NTCO3 vai mal mesmo após resultados ‘melhores que o esperado’; entenda que está acontecendo com a Natura

Saiba por que os investidores fugiram da NTCO3 mesmo depois de boa avaliação dos analistas

EC Rio de Janeiro (RJ) 12/11/2019 Marcas Cariocas -  Natura
Foto Roberto Moreyra / Agência O Globo
EC Rio de Janeiro (RJ) 12/11/2019 Marcas Cariocas - Natura Foto Roberto Moreyra / Agência O Globo

Os principais bancos de investimento afirmam que o desempenho da Natura (NTCO3) no último trimestre foi melhor que o esperado. Ainda assim, o mercado reagiu muito mal aos números. As ações da empresa caíram mais de 11% desde a publicação do balanço do 2º trimestre da empresa, na terça passada (13).

No período, as vendas líquidas consolidadas aumentaram 6% em relação ao ano anterior (+5% em BRL), com a Natura&Co LatAm.

Inscreva-se e receba agora mesmo nossa Planilha de Controle Financeiro gratuita

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

“A rentabilidade foi um destaque, com a margem bruta consolidada aumentando em +0,5p.p em relação ao ano anterior, devido ao melhor mix de produtos e canais na Natura&Co. LatAm (+1,1p.p)”, diz a XP em relatório.

A receita da Natura&Co LatAm cresceu 10,0% ano contra ano. Mesmo excluída a Argentina, onde a empresa registrou ganhos sólidos, os dados ainda são positivos: alta de 4,3% para a região, excluindo a operação argentina.

Últimas em Ações

NTCO3: vendas mais fortes ‘roubaram a cena’

Já o BTG disse que “as vendas mais fortes com bandeira Natura roubaram a cena novamente”, com desempenho acima do esperado pelo banco.

A bandeira Natura no Brasil, operação fundamental para o grupo, “voltou a ter destaque positivo, com receitas aumentando 15% ano contra ano, enquanto a empresa relatou expansão de 27% em outros países da América Latina”, segundo destaque do BTG.

Já para o Citi, a NTCO3 ​​reportou resultados operacionais no 2T24 que ficaram “acima das estimativas”. O banco destaca o aumento de vendas relacionado a “campanhas assertivas de Dia dos Namorados e Dia das Mães, aumento de vendas cruzadas e melhoria sequencial na escassez de estoques”.

Ainda assim, há indícios de que o mercado não se convenceu de que os fundamentos da empresa são sólidos o suficiente.

Nem tudo está tão perfumado

Entre os pontos de atenção, pesa bastante a aquisição da Avon, cuja operação nos EUA teve um pedido de recuperação judicial.

A UBS diz que a reestruturação da Avon e o consumo de fluxo de caixa livre acima do esperado “acrescenta ainda mais incerteza quanto ao momento e magnitude da distribuição futura de dividendos”.

Para Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, a desvalorização da Natura (NTCO3) é um caso particular porque a empresa, isoladamente, é sólida. Contudo, o conglomerado tem apresentado alguns problemas.

“A [incorporação] da Avon requer muito investimento, tanto na aquisição quanto na integração. Além disso, as sinergias esperadas ainda não foram observadas, elas ainda não atenderam as expectativas”, ressalta o sócio da Essentia.

Para o BTG, “a recuperação contínua e desafiadora” ainda deixa dúvida “apesar dos sinais mais encorajadores”. Dito isso, “o ritmo de recuperação permanece incerto”.

Prejuízos crescentes aos acionistas da NTCO3

O prejuízo líquido atribuído aos acionistas controladores no segundo trimestre também foi de cerca de R$ 859 milhões, alta de 17,4% contra o prejuízo líquido atribuído aos acionistas um ano antes.

“Essa continuidade no prejuízo foi principalmente devido a um “write-off” não-caixa e não-recorrente de R$ 725 milhões, que afetou a linha de impostos”, explica Rafael Lage, analista da CM Capital.

Isso está vinculado à reestruturação voluntária da Avon Products Inc. (API), “impactando negativamente os ganhos previamente reconhecidos com a otimização da estrutura corporativa da Avon”, acrescenta Lage.

Como apaziguar os ânimos?

Marinello, da Essentia, diz que a Natura precisa “explicar ao mercado quando a Avon de fato via ser um negócio integrado e quando as sinergias lá mencionadas vão trazer resultados”, avalia.

“Essa é a resposta que o mercado precisa, e um posicionamento mais claro para trazer mais previsibilidade”, acrescenta.  

O analista cita como bons movimentos a separação de marcas periféricas como The Body Shop e Aesop, “que não tinham grande contribuição para o business e consumiam esforço de gestão enorme”.

Além disso, Lage, da CM, destaca que a receita da Avon cresceu em junho. Ele menciona também que o declínio da base de consultoras e a alavancagem da empresa também foram estancados.

“Desta forma, conforme sejam segregados os resultados da Avon Internacional (já que as saídas de caixa estão limitadas a US$ 43 milhões a reestruturação da Avon), a NTCO3 deve voltar a crescer”, diz o analista.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

Mais em Natura (NTCO3)


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS