Com alta do petróleo, Raízen vê potencial aumento de preço da gasolina pela Petrobras
Presidente da companhia diz que valor do combustível no mercado doméstico está defasado em relação ao internacional
Os preços do diesel e da gasolina no mercado doméstico estão defasados em relação aos valores internacionais e, diante da forte valorização do petróleo, é provável que a Petrobras anuncie novos reajustes, na avaliação do presidente da Raízen, Ricardo Mussa. O óleo mais caro já levou a aumentos de preço do etanol no país.
“Em algum momento, a Petrobras terá de fazer algo sobre a gasolina. Existe um aumento em potencial na gasolina no Brasil em comparação aos preços internacionais”, afirmou o executivo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados da companhia no terceiro trimestre da safra 21/22.
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O executivo lembrou que o país não é autossuficiente e precisa importar parte do combustível que consome. Em janeiro, o avanço da ômicron no Brasil afetou o consumo de combustíveis neste início de ano, em particular no ciclo Otto, mas já há sinais de recuperação, conforme a companhia.
Para o presidente da Raízen, há uma nova dinâmica no mercado brasileiro de combustíveis, decorrente da mudança na estratégia de comercialização da Petrobras — a estatal está alterando o modelo de contrato de fornecimento às distribuidoras, com maior foco em longo prazo e competitividade.
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“O que se viu no último trimestre do ano calendário é que a Petrobras não fez importação, mostrando que há mudanças na dinâmica do mercado, e essas mudanças são muito positivas. O mercado vai ter de se concentrar mais na garantia do suprimento”, observou.
Na Raízen, conforme Mussa, nenhum volume solicitado por clientes deixou de ser atendido no último trimestre, mesmo que a distribuidora tenha tido de recorrer a importações. “Foi um teste muito bom. Pudemos garantir o suprimento de nossos clientes”.
Nos três últimos meses do ano passado, a margem Ebitda ajustada da Raízen na distribuição de combustíveis brasileira chegou a R$ 153 por metro cúbico, bem acima dos R$ 91 por metro cúbico vistos um ano antes.
De acordo com Mussa, as margens de fato estão “melhorando muito” no Brasil, mas ainda haverá volatilidade.
“Haverá volatilidade porque há ganhos ou perda de estoque, há situações em que a arbitragem pode ser maior ou menor, mas houve mudanças estruturais”, afirmou, referindo-se às margens da operação. “Sempre digo que temos de olhar [a margem] no longo prazo”.
O executivo ponderou que a Raízen não pode compartilhar expectativas quanto às margens no trimestre em curso, mas indicou que o desempenho alcançado nos três últimos meses de 2021 não deve se repetir já que não haverá ganhos de estoque com o etanol. “Mas, estruturalmente, as coisas estão indo no caminho certo”, disse.
Com reportagem do Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico