Fusão Cobasi e Petz (PETZ3): o que você precisa saber sobre o acordo anunciado
União cria uma gigante de produtos e serviços para animais de estimação
A Petz (PETZ3) anunciou nesta sexta-feira (19) que assinou acordo para possível combinação dos negócios com a maior rival, a Cobasi.
A união criaria uma gigante de produtos e serviços para animais de estimação, com receita bruta de R$ 6,9 bilhões por ano e 483 lojas.
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Mas qual os possíveis impactos do negócio para o mercado concorrencial e para os acionistas da Petz (PETZ3)?
A Inteligência Financeira preparou um pequeno guia para ajudar a entender a operação.
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Qual o sentido da fusão Cobasi-Petz (PETZ3)?
Embora estejam entre as maiores do setor, Cobasi e Petz (PETZ3) detêm, juntas, menos de 10% do mercado de produtos pet no Brasil.
Ou seja, o setor é bastante fragmentado. E quem conseguir maior escala tem condições competitivas destacadas.
Ser competitivo em eficiência e preço tende a ser determinante para o sucesso num mercado que pode crescer, mas também se concentrar.
Com uma fusão, parte do esforço hoje destinado para concorrer uma contra a outra será convertido em força para enfrentar rivais menores.
“Hoje a gente gasta recursos numa batalha que hoje sangra as companhias”, explicou o presidente-executivo da Petz, Sergio Zimermam, em teleconferência com analistas após o anúncio do acordo.
Com a união, “o retorno sobre o capital fica muito mais interessante”, acrescentou.
Qual é a proposta?
A Cobasi é um pouco maior e está oferecendo aos acionistas da Petz o valor de R$ 7,10 por ação.
Isso é mais do que o dobro do que os R$ 3,50 da cotação de fechamento de PETZ3 na quinta-feira (18).
Além disso, a Cobasi ainda pagará R$ 450 milhões em dinheiro, distribuídos entre os acionistas da Petz.
No modelo proposto, os acionistas da Cobasi e da Petz terão metade do capital da companhia combinado.
O conselho de administração terá nove membros, 4 indicados pela Petz, 5 pela Cobasi.
Adicionalmente, Paulo Nassar, presidente-executivo da Cobasi, será o CEO da nova companhia, enquanto Zimerman ocupará a presidência do conselho.
Acordo da Petz (PETZ3) vai passar no Cade?
Primeiramente, não é certo que a fusão vai acontecer. O acordo anunciado é um memorando não vinculante (MOU, na sigla em inglês).
De imediato, isso apenas significa um acordo de intenções. Ele determina um prazo de 60 a 90 dias de negociações exclusivas.
Esse é o período que cada empresa terá para conhecer mais a fundo a operação da rival. Se mantiverem o plano, oficializam o plano de fusão.
Não há multa prevista a ser paga por nenhuma das empresas caso desistam do negócio.
A seguir, a operação é submetida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O órgão pode aprovar o negócio, se considerar que ele não é um risco para a concorrência.
Alternativamente, o Cade pode aprovar a transação com condições, que podem envolver por exemplo a obrigação de a empresa combinada vender alguns ativos.
No limite, a instituição pode rejeitar a fusão. Mas Zimerman se mostrou otimista com a aprovação.
“Pode haver algum tipo de remédio, em alguma cidade específica, mas nada que deveria preocupar o rumo do negócio”, disse.
Parte do mercado, porém, vê alguma chance de o Cade impor algumas restrições.
“A possível redução do espaço para outras empresas (…) pode ser vista como um desafio pelo Cade”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Petz vai sair da bolsa? Empresa vai mudar de nome?
Zimerman negou planos para deslistar a Petz da B3. “Não haverá fechamento de capital da empresa combinada”, disse ele na teleconferência.
O executivo disse ainda ser cedo para calcular possíveis ganhos de economia de custos com a União.
Além disso, revelou que o plano é manter as marcas Cobasi e Petz após a fusão.
“Espero repetir o sucesso da fusão Raia Drogasil (RADL3)”, disse ele.
O executivo sublinhou a participação do atual presidente do conselho da Petz, Claudio Ely, no processo.
Ely foi CEO da Drogasil e liderou a fusão dela com a Raia, formando a maior rede de farmácias do Brasil.
Qual a visão do mercado?
Após o anúncio, PETZ3 disparava 40% na B3 por volta das 17h (horário de Brasília), valendo R$ 4,92. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,76%.
Alguns analistas apontaram que uma união com a Cobasi pode ser um catalisador para a ação, considerando o histórico difícil dos últimos anos.
A Petz estreou na B3 em setembro de 2020, cotada a R$ 13,75 por ação.
Desde então, o papel perdeu cerca de 3/4 do valor, refletindo uma piora global do mercado de ações, mas também dificuldades do grupo em consolidar aquisições que fez nos últimos anos.
Em relatório, o Santander recomendou que os investidores fiquem de fora do papel até que fiquem mais claras as premissas para a fusão.
“Dada a atual volatilidade do mercado, acreditamos que é improvável que o mercado pague antecipadamente pelas sinergias e navegar pelas incertezas ligadas à avaliação da entidade combinada”, afirmou Ruben Couto e equipe, que assinam o relatório.
“Reiteramos classificação ‘neutra’ e aguardamos a estabilização do preço do PETZ3 antes de tomar qualquer decisão de investimento”, concluíram.