Desanimado com Brasil, CEO da Itaúsa (ITSA4) descarta novos investimentos

Segundo Alfredo Setubal, só faria sentido adquirir um ativo que proporcionasse rentabilidade ao redor de 17% ao ano

Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa e membro do conselho de administração do Itaú — Foto: Inteligência Financeira/Junior Mantovani
Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa e membro do conselho de administração do Itaú — Foto: Inteligência Financeira/Junior Mantovani

O Brasil deve manter o cenário atual de baixo crescimento econômico e juros altos. O que reduz muito o universo de ativos atraentes para investimento de longo prazo.

A avaliação é do presidente-executivo da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setubal, ao comentar que considera improváveis novas aquisições nos próximos anos.

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Segundo ele, diante das condições econômicas atuais, só faria sentido para a companhia adquirir um ativo que proporcionasse rentabilidade ao redor de 17% ao ano.

“Nesta conjuntura de juro alto e baixo crescimento não é fácil”, disse Setubal.

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A expectativa majoritária do mercado é de crescimento do PIB brasileiro ao redor de 2% anuais nos próximos anos, segundo o boletim Focus do Banco Central.

Além disso, o mercado projeta que a taxa básica de juros, hoje em 10,5% ao ano, deve ser manter próxima dos níveis atuais até o fim de 2025.

Carteira da Itaúsa

Desde 2017, a Itaúsa entrou num ciclo de aquisições em empresas não financeiras para não depender totalmente de seu principal ativo, o Itaú Unibanco (ITUB4).

Assim, comprou 27% da empresa de marcas esportivas Alpargatas (ALPA4), em 2017; 49% da Copagaz, em 2020; 8,5% da operadora de gasodutos NTS, em 2021; adquiriu 15% da XP (XPBR31), da qual depois desinvestiu; assumiu 13% da empresa de saneamento Aegea (2021); comprou 10% da operadora de concessões de logística CCR (CCRO3), em 2022.

Ainda assim, o Itaú respondeu por 94,4% do lucro da Itaúsa no primeiro semestre de 2024, praticamente no mesmo nível que tinha antes dos investimentos não financeiros da holding.

Na noite de segunda-feira, a Itaúsa anunciou que teve lucro líquido R$ 3,76 bilhões no segundo trimestre, alta anual de 4,7%.

Dividendos ITSA4

Dessa forma, o foco da holding no momento é manter a tendência de reduzir o endividamento.

A dívida líquida da companhia, inclusive, caiu 70% no período de 12 meses encerrado em junho, para R$ 833 milhões.

Um próximo passo, disse Setubal, é levar as companhias não financeiras do conglomerado a elevarem seus níveis de lucratividade.

Isso permitiria à Itaúsa elevar nível de distribuição de dividendos aos acionistas.

Atualmente, disse o executivo, o dividend yield da holding é de cerca de 9% ao ano.

Isso não é possível no momento, porque várias delas, como Aegea e CCR, estão num ciclo acelerado de investimentos, explicou.

Itaúsa não vai elevar participação no Itaú

Esses são, aliás, dois dos ativos que Setubal vê como de maior potencial de crescimento na carteira da Itaúsa nos próximos anos.

Em outra frente, o executivo afirmou ver o Itaú “muito bem posicionado no mercado financeiro nos próximos anos”.

Apesar disso, não há planos de elevar a fatia no banco. A Itaúsa tem 37,3% do capital do Itaú.

Assim, a Itaúsa se vê satisfeita com seu portfólio atual. Por isso, não planeja se desfazer de nenhum ativo. Setubal também descartou compras fora do Brasil.

Em 2024 até esta terça-feira (13), ITSA4 acumula valorização de 24,5%, enquanto o Ibovespa teve alta de cerca de 12% no período.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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