O que esperar das ações da Minerva (BEEF3) após retirada de projeções de receita e dívida?
Uruguai suspende negociação de plantas de abate entre Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) e empresa suspende guidance; o que esperar à frente?
A retirada de projeções de receita líquida, lucro operacional e endividamento da Minerva (BEEF3) após a rejeição do ministério da Fazenda e Economia do Uruguai para a aquisição de plantas de abate da Marfrig (MRFG3) levou o mercado a responder de forma negativa às ações do frigorífico. O papel despencou mais de 8% logo em seguida à notícia, na contramão da alta recorde do dólar que geralmente beneficia a empresa.
Assim, o medo de analistas é o de que, sem mais informações, afinal a companhia não forneceu novas projeções, as sinergias da aquisição de plantas da Marfrig demore ainda mais. E, sobretudo, na corrida contra o relógio para que a Minerva derrube o nível de alavancagem sobre a operação, considerado elevado pelo mercado.
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Uruguai barra operação pela segunda vez
As ações da Minerva caíram 8,61% após o governo do Uruguai barrar a negociação de três plantas de abate bovino da Marfrig (MRFG3) no país.
Dessa forma, é a segunda vez que autoridades uruguaias suspendem a venda dos ativos, que faz parte do pacote de frigoríficos comprados pela empresa da família Queiroz. A primeira suspensão ocorreu em maio.
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Então, ao descontinuar as projeções anteriores, a Minerva explica que colocou nas contas impactos nas sinergias geradas a partir do M&A com a Marfrig.
Mas como o negócio foi consumado pela Minerva apenas em outubro, quando pagou os restantes R$ 5,6 bilhões à concorrente pela venda de 13 frigoríficos, a companhia não manteve “premissas anteriormente consideradas”.
Dessa maneira, em comunicado a Minerva afirmou que segue “avaliando as possíveis medidas e ações legais cabíveis a serem adotadas”.
“Inclusive, a reapresentação do caso, conforme sugerido pelas autoridades uruguaias”, disse a empresa.
Para a Minerva (BEEF3), o ‘timing’ importa
Analistas afirmam que o abandono de projeções anteriores pela Minerva (BEEF3) é negativo. Primeiro porque mostra que o frigorífico põe um freio nos efeitos das novas plantas de abate sobre a receita da empresa e sua capacidade de produção de bovinos e ovinos.
O analista da XP Investimentos Leonardo Alencar afirma que o andamento da negociação com a Marfrig já dura mais de um ano. Para ele, “é mais tempo que o esperado pelo mercado” e a demora tem efeito sobre a alavancagem e receitas.
Isso porque o valor pago pela Minerva pelas plantas do Uruguai continua a ser ajustado pelo CDI. O estresse do mercado nos últimos dias fala por si só o que isso significa.
“A última parte do deal continua sendo um problema, uma vez que o valor de R$ 675 milhões pago pela Minerva por plantas do Uruguai continua sendo ajustado pelo CDI”, afirma Alencar. “E, se a Minerva decidir abandonar o contrato, pode pagar multas que limitariam o valor recuperado”, acrescenta.
Assim, a XP tem recomendação neutra para as ações da Minerva (BEEF3) e da Marfrig (MRFG3) em meio “a alta alavancagem em um ciclo (do gado) subótimo”.
O que esperar das ações da Minerva (BEEF3)?
A alavancagem ainda assusta investidores da Minerva. Ao comprar ativos ao invés de acumular caixa, a empresa se arriscou, afirma Guilherme Lavega, sócio-fundador da Arkad Invest.
Mas tomar o risco, nesse caso, não pagou dividendos ainda. “Acho que o mercado como um todo já tinha precificado que a transação não seria realizada. Mas a alavancagem da Minerva continua sendo perigosa”, diz Lavega.
Nesse sentido, retirar o guidance “nunca é bom”, diz Lavega. O comunicado, no entanto, deixou dúvidas sobre as sinergias do negócio.
“O comunicado passou uma visão de ganho com sinergias menor que o previsto.”
Ao mesmo tempo em que o mercado castigou a Minerva (BEEF3), a empresa “continua redonda e é bem gerida”, diz Nicolas Farto, fundador da Vértiq Investimentos.
“O guidance ter sido suspenso faz sentido”, indica Farto ao reforçar que o frigorífico precisava voltar à planilha e calcular o quanto os ativos no Uruguai fazem falta.
Sem a proibição, a Minerva teria em mãos 46 plantas de abate de suínos, ovinos e bovinos, com capacidade para abater quase 42 mil cabeças bovina por dia.
“Minerva é uma ação que compramos no ano passado, e vimos como oportunidade”, diz Farto. “Ainda conservamos nossas posições de Minerva (BEEF3).”
Contudo, o analista nota que o mercado internacional tende a “ameaçar exportações de carne” à medida em que restrições favorecem compradores. A Minerva (BEEF3) é uma das principais do País. “Por isso a alta do dólar favorece a empresa”, conclui Farto.