da produtividade”, acrescenta a equipe.

No texto, os especialistas do Itaú BBA admitem que os preços das commodities “são intrinsecamente voláteis e estão correlacionados com o desempenho do preço das ações das empresas no curto prazo”. “Nesse sentido, encontramos propostas de risco-retorno mais atraentes à SLC Agrícola, que é a nossa empresa preferida no setor”, apontam. “Também preferimos Rumo a Hidrovias e Raízen a São Martinho”, completam.

Veja como o Itaú BBA explica suas escolhas no agro

Raízen (RAIZ4)

“Iniciamos a cobertura da RAIZ4 com recomendação de ‘compra’ e preço-alvo de R$ 7,00 ao fim de 2022. Do lado do açúcar, gostamos da história de recuperação de produtividade do canavial da empresa, levando a uma maior utilização de capacidade de suas usinas; do lado da distribuição de combustíveis, gostamos da resiliência dessa linha de negócios. Além disso, vale lembrar que a Raízen é maior do que a soma de suas partes, uma vez que sua estrutura de comercialização tem crescido cada vez mais, alavancando os resultados tanto da produção sucroalcooleira quanto da distribuição de combustíveis.

Vale ressaltar que nosso preço-alvo não leva em conta o plano agressivo da Raízen de expandir suas usinas de etanol de segunda geração (E2G), uma vez que o mercado ainda segue um pouco cético sobre tal projeto. Por fim, destacamos que um dos principais riscos de curto prazo para as empresas sucroalcooleiras no Brasil são os desdobramentos em relação à redução do ICMS sobre combustíveis, que podem vir a prejudicar os preços do etanol devido à relação de paridade com a gasolina.”

SLC Agrícola (SLCE3)

“Com recomendação de ‘compra’ e preço-alvo de R$ 55 ao fim de 2022, a ação SLCE3 é a preferida da nossa cobertura, com potencial de valorização de 30% em relação ao fechamento de quarta-feira. Entendemos que a dinâmica de oferta e demanda ainda apertada para algodão, soja e milho, deve ajudar a manter os preços dessas commodities em níveis saudáveis. Assim, vemos uma forte geração de caixa para a SLC a partir da safra 2022/2023, tornando o nome uma boa proteção diante da potencial volatilidade associada à eleição presidencial no segundo semestre. Além disso, vemos que a ação está em ponto de entrada interessante, depois de recuar 35% nos últimos 45 dias, após a empresa revisar para baixo suas estimativas de produtividade para a safra 2021/2022.”

Rumo (RAIL3)

“Temos recomendação de ‘compra’ para RAIL3, mas reduzimos o preço-alvo para R$ 22,00 ao fim de 2022. Esta redução reflete, sobretudo, o recente aumento nas taxas de longo prazo no Brasil (e consequentemente maior custo de capital). Apesar disso, o papel ainda possui potencial de valorização de 37%. Estruturalmente, achamos interessante a exposição da Rumo às tendências de crescimento do agronegócio brasileiro (principalmente no Mato Grosso). No curto prazo, esperamos que a empresa consiga aumentar as tarifas, após um ambiente de negociação difícil para as tarifas no primeiro semestre. Além disso, esperamos que a Rumo se beneficie do início das cobranças de pedágio na BR-163 até o final do ano. Do lado negativo, destaque para a geração limitada de caixa no médio prazo, mas isso acontece devido a um plano de investimento pesado.”

São Martinho (SMTO3)

“Nossa recomendação é de ‘compra’ para SMTO3, com preço-alvo de R$ 45,00 para o fim de 2022. Vale lembrar que houve uma correção em torno de 30% no preço das ações nos últimos 45 dias, compensando parcialmente uma valorização de 50% desde janeiro até maio. Nesse sentido, vemos um potencial de valorização atrativo de 24%, e acreditamos que a São Martinho oferece uma proposta de risco-retorno atraente nos níveis atuais. Do lado positivo, estamos confortáveis com a perspectiva de preços do açúcar ainda sólidos durante a safra global 2022/2023 (safra 2023/2024 no Brasil). Além disso, acreditamos que a nova planta de etanol de milho da empresa (com início das operações previsto para o quarto trimestre) ainda não foi integralmente precificada pelo mercado. Para 2022, vemos as ações sendo negociadas a 4,6 vezes o valor da empresa relação ao resultado operacional (EV/Ebitda), um valor baixo comparado ao múltiplo histórico de 5,5 vezes, tornando o papel atraente.”

Boa Safra Sementes (SOJA3)

“Reduzimos nossa recomendação para SOJA3 de ‘compra’ para neutra (desempenho em linha com a média do mercado), com um novo preço-alvo R$ 12 ao fim de 2022, o que representa potencial de valorização de 13%. Gostamos dos planos de expansão da Boa Safra, que visam praticamente dobrar a capacidade de produção da empresa nos próximos anos. Além disso, acreditamos que a Boa Safra pode ser uma empresa importante na potencial consolidação do mercado brasileiro de sementes, que ainda é altamente fragmentado. No entanto, vemos catalisadores de curto prazo limitados para a história e acreditamos que as baixas barreiras de entrada em um setor com alto retorno podem representar uma ameaça competitiva para a empresa. Além disso, os baixos níveis de liquidez da ação (volume médio negociado diariamente de R$ 6 milhões) também podem limitar o interesse dos investidores por enquanto.”

Hidrovias do Brasil (HBSA3)

“Rebaixamos nossa recomendação de HBSA3 para neutra, com um novo preço-alvo de R$ 2,50 ao fim de 2022, o que representa um potencial de alta de 17%. Do lado positivo, destacamos o espaço significativo para melhora de resultados na comparação anual, após desempenho operacional abaixo do esperado em 2021, e a característica defensiva do negócio, dada a proporção significativa de contratos ‘garantidos’ (take-or-pay) e denominados em dólares (que representam juntos cerca 60% do resultado operacional). Neste contexto, acreditamos que a concorrência pode se tornar mais acirrada à frente: no curto prazo, destacamos a cobrança de pedágio na BR-163 e no médio prazo, teremos a ferrovia da Rumo até Lucas do Rio Verde.”