Mercado não é inimigo do governo, diz conselheiro da Petrobras (PETR4)
Em entrevista à Inteligência Financeira, Francisco Petros disse porém que acionista controlador precisa respeitar a Lei das Estatais
Os acionistas privados da Petrobras (PETR4) não são inimigos do governo federal, mas o controlador da companhia precisa respeitar a lei.
A afirmação é de Francisco Petros, membro do conselho de administração da petroleira, falando em relação às recentes polêmicas envolvendo sucessão no comando da empresa e o pagamento de dividendos extraordinários.
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Assim, segundo ele, os acionistas têm consciência do papel social da Petrobras (PETR4).
“Mas isso não obscurece o fato de que ela tem que dar lucro”, disse Petros em entrevista para a Inteligência Financeira.
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O executivo disse concordar que minoritários e controladores têm argumentos defensáveis em relação ao destino dos dividendos extraordinários da empresa.
Assim, com 50,26% das ações votantes, o governo tem seis das 11 cadeiras do conselho da Petrobras (PETR4).
Petrobras (PETR4), Lula e dividendos
Então, o governo Lula defende que a companhia destine uma parcela maior do lucro para investimentos.
Em março, numa votação dividida, o conselho decidiu reter cerca de R$ 43 bilhões do caixa que investidores esperavam receber como dividendos extraordinários.
Jean Paul Prates, presidente-executivo e membro do conselho, preferiu se abster.
Dessa maneira, o episódio resultou em forte queda das ações da empresa, já que muitos investidores davam como certo que a Petrobras (PETR4) manteria a política de pagar remuneração extra, como fez nos últimos anos.
Sucessão na Petrobras (PETR4)?
Petros, conselheiro independente da companhia desde 2015, disse que a governança da Petrobras (PETR4) melhorou nos últimos anos com a chamada Lei das Estatais.
“Mas o governo precisa passar por processo de educação financeira e de mercado de capitais”, disse ele, referindo-se ao noticiário recente, com rumores de que Lula poderia trocar o presidente-executivo da companhia.
O noticiário desta semana circulou rumores de que Lula nomearia como sucessor de Prates o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Conselheiro da Petrobras elogia Prates
Petros elogiou Prates por ter um histórico com a companhia e possuir boa interlocução com investidores, inclusive internacionais.
Petros disse que, caso os rumores se confirmem, o conselho terá que avaliar a capacidade de Mercadante para comandar a empresa, à luz da Lei das Estatais.
“Ele não conhece nada de petróleo”, afirmou.
Um dos principais pontos da Lei das Estatais, aprovada em 2016, define critérios para o preenchimento dos cargos de diretoria de estatais ou empresas de capital misto que tenham o governo como controlador, como é o caso da Petrobras (PETR4).
Assim, a lei diz que cargos de comando nessas empresas devem ser ocupados por profissionais que possuam experiência compatível com a área de atuação da estatal.
Dessa forma, a regra tende a inibir indicações apenas por critérios políticos.
“A Lei (das estatais) tem que funcionar plenamente”, acrescentou Petros.
O atual mandato do conselheiro vence neste ano, mas ele é candidato para a reeleição, que será votada em assembleia de acionistas no final deste mês.