Credit Suisse tenta acalmar nervosismo do mercado

Mercado questiona capitalização e solidez financeira do banco suíço

Ulrich Körner, CEO do Credit Suisse: memorando para tentar tranquilizar funcionários — Foto: Divulgação
Ulrich Körner, CEO do Credit Suisse: memorando para tentar tranquilizar funcionários — Foto: Divulgação

Executivos do primeiro escalão do Credit Suisse passaram o fim de semana tentando tranquilizar grandes clientes, contrapartes e investidores sobre as posições de capital e liquidez do banco suíço, em resposta às preocupações sendo levantadas sobre sua solidez financeira.

Os executivos correram para os telefones depois de os “spreads” dos swaps de crédito, contratos de derivativos usados como proteção contra calotes, do banco terem apresentado forte alta na sexta-feira (30), indicando a preocupação dos investidores com a saúde financeira do Credit Suisse.

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“As equipes estão se ocupando ativamente com nossos principais clientes e contrapartes neste fim de semana”, disse um executivo do Credit Suisse envolvido nas conversas. “Também estamos recebendo ligações de nossos principais investidores com mensagens de apoio.”

O que está acontecendo com o Credit Suisse

O executivo negou a informação publicada em recentes artigos na imprensa de que o banco teria abordado formalmente investidores sobre a possibilidade de levantar mais capital, e frisou que o banco procura justamente evitar isso, já que o preço de suas ações ronda os piores patamares históricos e os custos de captação aumentaram após rebaixamentos na classificação de crédito.

Depois de ter visto o preço das ações do banco perder mais de 25% do valor em setembro, para uma cotação abaixo dos 4 francos suíços (menos de US$ 4), o executivo-chefe do Credit Suisse, Ulrich Körner, enviou na sexta-feira um memorando para toda a empresa tentando tranquilizar os funcionários sobre sua posição de capital e liquidez.

O memorando também chegou depois de um forte aumento nos swaps de crédito, que funcionam como um termômetro do sentimento dos investidores em relação ao risco, e que nas últimas duas semanas deram um salto de mais de 50 pontos-base, atingindo 250 pontos-base na sexta-feira.

Preocupação com a solidez financeira do banco

No domingo (2), outra mensagem foi enviada aos executivos do Credit Suisse informando sobre os tópicos a ser discutidos com os clientes, após os rumores sobre a força financeira do banco nas redes sociais: “Um ponto de preocupação para muitas das partes envolvidas, inclusive nas especulações da mídia, continua ser nossa capitalização e solidez financeira”.

“Nossa posição quanto a isso é clara. O Credit Suisse tem uma posição de capital e de liquidez e um balanço patrimonial fortes. As variações no preço das ações não mudam esse fato.”

Um alto executivo de uma empresa que foi abordada pelo Credit Suisse disse ser da opinião de que se trata do “pior grande banco da Europa”, mas que a instituição não corre risco imediato.

“Não estamos tendo reuniões sobre esse tópico”, disse. “Não acho que seja uma crise.” A desvalorização das ações do banco é reflexo de seus profundos problemas e da falta de qualquer solução óbvia, disse o executivo.

Investidores receiam pela quantidade de passivos

Embora a unidade local do banco na Suíça seja altamente lucrativa e a sua área de gestão de fortunas ainda tenha uma marca forte, investidores e compradores em potencial receiam que o braço de banco de investimento possa ter ocultado passivos elevados.

Em 27 de outubro, Körner e o conselho de administração, presidido por Axel Lehmann, um ex-executivo do UBS, devem apresentar um plano para reestruturar as atividades do banco, atendendo às preocupações dos investidores, e divulgar o balanço do terceiro trimestre.

Em setembro, analistas do Deutsche Bank estimaram que a reestruturação deixaria um buraco de 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,05 bilhões) na posição de capital do Credit Suisse. “Estaremos nos desfazendo e vendendo ativos suficientes para financiar essa forte reorientação que pretendemos alcançar rumo a um negócio estável”, disse o executivo sênior do banco envolvido nas ligações aos investidores.

O Credit Suisse não quis comentar as informações.

Körner, que foi chefe do negócio de gestão de ativos do Credit Suisse, foi nomeado executivo-chefe neste verão europeu com as missões de encolher a área de banco de investimento e de reduzir custos — medidas que provavelmente resultarão em milhares de cortes de empregos.

O plano mais recente do conselho de administração é dividir o banco de investimento em três e ressuscitar um “banco ruim”, contendo ativos de alto risco e unidades que pretende vender, segundo notícia do “Financial Times”.

“Sem dúvida, entre agora e o fim de outubro, haverá mais barulho [sobre o assunto] nos mercados e na imprensa”, escreveu Körner na sexta-feira. “Tudo o que posso lhes dizer é para permanecerem disciplinados e ficarem mais próximos do que nunca de seus clientes e colegas.”

A incerteza sobre o futuro da instituição já levou a várias saídas de executivos. Jens Welter, que havia sido codiretor do setor bancário global, é o mais recente nome de destaque a sair, já tendo acertado sua entrada no Citigroup.

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