Ações da Americanas (AMER3) saltam mais de 22% após anúncio de Sérgio Rial como novo diretor-presidente; vale a pena investir?

Saiba como o mercado avalia a troca no comando da empresa

Foto: Leo Martins/Agencia O Globo
Foto: Leo Martins/Agencia O Globo

Em sessão negativa para ativos de risco nesta segunda-feira, Americanas ON disparou após a companhia anunciar que Sérgio Rial será o novo diretor-presidente da empresa a partir de janeiro de 2023, substituindo Miguel Gutierrez. As ações ordinárias da varejista fecharam o pregão desta segunda-feira em alta de 22,49%, a R$ 15,96, enquanto o Ibovespa pedeu 0,89%, aos 110.501 pontos.

A seguir, veja se vale a pena investir nas ações da varejista após a mudança na presidência, na avaliação de analistas.

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Citi

A saída de Miguel Gutierrez do cargo de diretor-presidente da Americanas após 20 anos liderando a empresa e entrada de Sergio Rial, atual presidente do conselho do Santander, marca mais um passo na reestruturação completa que o grupo vem vivenciando desde 2019, e deve ser bem recebida pelo mercado, diz o Citi.

“A sucessão é fundamental, especialmente para o próximo estágio de crescimento da Americanas”, escrevem os analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e equipe, em relatório.

Eles destacam que a Americanas está se tornando mais digital, com as vendas online agora respondendo por cerca de 60% das vendas do grupo, mais focada no marketplace, cerca de 60% do volume bruto de mercadorias online, ao mesmo tempo em que desenvolve novas iniciativas, como varejo de alimentos via Hortifruti Natural da Terra, conveniência via Vem Conveniência, joint venture com Vibra, franqueados via Uni.co e fintech via Ame Digital.

Segundo os analistas, sob a liderança de Gutierrez, a rede de lojas se expandiu para quase 3.600 lojas, mais de 1.800 lojas próprias, de 100 unidades, e a empresa também se tornou a segunda maior plataforma de comércio eletrônico do país. Já Rial é um executivo sênior altamente respeitado, anteriormente diretor-presidente do Santander Brasil, e deve desenvolver uma relação mais próxima com os investidores, dizem eles.

A carreira de Gutierrez na Americanas foi construída enquanto a companhia esteve sob o controle dos investidores Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles — após 40 anos, o trio abriu mão do controle neste ano, mas são acionistas de referência, com 29,5% do capital.

O Citi tem recomendação de compra para as ações da Americanas, com preço-alvo de R$ 26, potencial de alta de 90,85 ante o fechamento anterior.

Itaú BBA

A mudança na presidência da Americanas, com a entrada de Sergio Rial e saída de Miguel Gutierrez, é positiva e trata-se de um passo na direção certa, uma tentativa de trazer novas ideias para uma das histórias de maior sucesso do varejo brasileiro, avalia o Itaú BBA, em relatório.

“Com essa mudança gerencial, acreditamos que mais investidores provavelmente darão à Americanas o benefício da dúvida e assumirão que mais valor pode ser extraído desse ativo em breve”, escrevem os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes.

Segundo eles, as ações da Americanas foram deixadas por investidores e analistas nos últimos trimestres, com volatilidade no momento operacional juntamente com problemas de comunicação fazendo com que elas negociassem abaixo de todo o seu potencial.

Os analistas dizem ainda que seu modelo e estimativas não refletem mais a dinâmica operacional contínua da empresa, nem capturam adequadamente o valor da Vem, joint venture com a Vibra, e da aquisição do Hortifruti. Atualmente, eles a negociação de ações perto de 5 vezes valor da empresa sobre Ebitda, o que vemos como um múltiplo barato.

O Itaú BBA colocou sua recomendação e preço-alvo para as ações da Americanas em revisão. Há pouco, as subiam 17,19%, a R$ 15,27.

Santander

A mudança na presidência da Americanas foi inesperada, mas positiva, na medida em que a chegada de Sergio Rial, um estranho ao ecossistema da empresa, pode ser exatamente o que a Americanas precisa em sua fase atual, promissora porém desafiadora, com maior digitalização e comércio eletrônico, avalia o Santander, em relatório.

