Credit Suisse enfrenta crise de confiança no mercado

Ações vão às mínimas e contratos de proteção contra calote sobem enquanto plano de recuperação não vem

Sede do banco de investimentos Credit Suisse, em Zurique - Foto: Divulgação/Credit Suisse
Sede do banco de investimentos Credit Suisse, em Zurique - Foto: Divulgação/Credit Suisse

O novo presidente-executivo do banco de investimentos suíço Credit Suisse pediu aos investidores menos de cem dias para apresentar uma nova estratégia de recuperação do banco. A turbulência nos mercados tem feito esse prazo parecer longo.

O custo da proteção dos bônus da instituição contra um default aumentou 15% na semana passada, chegando a níveis não vistos desde 2009, enquanto as ações tocaram um novo recorde de queda (fecharam a sexta a US$ 3,92 na bolsa de Nova York).

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Na sexta-feira, o CEO, Ulrich Koerner, reafirmou que o banco tem uma “forte base de capital e posição de liquidez” e disse aos funcionários que fará atualizações regulares até que a instituição anuncie um novo plano estratégico, em 27 de outubro.

Koerner, nomeado executivo-chefe no fim de julho, tem tido que lidar com especulações de mercado, saídas de executivos e dúvidas sobre o capital enquanto tenta estabelecer um caminho para o problemático banco suíço.

O Credit Suisse está atualmente finalizando planos que provavelmente levarão a mudanças radicais em seu banco de investimento e podem incluir o corte de milhares de empregos ao longo de vários anos, segundo a Bloomberg. Koerner divulgou um comunicado pela segunda sexta consecutiva, à medida que a especulação sobre o futuro do combalido banco aumenta.

Analistas da KBW estimaram que a instituição pode precisar levantar 4 bilhões de francos suíços (US$ 4 bilhões) de capital, mesmo depois de vender alguns ativos para financiar qualquer reestruturação, de esforços de crescimento e outros fatores. A capitalização de mercado do Credit Suisse caiu para cerca de 10 bilhões de francos suíços (US$ 10,1 bilhões), o que significa que qualquer venda de ações seria altamente diluidora para os detentores de longa data dos papéis.

O valor de mercado estava acima de 30 bilhões de francos em março de 2021. Executivos do Credit Suisse observaram que o índice de capital de nível 1 de 13,5% ostentado pelo banco em 30 de junho estava no meio do intervalo planejado de 13% a 14% para 2022. O relatório anual de 2021 da firma indicou que seu índice mínimo regulatório internacional era de 8%, enquanto as autoridades suíças exigiam um nível mais alto, de cerca de 10%.

O preço dos contratos de swap para proteção contra calotes (CDS, na sigla em inglês) com prazo de cinco anos do Credit Suisse, de cerca de 250 pontos-base, subiu em relação aos cerca de 55 pontos-base apresentados no início do ano e está próximo do maior nível já registrado. Embora esses níveis ainda estejam longe de serem problemáticos e estejam relacionados ao amplo momento de vendas nos mercados, eles mostram a deterioração das percepções de credibilidade do banco, atingido por uma série de escândalos, no ambiente atual.

Os analistas do KBW foram os últimos a fazer comparações com a crise de confiança que abalou o Deutsche Bank há seis anos. Então, o banco alemão enfrentava amplos questionamentos sobre sua estratégia, bem como preocupações de curto prazo sobre o custo de um acordo para encerrar uma investigação dos EUA relacionada a títulos lastreados em hipotecas.

O Deutsche Bank viu seu CDS subir, seu rating de dívida ser rebaixado e alguns clientes desistirem de trabalhar com ele. O estresse arrefeceu depois de vários meses, na medida em que a instituição alemã levantou cerca de 8 bilhões de euros de capital novo e anunciou uma reformulação da estratégia. Ainda assim, o que o banco chamou de “círculo vicioso” de receita em declínio e custos de captação crescentes levou anos para ser revertido.

Existem diferenças entre as duas situações. O Credit Suisse não enfrenta nenhum problema na escala do acordo de US$ 7,2 bilhões do Deutsche Bank, e seu índice de capital (de nível 1) de 13,5% é superior aos 10,8% que o banco alemão tinha seis anos atrás. O estresse que o Deutsche Bank enfrentou em 2016 resultou numa dinâmica inusitada, em que o custo do seguro contra perdas na dívida do banco por um ano superou o da proteção por cinco anos. Os swaps de um ano do Credit Suisse ainda são significativamente mais baratos que os de cinco anos.

Na semana passada, o Credit Suisse disse que estava trabalhando em possíveis vendas de ativos e negócios como parte de seu plano estratégico, que será revelado no fim de outubro. O banco explora acordos para vender sua unidade de negociação de produtos securitizados, avalia a venda de suas operações de gestão de patrimônio na América Latina, excluindo o Brasil, e cogita reviver a marca FirstBoston, segundo a Bloomberg.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS