Suzano (SUZB3) não vai buscar crescimento só por crescimento, diz presidente

Walter Schalka afirmou que a Suzano tem uma postura agnóstica quanto a crescimento orgânico ou inorgânico e também em relação a geografias, e vai buscar a internacionalização de suas operações

Fábrica da Suzano em Jacareí, São Paulo. (Foto: Divulgação)
Fábrica da Suzano em Jacareí, São Paulo. (Foto: Divulgação)

A Suzano (SUZB3) está constantemente avaliando oportunidade de criação de valor para seus acionistas e não buscar crescimento somente por crescimento, disse nesta sexta-feira (10) o presidente da companhia, Walter Schalka, evitando, mais uma vez, comentar possibilidades de fusão e aquisição.

“Não vamos comentar as especulações que temos visto na mídia”, afirmou, referindo-se ao interesse da produtora brasileira de celulose e papel na americana International Paper (IP).

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Suzano vai olhar oportunidades em diferente regiões, diz Schalka

“Temos um olhar de longo prazo, sempre avaliando oportunidades de criação de valor para os acionistas, o que pode se dar por via orgânica e inorgânica, mas também via recompra de ações, dividindo valor assim como fizemos quando unificamos as classes de ações da companhia em papéis ordinários”, comentou o executivo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre.

Schalka reiterou que a Suzano tem uma postura agnóstica quanto a crescimento orgânico ou inorgânico e também em relação a geografias, e vai buscar a internacionalização de suas operações, replicando o desempenho alcançado com aquisições que foram feitas no Brasil.

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O executivo destacou ainda que disciplina na alocação de capital segue no foco da Suzano. “Estamos em uma indústria intensiva em capital e sempre fazemos uma análise profunda sobre as oportunidades que vemos para o futuro”, afirmou. Assim foi com a aquisição da fatia acionária na Ibema, a expansão da base florestal com a compra da Parkia e a aquisição dos ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil.

Sobre a entrada em operação do Projeto Cerrado, o presidente da Suzano ressaltou que a fábrica, que terá o menor custo caixa de produção de celulose do mundo, ao redor de US$ 100 por tonelada quando estabilizada, vai “transformar a companhia para o futuro”. A modernização de outras unidades produtivas também segue no radar.

“Não vamos olhar crescimento só por crescimento. Vamos olhar com criação de valor, que pode ser via expansão ou modernização”, comentou.

Nessa jornada, observou, a Suzano seguirá atenta à política de endividamento, que estabelece em 3,5 vezes o teto de alavancagem financeira em ciclos de investimento, e 2,5 vezes em ciclos normais. Essa política não será modificada e, caso a alavancagem supere o índice de 3,5 vezes, a companhia terá de apresentar um “remédio”, conforme o previsto.

Segundo o diretor de finanças, relações com investidores e jurídico da Suzano, Marcelo Bacci, a companhia vai considerar a possibilidade de recompra de ações no futuro. A queda acentuada dos papéis nesta semana, em meio ao noticiário sobre a oferta informal de compra levada à IP, leva a esse caminho, mas ainda não há uma decisão nesse sentido, afirmou o executivo.

Produção vendida

A produção de celulose da Suzano prevista para o segundo trimestre está totalmente vendida e, assim como no primeiro trimestre, há limitação de entrada de novos pedidos, de acordo com o diretor comercial de celulose da companhia, Leonardo Grimaldi.

“A demanda de fibra curta nos surpreendeu positivamente e superou nossas expectativas na China, onde o ritmo de produção de papel cresceu, assim como na Europa e na Europa e na América do Norte, levando nossos clientes a revisar pedidos para cima”, comentou, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.

Do lado dos fundamentos, uma série de eventos inesperados, como greves, problemas logísticos e paradas não programadas, que reduziram a disponibilidade de celulose no mercado global. Até agora, 1 milhão de toneladas da matéria-prima saíram do mercado e os estoques, hoje, estão em níveis insuficientes para atender clientes, o que levou a companhia a se retirar totalmente do mercado à vista.

Conforme Grimaldi, a Suzano teve de recompor seus estoques no decorrer do primeiro trimestre, uma vez que estavam abaixo dos níveis de segurança, e isso explica integralmente a queda nos volumes de venda no intervalo. “Os pedidos excederam a capacidade de atendimento e tivemos de limitar a entrada em todos os meses do trimestre. Os estoques não estão em níveis ótimos e ainda deve levar alguns meses para que isso seja alcançado na América do Norte e na Europa”, afirmou.

Para regiões que são atendidas diretamente do Brasil, como Oriente Médio e a própria Ásia, comentou o executivo, há um atraso no transporte marítimo, de 70 dias neste momento, o que contribui para a limitação das vendas.

O diretor da Suzano afirmou ainda que todos os aumentos de preço anunciados no trimestre foram integralmente aplicados, em todas as regiões. “Olhando para a frente, olhando a perspectiva [de demanda] dos clientes na Europa e América do Norte, ainda vemos desafios para atender todos os pedidos no curto prazo. Não podemos aceitar nenhuma demanda não prevista [no segundo trimestre]”, reiterou. Em abril, a demanda de celulose de eucalipto também veio acima da expectativa, acrescentou.

De acordo com Grimaldi, a visão para o curto prazo é construtiva, de forma que o “momento positivo” para os preços deve continuar.

Sobre a entrada em operação do Projeto Cerrado, nova fábrica de celulose da Suzano com capacidade de 2,55 milhões de toneladas por ano, o diretor de operação de celulose da companhia, Aires Galhardo, afirmou que, até abril, o avanço físico estava em 94% e do investimento total programado, de R$ 22,2 bilhões, 86% ou R$ 19,1 bilhões já haviam sido desembolsados.

A Suzano reiterou que a curva de aprendizagem da nova fábrica será cumprida em nove meses, com produção de 900 mil toneladas de celulose até o fim de 2024 e comercialização de 700 mil toneladas. Em 12 meses, a produção esperada é de 2 milhões de toneladas.

Conforme o executivo, o custo caixa de produção de celulose operou em linha com o planejado nos três primeiros meses do ano, beneficiado pelos menores preços do diesel e da soda cáustica, principal insumo químico, além da menor distância entre fábrica e floresta (raio médio), parcialmente compensados por alguns eventos não recorrentes em unidades fabris. “Olhando para a frente, continuamos vendo estabilidade no custo caixa até o fim do ano”, afirmou.

Projeto Cerrado

Com o início de operação do Projeto Cerrado, previsto para até o fim de junho, a alavancagem financeira da Suzano deve começar a ceder, indicou Bacci.

“A Suzano está no fim de um ciclo de investimento, o que pavimenta o caminho para a desalavancagem nos próximos meses”, afirmou o executivo, acrescentando que a alavancagem de 3,5 vezes vista em março corresponde ao pico esperado. Caso esse teto seja rompido, acrescentou, a companhia apresentará medidas de recuperação, conforme previsto em sua política de endividamento.

Segundo Bacci, a Suzano tem um programa de recompra de ações em aberto desde janeiro, com prazo de 18 meses e de até 40 milhões de papéis. Até agora, já foram recompradas 6 milhões de ações, mas o programa acabou interrompido pelo período de silêncio decorrente da divulgação dos resultados trimestrais. “Vamos avaliar quando retomar, acrescentou.

Ao fim da teleconferência com analistas para comentar os resultados, o futuro presidente da Suzano e sucessor de Walter Schalka a partir de julho, Beto Abreu, parabenizou Schalka pela gestão “brilhante” ao longo dos últimos 11 anos, e disse que deve manter a disciplina de capital adotada pela companhia.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

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