Plano estratégico deve definir rumo das ações da Petrobras; confira o que esperar

Plano estratégico define investimentos da Petrobras (PETR3); analistas dizem que é um dos gatilhos mais importantes para as ações em 2024

Plano estratégico pode determinar rumo das ações da Petrobras. Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/Reuters
Plano estratégico pode determinar rumo das ações da Petrobras. Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/Reuters

Investidores da Petrobras (PETR3;PETR4) aguardam o plano estratégico da empresa, a ser divulgado em novembro, como uma espécie de gatilho para a ação no ano. O mercado espera pelo impulso (ou queda) das ações da Petrobras com cautela. E aguarda possíveis alterações no dinheiro guardado para investimentos da estatal.

Analistas ouvidos pela Inteligência Financeira aguardam aumento do custo de capital adquirido (capex) da Petrobras, assim como aumento do limite de dívida bruta da empresa. A escalada no capex, contudo, não seria de imediato, o que pode fomentar dividendos extraordinários para as ações da Petrobras no curto prazo. Mudanças drásticas nos proventos, contudo, podem levar as ações a despencar.

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O efeito do plano estratégico sobre ações da Petrobras

O plano estratégico da Petrobras (PETR3) em 2024 deve mirar em expansão de endividamento e aumento de recursos para investimentos. Além disso, o cronograma, que contém projeções da estatal de 2025 a 2029, deve mostrar atualização do cálculo de aporte para projetos envolvendo produção de petróleo, refino e de baixo carbono.

É o primeiro plano sob a nova diretoria da Petrobras e comando da presidência pela engenheira Magda Chambriard. Ela assumiu o posto de CEO da petroleira após a demissão de Jean Paul Prates.

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No último ano, a Petrobras projetou investimento de US$ 102 bilhões até 2028, ou seja, cerca de US$ 20,4 bilhões por ano.

A expectativa é que esse capex suba, à medida que a Petrobras sob Chambriard deve focar em investimentos de produção e refino, conta Felipe Reis, estrategista-chefe de ações da EQI Investimentos. Nos cálculos do analista, o aumento pode variar entre US$ 13 bilhões e US$ 14 bilhões.

Por ano, assim, o custo de capital adquirido da Petrobras pode subir US$ 2 bilhões. O mercado deve olhar o número com “lupa”, diz Reis, para ditar o impacto nas ações da Petrobras.

“Seria uma curva de gastos crescente, com uma escadinha mais para frente”, diz. “Ou seja, um capex menor em 2025, mas maior até o final da execução do plano estratégico, em 2029.”

O mercado pode receber o aumento de capex bem ou mal, dizem especialistas.

A Ativa Investimentos acredita que um possível aumento dos US$ 11,5 bilhões projetados para projetos de baixo carbono no último plano “preocupa” o mercado. Isso porque são menos rentáveis que exploração e produção de petróleo.

Meta fiscal é decisiva para futuro da Petrobras

Mas aumentar o capex significa, na outra ponta, diminuir o repasse de dividendos a acionistas. Isso, portanto, teria algum efeito negativo sobre as ações da Petrobras. Se despesas operacionais sobem, afinal, a petroleira diminui o que sobra para o caixa operacional, de onde saem os proventos.

A necessidade do governo federal de atingir a meta fiscal de déficit zero para 2025, contudo, deve levar a Petrobras a diminuir o capex, afirma Zein Malek, analista da Eleven Financial.

Nesse sentido, o analista vai na contramão do consenso do mercado sobre a estratégia da Petrobras sob Chambriard.

“Se aumenta o capex, isso significa reduzir dividendo por ações da Petrobras. Se reduz o dividendo se corta mais o gasto”, explica Malek.

Acionista controlador da empresa, o governo federal espera receber um fluxo contínuo de US$ 10 bilhões em dividendos da Petrobras, de acordo com o Projeto de Lei do Orçamento (PLOA) para 2025.

“Quando olhamos para o interesse do maior acionista da empresa, existe um alinhamento (com queda de capex)”, diz o analista. O mercado, claro, deve louvar a notícia de manutenção, ou até mesmo alta, de dividendos. Nesse caso as ações subiriam.

‘Agressividade’ com dívida e caixa pode levar ações a subirem

Outra alteração esperada pelo mercado é uma mudança no endividamento limite da Petrobras (PETR3). A petroleira hoje tem teto de US$ 65 bilhões para despesas e a diretoria sinalizou que deve ampliá-lo.

Analistas dizem que uma Petrobras “mais agressiva” ao lidar com a estrutura de capital deve agradar aos investidores e valorizar as ações, uma vez que a empresa tem ampla capacidade de financiamento.

Malek diz que a Petrobras (PETR3) se beneficia do processo de tax shield, em que o pagamento de juros amortece despesas com impostos.

Nesse sentido, a mudança de endividamento mínimo demonstraria agressividade, “o que seria até saudável”.

Mas uma inversão de expectativa pode ocorrer se a Petrobras der sinais de que não deve controlar o endividamento, afirma Marcos Duarte, analista da Nova Futura.

Afinal, o aumento de teto da dívida seria mais bem recebido se a Petrobras aproveitar o dólar alto (R$ 5,73) e buscar financiamento no exterior.

Se resolver gastar com projetos de pouco retorno e sofrer estresse com endividamento, as ações da Petrobras podem cair após o anúncio do plano, completa Duarte.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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