Queda das ações de IA: correção do exagero ou é hora de voltar a comprar?

Alguns investidores preferiram realizar lucros com as Magnificent 7, mas a maioria dos analistas segue otimista com as big techs

A volatilidade das ações das Magnificent 7 tem chamado atenção de investidores. (Imagem: Freepik)
A volatilidade das ações das Magnificent 7 tem chamado atenção de investidores. (Imagem: Freepik)

O sobe e desce das ações de gigantes de tecnologia de Wall Street nas últimas semanas deixou investidores confusos.

Mesmo com resultados trimestrais acima das expectativas, Google e Microsoft fizeram projeções consideradas pouco animadoras para os próximos meses.

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Foi a senha para um movimento de realização de lucros com as big techs, principalmente das ligadas à inteligência artificial (IA).

Com isso, nos últimos dois terços de julho, cerca de US$ 2,6 trilhões evaporaram, considerando o valor de mercado combinado das chamadas ‘Magnificent 7’ ou 7 Magníficas, apelido para o grupo formado por Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet (dona do Google), Meta, Tesla e Nvidia.

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Esta última, aliás, ilustra bem o movimento. A companhia viu suas ações dispararem quase 10 vezes desde o novembro de 2022, com o surgimento do ChatGPT, que deflagrou uma avalanche de previsões de investimentos em IA, cujo crescimento depende de chips gráficos, segmento que ela domina quase sozinha.

Com isso, a Nvidia chegou a ser a maior empresa do mundo em valor de mercado, valendo mais de US$ 3 trilhões.

Ações de IA: medo de bolha dispara realização de lucros

Porém, resultados pouco inspiradores nas principais linhas de negócios de Microsoft e Google levaram alguns a se perguntarem se não poderiam estar pagando caro demais no presente para comprar um futuro promissor.

Para efeito de comparação, a Nvidia chegou a ser negociada acima de 70 vezes o lucro esperado para os 12 meses seguintes.

Enquanto isso, a média das componentes do S&P 500, índice das empresas de maior valor de mercado dos EUA, é de 23 vezes.

Ainda assim, por essa métrica o índice está perto de suas máximas em 20 anos.

Esse cenário levou alguns a se perguntarem se não estaríamos assistindo a uma repetição da bolha de internet do início do século.

Então, a relação P/L do setor de tecnologia atingiu 48 vezes.

“Os investidores estão começando a questionar o retorno dos investimentos em IA das empresas de tecnologia”, escreveu a chefe de investimentos de wealth management do Morgan Stanley, Lisa Shalett.

Pelo sim, pelo não, alguns preferiram realizar lucros no setor de tecnologia e migrar para as chamadas ações de valor, de empresas mais tradicionais, que tiveram retornos mornos nos últimos meses.

Dessa forma, enquanto o índice Russell 2000 de small caps subiu aproximadamente 10% de 10 a 31 de julho, o Nasdaq 100, com forte peso de ações de tecnologia, caiu 6%.

“Foi a maior realização de lucros com as Magnificent 7 desde o surgimento do ChatGPT”, escreveu o Bank of America em relatório.

Rotação de carteiras

Para alguns analistas, a recomposição de carteiras tem fundamento.

Isso porque há uma tendência de melhora das empresas mais ligadas à macroeconomia dos Estados Unidos, à medida que um ciclo de corte de juros se aproxima.

Na quarta-feira (31), o Federal Reserve manteve a taxa básica do país na faixa de 5,25% a 5,5%, o pico em mais de 20 anos.

Porém, a autoridade monetária norte-americana sinalizou que pode começar a flexibilizar o juro em setembro.

O Morgan Stanley, por exemplo, mostrou otimismo com “as outras 493 ações” do S&P 500, em particular as ações “de qualidade” em setores como serviços financeiros, energia e bens industriais.

“Embora o crescimento dos lucros para as ‘Magnificent 7’ tenha superado o mercado, estimativas recentes sugerem que essa tendência pode se reverter no segundo semestre de 2024 e em 2025”. escreveu Shalett.

Nessa leitura, a de que as big techs continuarão enfrentando volatilidade por vários meses, a maioria dos especialistas concorda.

Com valores ainda esticados das ações, mesmo com correções recentes, a tendência é de que muitos investidores agora esperem resultados mais consistentes das magníficas antes de voltar a por a mão no bolso para comprar mais ações.

Visão majoritária para as ‘Magnificent 7’ segue positiva

Entretanto, uma fatia relevante dos analistas fundamentalistas mantém uma visão otimista para o setor no longo prazo.

Confira o gráfico abaixo:

Recomendações de analistas para as 7 Magníficas

CompraManutenção Venda
Nvidia (NDVA)5660
Microsoft (MSFT)5820
Amazon (AMZN)6330
Apple (AAPL)32132
Meta (META)5683
Alphabet (GOOGL)51140
Tesla (TSLA)242212
Fonte: WSJ Markets

Segundo analistas do Itaú BBA liderada por Thiago Kapulskis, a situação atual lembra 2022, quando o setor foi significativamente penalizado.

“Investidores que compraram (ações de tecnologia) naquela época ganharam muito dinheiro”, afirmaram eles em relatório.

Embora o valor deva continuar a superar o desempenho no curto prazo, adicionaríamos pacientemente posições em Tech

“Os fundamentos de longo prazo permanecem sólidos e inalterados, e vemos várias oportunidades”, acrescentaram Kapulskis e equipe.

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