Azul (AZUL4) reduz perdas no final do pregão depois de queda forte; balanço do 1T23 mostrou prejuízo de R$ 736 milhões

Apesar do aumento no prejuízo, Azul vê demanda crescer mais do que a nível pré-pandemia e receita líquida atinge R$ 4,5 bilhões

Azul (AZUL4) sobe 8% na bolsa após acordo. Foto: divulgação
Azul (AZUL4) sobe 8% na bolsa após acordo. Foto: divulgação

A companhia aérea Azul (AZUL4) fechou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido de R$ 736,6 milhões, revertendo o lucro de R$ 2,6 bilhões de um ano antes no mesmo período. Considerando os dados ajustados por efeitos não recorrentes (como ajuste de frota e questões cambiais), o prejuízo da empresa foi de R$ 727,6 milhões, queda nas perdas de 10% na comparação anual.

O resultado não agradou o mercado financeiro, que começou o dia precificando para baixo as ações preferenciais da Azul. Os papéis AZUL4 chegaram a cair mais de 8% durante a manhã, mas reduziram as perdas, com desvalorização de 0,77% no final do dia, cotados a R$ 12,76.

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No geral, a Azul tem sido sustentada por um crescimento na demanda trimestre após trimestre. A companhia aérea prevê ainda uma economia de R$, 5,4 bilhões de arrendamento após renegociação com credores, o que inclui fabricantes, conforme divulgou na manhã desta segunda-feira (15).

Azul tem aumento histórico em receita no pós-pandemia

O crescimento em demanda trimestral ajudou o balanço da Azul. O salto tem sido importante, uma vez que o setor acumulou dívidas na pandemia e que precisam ser quitadas — o grupo avança com uma ampla negociação com arrendadores e fabricantes de aeronaves.

A receita líquida do grupo atingiu novamente um recorde histórico de R$ 4,5 bilhões, 40,3% acima de igual período do ano anterior. O yield (valor pago por um passageiro para voar um km) também alcançou níveis recordes para um primeiro trimestre, a R$ 0,485, um aumento de 24,2% comparado com um ano antes e 35,6% em relação ao período de janeiro a março de 2019.

A empresa transportou 7,058 milhões de passageiros entre janeiro e março, alta de 11,5% na comparação anual. O volume está 10,8% acima do reportado no primeiro trimestre de 2019, o que indica que o movimento em voos da Azul está maior do que antes da pandemia de covid-19.

Aérea vê melhora na margem de Ebitda

A empresa destacou que o Ebitda no período foi de R$ 1,03 bilhão, representando uma margem de 23,0%. A empresa argumentou que o indicador subiu 73,8% comparado a um ano antes, mesmo com 23,6% de aumento no preço do combustível. O lucro operacional foi de R$ 462,4 milhões (margem de 10,3%), alta de 391,8% no ano.

A empresa encerrou o trimestre com liquidez imediata de R$ 1,8 bilhão, queda de 29%, na comparação anual. Já a liquidez total, incluindo investimentos e recebíveis de subarrendamento de longo prazo, depósitos em garantia e reservas de manutenção, atingiu R$ 5,2 bilhões, queda de 12,1%.

Renegociação com credores deve gerar R$ 5,4 bi, diz Azul

A companhia aérea divulgou nesta manhã alguns pontos da sua renegociação de dívidas com arrendadores e fabricantes. As iniciativas, somadas, vão trazer uma economia à empresa na ordem de R$ 5,4 bilhões com arrendamentos de hoje em diante — até o fim dos contratos.

O maior impacto se dará em 2023 (entre o segundo e quarto trimestres), em que os pagamentos serão reduzidos de R$ 3,8 bilhões para R$ 2 bilhões. O plano da Azul de renegociar com credores foi divulgado no dia 5 de março, mas sem muitos detalhes.

Em fato relevante, a empresa apontou ainda que ao final das negociações a dívida bruta reportada no primeiro trimestre irá ser reduzida em R$ 1,8 bilhão. Já a alavancagem (medida pela dívida líquida sobre o Ebitda nos últimos 12 meses) do primeiro trimestre deve ser de 4,6 vezes — contra 5,2 vezes reportado nesta manhã.

Credores concordaram em receber títulos da dívida da Azul que vencem em 2030

A empresa explicou que de maneira geral os arrendadores e fabricantes concordaram em receber um título de dívida sem garantia vencendo em 2030 com um cupom de 7,5% ao ano, e um instrumento conversível em ações preferenciais no valor de R$ 36 por ação.

As ações estão sujeitas a um período de carência até o segundo semestre de 2024 e serão conversíveis em quatorze parcelas trimestrais, começando no final do período de carência e terminando no segundo semestre de 2027.

Ainda segundo a empresa, o instrumento proposto de ações dos arrendadores e fabricantes possui um limite de valor máximo e mínimo, com o objetivo de minimizar a diluição para os acionistas da Azul. A diluição decorrente do instrumento é estimada em 17,5%.

Ao longo do período de conversão, se entre o segundo semestre de 2024 e o segundo semestre de 2027 o preço de mercado das ações preferenciais da Azul estiver abaixo de R$ 36 no momento da medição, a Azul poderá compensar a diferença emitindo ações preferenciais adicionais, ou através de liquidação em dinheiro, ou através de um novo instrumento de dívidas. Se o preço de mercado das ações preferenciais for superior a certos limites, o número de ações a serem convertidas será reduzido e, portanto, a diluição será menor.

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