JPMorgan faz alerta de céu de brigadeiro para ações brasileiras em 2024

Estrategista de mercados emergentes no banco de investimentos, Pedro Martins, cita condição privilegiada do país no atual cenário

Pedro Martins, chefe de pesquisa de ações na América Latina e estrategista de ações em mercados emergentes. Foto: Divulgação JPMorgan
Pedro Martins, chefe de pesquisa de ações na América Latina e estrategista de ações em mercados emergentes. Foto: Divulgação JPMorgan

As ações brasileiras têm um horizonte amplamente favorável para estender em 2024 a performance positiva registrada no último bimestre do ano passado.

A avaliação é do chefe de pesquisa de ações na América Latina e estrategista de mercados emergentes no JPMorgan, Pedro Martins.

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“Novembro e dezembro foram prévias do que pode ser 2024”, disse Martins em entrevista concedida à Inteligência Financeira no fim de dezembro.

Após ter tido um desempenho fraco no acumulado de janeiro a outubro, o Ibovespa subiu 12,5% em novembro e pouco mais de 5% em dezembro, garantindo alta superior a 20% em 2023.

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A expectativa do JPMorgan é de que o principal índice brasileiro de ações feche este ano ao redor dos 155 mil pontos.

Se confirmada, essa pontuação garantiria uma rentabilidade de quase 16% em 2024.

Ventos favoráveis dos Estados Unidos

Para Martins, a expectativa de queda dos juros nos Estados Unidos, combinada com desaceleração econômica, é positiva para o Brasil de duas formas.

Primeiro porque a menor rentabilidade dos títulos do tesouro norte-americano devem aumentar o apetite por ativos de maior risco.

O banco de investimentos projeta que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), começará a cortar o juro do país a partir de julho ou agosto.

Seriam quatro reduções de 0,25 ponto percentual cada.

Hoje, a taxa básica norte-americana está na faixa de 5,25% a 5,5% ao ano.

Ou seja, esse ciclo levaria o juro do país para 4,25% a 4,5% anuais.

Normalmente, as próprias bolsas de Wall Street tenderiam a ser as primeiras beneficiárias de um ciclo de afrouxamento monetário.

Porém, os preços das ações nos EUA já estão ‘esticados’, considerando a relação histórica de preço/lucro projetado, segundo métricas de mercado.

Além disso, a desaceleração econômica deve ter efeito similar nas receitas e nos lucros das empresas.

Isso deve levar grandes investidores globais a buscarem alternativas em outras regiões.

Ações brasileiras: ainda abaixo da média

Mercados emergentes de forma mais ampla seriam uma alternativa.

Porém, questões geopolíticas e econômicas têm feito gestores limitarem bastante as escolhas.

Uma pesquisa recente do JPMorgan com 59 gestores globais de fundos de investimentos detectou que ao menos 20 destinos, incluindo China, Índia, Peru e Chile neste momento estão fora dos planos deles.

Individualmente, a China é vista como uma história de aceleração econômica neste 2024, mas os gestores têm preferido evitar investir naquele mercado via ações.

O motivo é o embate entre a potência asiática com Estados Unidos e Europa em questões comerciais e geoestratégicas.

A preferência, explicou Martins, tem sido buscar mercados que se beneficiam do maior crescimento chinês, como o Brasil.

Além de ser um grande fornecedor de commodities para aquele mercado, o Brasil cada vez mais também alimenta a China com produtos agrícolas, explicou Martins.

Além disso, o mercado consumidor brasileiro é comparativamente robusto em relação a outros emergentes, além de estar na antessala de uma recuperação, impulsionada pelo ciclo de corte de juros em andamento.

Não por acaso, as ações brasileiras são uma aposta majoritária dos gestores ouvidos pelo JPMorgan, ao lado de México e Indonésia.

Adicionalmente, os preços das ações brasileiras ainda estão abaixo de suas métricas históricas, mesmo com a escalada observada desde novembro, acrescentou.

Riscos

Um risco potencial para a consolidação desse cenário, segundo o executivo, é a questão fiscal brasileira.

O último boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras, indicou que a expectativa do mercado é de que o déficit primário esperado para 2024 será de 0,80% do PIB.

Isso é distante do déficit primário zero defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para este ano.

Para Martins, no entanto, o governo federal está conseguindo resolver a questão fiscal de forma satisfatória.

“Está melhor do que se esperava”, disse o estrategista do JPMorgan.

Para ele, os riscos que exigem maior atenção também são externos. Dois deles têm a ver com os EUA.

“O mercado pode ter ficado otimista demais com ciclo de queda de juro”, afirmou Martins.

Ele referiu-se ao rali das últimas semanas, com parte dos investidores apostando que a flexibilização monetária naquele país começará ainda neste primeiro trimestre.

O outro perigo é o cenário de uma desaceleração econômica mais forte nos Estados Unidos.

O cenário base do JPMorgan é de que o PIB estadunidense crescerá de 2% a 3% em 2024.

Ele alertou ainda que, além dos conflitos na Ucrânia e em Israel, o mercado pode ser atingido pela tensão entre China e Taiwan.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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