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EMBR3 tem forte queda após Investor Day; acabou o amor entre o mercado e a empresa?
Empresas citadas na reportagem:
As ações da Embraer (EMBR3) têm perdido valor nesta semana depois da realização do Investor Day, na última segunda-feira. No fechamento desta terça (19), os papéis registraram uma queda de 2,19%, cotadas a R$ 54,44. Foi o segundo maior recuo do Ibovespa no dia. Assim, acabou o amor entre a Embraer e o mercado?
A queda vem na contramão do que apontam os bancos de investimento, que têm projeções positivas para a empresa brasileira. Assim, a situação parece ser apenas circunstancial. Talvez, com alguma realização de lucro por agora.
Embraer investe em novas parcerias
Depois dos resultados divulgados no último dia 8, que vieram levemente positivos, a empresa passou a focar no anúncio parcerias. Nos últimos dias, foram anunciados acordos com Holanda, Indonésia e Suécia para o fornecimento de aeronaves e tecnologia.
Agora, no dia do investidor, a empresa mostrou otimismo com a potencial expansão da empresa no mercado asiático de jatos regionais.
Além disso, no segmento de defesa e segurança, o principal destaque foi a menção a avançadas conversas com os Estados Unidos para potencial venda do avião de transporte C-390 Millennium.
Novas projeções: bancões mantêm boas perspectivas para EMBR3
O Banco do Brasil destacou que a Embraer atualizou suas projeções para 2024, reduzindo as projeções de entrega. Com isso, aumentou sua expectativa sobre a margem Ebitda ajustada para 9% a 10%. Anteriormente, a expectativa era que essa linha do balanço fechasse o ano entre 6,5% e 7,5%.
“No geral, apesar da redução na estimativa de entregas, a revisão do guidance deve ter impacto positivo para as ações da companhia em nosso modelo e no mercado”, diz relatório do BB Investimentos.
O banco diz que permanece otimista com a empresa. Isso porque vê “forte geração de caixa, crescimento de margens e manutenção da baixa alavancagem”.
Assim, o banco tem recomendação de compra para EMBR3, com preço-alvo de R$ 60,00 para o final de 2025.
Santander destaca jatos executivos
Da mesma maneira, o Santander mostra “renovado otimismo” com destaque para o braço de jatos executivos da empresa (bizjets) e reitera classificação outperform (compra) para as ações da Embraer.
O banco destacou a sustentabilidade das margens da empresa.
“Em bizjets, a mudança no comportamento do consumidor e na demografia deverá sustentar uma forte procura, preços e margens daqui para frente”, avalia o Santander.
XP: Embraer tem China como mercado potencial
A XP destacou a projeção da Embraer, de perspectiva de crescimento de dois dígitos nos próximos anos. Assim, é esperada receita de US$ 10 bilhões, aproximadamente, até 2030.
Esse crescimento pode vir da penetração da empresa brasileira em novos mercados. A XP vê “China como um mercado inexplorado com grande potencial”.
Além disso, o banco de investimento também vê boas possibilidades na frente dos jatos executivos “com perspectivas positivas de rentabilidade”.
Outro ponto é a oferta de aviões do segmento de defesa para os Estados Unidos. Para a XP, a aeronave C-390 (de uso militar) será “o principal impulsionador de crescimento” da EMBR3 daqui em diante.
A aproximação com os Estados Unidos significa “maior foco” na venda de aeronaves para “o maior mercado endereçável de defesa do mundo”.
“Os recentes contratos, especialmente para o C-390 Millennium, estão aumentando significativamente a carteira de pedidos da Embraer. A carteira atingiu US$ 22,7 bilhões, maior nível em 9 anos”, destaca o economista e especialista em mercado financeiro Fabio Louzada.
Contudo, a XP tem recomendação neutra para as ações da Embraer.
Itaú BBA ainda tem EMBR3 entre as ‘principais escolhas’
Em relatório divulgado depois do Investor Day da Embraer, o Itaú BBA disse que “a mensagem geral foi positiva” e que a Embraer está focada em “produtos de alta qualidade e segurança”.
“Continuamos a considerar a Embraer uma das nossas principais escolhas (ao lado de WEG e Marcopolo), apesar da ação ter superado seus níveis históricos de valorização”, destaca o BBA.
O EV/EBITDA (valor da empresa/Ebitda) para 2025 está em 8,7 vezes. Assim, a empresa está 20% acima da média histórica nesse indicador.
Voo de cruzeiro? Ainda não
Apesar do aparente desânimo do mercado com a Embraer após os anúncios da segunda-feira, a empresa pode registrar novas altas. Assim pensa Vito Angelo, analista da CM Capital. Ele vê grande potencial relacionado aos novos acordos, principalmente com os Estados Unidos.
“Para o longo prazo, é um ativo que tem grande potencial de valorização, não só pelo acordo, mas também devido à aceleração econômica americana, que corresponde a 55,41% da sua geração de receita”, diz Angelo.
“Ou seja, as condições estão cada vez mais favoráveis para a empresa, até mesmo pelos negócios geradores de receita para ela”, acrescenta.
Competição da EMBR3 com a Boeing
O sucesso da Embraer nos Estados Unidos está relacionado com algumas vitórias da empresa brasileira em relação à concorrente local Boeing.
A Embraer venceu um processo de anos contra a concorrente por arbitragem entre as duas. Com isso, a companhia brasileira acabou ganhando cerca de US$ 150 milhões de dólares, “um resultado que mexe na balança orçamentária de ambas as empresas”, detalha Angelo.
Com isso tudo, essa é “uma ótima oportunidade de compra”, diz Angelo, que prevê preço-alvo em R$ 62,71.
Reconfiguração do mercado global de aviação
Para Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, a Embraer se beneficiou da crise da Boeing principalmente devido à reconfiguração do mercado global de aviação.
“A Boeing enfrentou sérios problemas com seu modelo 737 MAX, o que atrasou a entrega de aeronaves e abalou a confiança na companhia. Isso abriu uma janela de oportunidade para a Embraer, que possui uma linha de jatos regionais altamente demandada, especialmente por companhias aéreas que precisavam substituir ou expandir suas frotas”, diz Silva.
Além disso, a crise da Boeing gerou uma reavaliação das estratégias de fusões e aquisições no setor, o que fez com que a Embraer ganhasse relevância no mercado de aviação, atraindo maior interesse de investidores e até de outras fabricantes.
“Com isso, a Embraer conseguiu ampliar sua participação no mercado e consolidar parcerias estratégicas, tornando-se uma alternativa forte ao gigante americano”, arremata o analista da Nova Futura.
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