Proposta da Petrobras (PETR4) faz dividendo extra ‘subir no telhado’

Em relatório, Goldman Sachs avalia riscos de mudanças estatutárias sugeridas pelo conselho de administração da companhia

Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/Reuters
Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/Reuters

Uma mudança proposta pela Petrobras (PETR4) assustou quem vinha apostando no pagamento de um dividendo extraordinário pela companhia em 2023.

A companhia anunciou mais cedo que seu conselho de administração propôs criar uma reserva de remuneração.

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Segundo a ata da reunião, o objetivo é ter recursos para pagar dividendos, juros sobre o capital próprio e para fazer recompras de ações.

Outra proposta foi a de mudar definições do estatuto sobre nomeação de indicados para o conselho de administração.

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O objetivo é deixar claro que a Petrobras só vai considerar conflito de interesses nas indicações as situações previstas em lei.

As propostas serão votadas por acionistas em uma assembleia, mas uma data para isso ainda não foi decidida.

Assim, as ações da companhia fecharam em forte queda na B3. O papel preferencial da Petrobras (PETR4) caiu 6,61%, enquanto o ordinário (PETR3) cedeu 6,03%.

O Ibovespa, principal referência do mercado de ações brasileiro, encerrou o pregão com baixa de 0,33%.

O que está em jogo?

Pela legislação, se o estatuto de uma empresa listada não prever uma reservas de lucros, ela é obrigada a distribuir o caixa excedente como remuneração aos acionistas.

Este é exatamente o caso da Petrobras.

No mês passado, o BofA estimou que o retorno de caixa da Petrobras poderia atingir cerca de US$ 15,8 bilhões neste segundo semestre.

Agora, se a mudança proposta pelo conselho ocorrer, em vez de distribuir aos acionistas, a companhia teria liberdade para guardar recursos para usá-los quando entender apropriado.

“A proposta aumenta as incertezas em nossa previsão para o pagamento de um potencial dividendo extraordinário”, afirmou o Goldman Sachs, em relatório nesta segunda-feira (23).

Risco político

A outra alteração sugerida pelo conselho, segundo o Goldman, na prática aumento o risco de ingerência política na empresa.

“A proposta abre espaço para a nomeação de indivíduos politicamente expostos para cargos de gestão”, pontuou no relatório a equipe de Bruno Amorim.

Mais cedo neste ano, o conselho da Petrobras havia rejeitado três indicações do governo federal para compor o colegiado da companhia.

O governo federal é o controlador da empresa.

A alegação na época foi que os indicados tinham filiação partidária ou careciam de experiência comprovada para exercer a função.

Reversão?

A notícia vem na esteira de uma escalada das ações da petroleira na bolsa.

No acumulado de 2023 até sexta-feira, a ação PN da Petrobras já tinha subido mais de 80%.

Esse boom refletiu, entre outros fatores, a escalada nos preços do petróleo, na esteira de guerras em Israel e na Ucrânia.

A subida das ações também veio a reboque de menores temores em relação a possíveis mudanças relevantes na política de reajustes de preços na gestão que assumiu neste ano, o que não aconteceu.

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