“A nosso ver, a Americanas passou por grandes mudanças em seu modelo de negócios nos últimos dois anos, com a combinação completa das Lojas Americanas e B2W, novas iniciativas que agora são fundamentais para sua estratégia, como a fintech Ame Digital, além de diversas aquisições que até agregaram ao seu portfólio uma operação de varejo alimentar de alto padrão”, escrevem os analistas Ruben Couto e Eric Huang.

Segundo eles, a Americanas sempre foi liderada por talentos criados internamente, com muitos de seus principais executivos ingressando na empresa como estagiários ou trainees, que contribuíram para solidificar a eficiência de custos da cultura da empresa ao longo de décadas.

No entanto, esta cultura, nascida no negócio de lojas físicas, tem estado sob pressão ultimamente, principalmente com a constante e rápida mudança no cenário do varejo devido à digitalização e comércio eletrônico, afirmam os analistas.

Para eles, o histórico de recuperação de sucesso e a visão de Rial como uma pessoa de fora poderiam infundir novas perspectivas na cultura de Americanas. Além disso, Rial é conhecido como um excelente comunicador, e suas mensagens objetivas podem ajudar a empresa a transmitir melhor sua estratégia e execução no futuro.

O Santander tem recomendação neutra para as ações da Americanas, com preço-alvo de R$ 35, potencial de alta de 128% ante o valor negociado no momento na B3. Há pouco, os papéis subiam 18,65%, a R$ 15,46.

Credit Suisse

A notícia de Sérgio Rial como diretor-presidente a partir de janeiro de 2023 é positiva, na medida em que o executivo tem um histórico comprovado em diferentes setores, avalia o Credit Suisse.

Segundo o banco, permanece o desafio de entregar um forte crescimento, especialmente no segmento on-line, onde a empresa teve um desempenho inferior ao de seus pares nos últimos anos.

O Credit Suisse tem recomendação de compra para as ações da Americanas, com preço-alvo de R$ 36, potencial de alta de 129% ante o valor negociado no momento na B3.

XP

A XP cortou seu preço-alvo para as ações da Americanas de R$ 21 para R$ 20 e reiterou recomendação neutra, ao incorporar os números do segundo trimestre, resultados de curto prazo mais desafiadores e premissas de custo de capital atualizadas. Para a corretora, a mudança na presidência da Americanas é positiva e marca um novo ciclo para a empresa.

A XP reduziu suas estimativas de Ebitda para 2022 e 2023 em 2% e 1%, respectivamente, devido a um crescimento de receita mais conservador, o que é parcialmente compensado por maiores premissas de sinergia oriundas da combinação entre Americanas e B2W, escrevem os analistas Dannilea Eiger, Gustavo Senay e Thiago Suedt. A corretora também reduziu suas estimativas de lucro líquido, por conta da elevação de taxas de juros, dizem eles.

Além disso, eles afirmam que o anúncio de que Sergio Rial, antigo diretor-presidente do Santander Brasil, assumirá como diretor-presidente da companhia em 2023, substituindo Miguel Gutierrez, marca um novo ciclo para a Americanas.

Segundo os analistas, Rial será chave para implementar uma transformação cultural após a combinação de negócios entre Americanas e B2W, além de trazer uma nova visão para o negócio.

Eles destacam que Rial possui um histórico de gestão focado em controle de custos e sendo uma liderança motivadora e inspiracional, características que serão chave para apoiar a transformação em curso da Americanas, além de trazer mudanças estruturais no processo de transformação cultural da companhia.

Mesmo vendo a mudança na presidência como um fator que pode mudar o jogo para a companhia, a XP manteve a recomendação neutra, dado que Rial assumirá apenas em 2023, e existem desafios para os resultados de curto prazo, com o lançamento escalonado do 5G impactando vendas de smartphones, e a Copa do Mundo sendo um risco no quarto trimestre.

Além disso, o ambiente competitivo permanece desafiador, e os analistas dizem preferir exposição a outros varejistas com risco e retorno mais balanceados e nível de avaliação similar.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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