BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) despencam no Ibovespa com caso de doença de Newcastle
Ações de frigoríficos amanhecem em queda no Ibovespa com caso confirmado de doença de Newcastle; BRF (BRFS3) lidera perdas
Os frigoríficos amanheceram em queda na bolsa de valores nesta quinta-feira (18) após o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmar um caso de doença de Newcastle, gripe aviária altamente contagiosa entre aves comerciais. No Ibovespa, as ações da BRF (BRFS3) caíram 8%, mas a Marfrig (MRFG3) assumiu assumiu a liderança entre as quedas e despenca 9% na bolsa. As cotações são de 16h53.
O MAPA diz em nota publicada na noite de quarta-feira que já adotou medidas para conter a doença, e informou que o consumo de produtos avícolas inspecionados “permanece seguro e sem contraindicações”. Mas o foco da gripe, o município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, implica em problemas para os frigoríficos da bolsa porque o Estado é o terceiro maior exportador de proteína animal do Brasil.
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O que é a doença de Newcastle?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH, em inglês), a doença de Newcastle é causada pelo vírus da família avulaevirus. Ela é altamente contagiosa, segundo o órgão, principalmente entre galinhas criadas em cativeiro. Mas o patógeno também afeta aves silvestres.
A doença de Newcastle é contagiosa entre humanos. Gabriel Boente, analista da consultoria de derivativos de agronegócio Mynd afirma que, por isso, é difícil de conter qualquer caso do vírus.
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BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) não escaparam do impacto negativo, contudo, já que as ações despencam no Ibovespa neste momento.
A doença é transmissível por secreções de aves, assim como por substâncias e líquidos que carregam o vírus, como ração, água roupas e fios.
Em nota, o MAPA afirma que, uma vez detectado o caso da doença, o estabelecimento agrícola foi imediatamente fechado, “incluindo a suspensão de de movimentação das aves”.
Por que BRF (BRFS3) e frigoríficos estão caindo?
Para Boente, o principal problema observado pelo mercado no momento é o risco de possíveis embargos comerciais ao Brasil provocados pelo caso de Newcastle.
“O Rio Grande do Sul (onde foi confirmado o caso) é o terceiro maior exportador de proteína avícola do Brasil, com 14% das exportações”, afirma o analista.
“Geralmente, qualquer notícia de gripe no Brasil vem seguida de um embargo, porque os importadores param de comprar”, completa. Ele diz que a BRF é a empresa mais afetada entre os frigoríficos e por isso as ações caem mais de 6% nesta quinta. A Marfrig (MRFG3), que é a controladora da dona da Sadia, sofre mais em seguida.
“Mas o setor de frigoríficos no geral derrete.”
Esta é a mesma visão do Itaú BBA.
Embargo pode prejudicar mais (BRFS3) do que JBS (JBSS3)
Em relatório, o banco de investimentos remonta à época em que o MAPA detectou um foco da doença pela última vez, em 2006.
“Naquele período, o Brasil sentiu o efeito de alguns embargos de exportação com foco em Estados onde a doença havia sido detectada”, dizem os analistas Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, que assinam o documento.
Se esse cenário ocorrer, as operações da BRF (BRFS3) e da Seara, divisão avícola da JBS, podem provocar uma sobre oferta no mercado doméstico. O excedente de carne de frango e derivados pode prejudicar as margens das companhias, afirma o Itaú BBA.
Além disso, um possível choque de oferta de avícolas pode prejudicar o preço de carnes bovinas.
O banco nota que 25% da receita da BRF (BRFS3) depende de exportações, enquanto 6% do faturamento da JBS vem da comercialização internacional de frango.
Não por acaso, a ação da JBS (JBSS3) é a que menos cai entre os principais frigoríficos, registrando baixa de 2,51%.