Ações da Petz (PETZ3) caem após resultado abaixo do esperado; empresa anuncia emissão de debêntures
Analistas apontam tendências desafiadoras; empresa diz que aquisições foram frustradas
A Petz (PETZ3) reportou um quarto trimestre fraco, conforme o previsto, avaliam os analistas de diferentes bancos nesta quinta-feira (9). Os resultados refletiram as tendências desafiadoras do ano, com desaceleração da receita e erosão da lucratividade, segundo o Santander.
O banco diz que a varejista mostrou uma ligeira desaceleração no crescimento das vendas no trimestre, com o desempenho sustentado principalmente pelo e-commerce, que cresceu 42,5% em base anual, mantendo sua participação de 36% no mix de canais. Já a margem bruta foi pressionada devido à maior participação das vendas digitais, ao mix de produtos e ao “ramp-up” de um novo centro de distribuição em Goiás.
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“Em relação aos negócios adquiridos, os seus desempenhos globais foram fracos, como esperado, com a Zee Dog ainda sofrendo em razão da conjuntura macro desafiadora na sua divisão internacional, enquanto que, no Brasil, a natureza mais discricionária dos seus produtos também prejudicou as vendas, levando consequentemente à desalavancagem operacional e outro trimestre de Ebitda negativo”, indicam os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
Já para Petix, as vendas ficaram praticamente estáveis em relação ao ano anterior, prejudicadas pelo reajuste de preços anunciado pela empresa para o quarto trimestre, que fez com que parte da demanda migrasse para o final do terceiro trimestre.
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Perspectivas
Os analistas também destacam as perspectivas da Petz para 2023, com foco na rentabilidade, buscando melhorar a margem do canal digital e mais eficiência na expansão das lojas, à medida que reformula a oferta de serviços para obter maior rentabilidade. A empresa também anunciou uma nova estrutura organizacional para aumentar a coesão entre as unidades de negócios.
“No entanto, acreditamos que resta saber se esses esforços serão suficientes para reverter totalmente as tendências recentes de desaceleração da receita e erosão da lucratividade e conduzir a empresa de volta à expansão sustentável e lucrativa”, afirmam os analistas.
O Santander mantém a recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 12 para as ações da Petz, o que representa um potencial de valorização de 81,5% ante a cotação registrada há pouco, de R$ 6,61.
BTG: margem pressionada
A Petz reportou expansão razoável no quarto trimestre, sem grandes surpresas, desacelerando em relação aos trimestres anteriores, como esperado, e com margem pressionada, tendência que deve persistir nos próximos trimestres, avalia o BTG Pactual, em relatório.
O crescimento autônomo de vendas mesmas lojas avançou devido a comparações difíceis, com 18 aberturas de lojas no trimestre, totalizando 50 novas lojas nos últimos 12 meses, escrevem os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis.
Segundo eles, o canal digital da Petz voltou a apresentar forte desempenho, e a Zee.Dog teve queda no faturamento bruto, com a Petix, consolidada pela Petz no terceiro trimestre, apresentando crescimento de vendas de 0,9%. A receita bruta consolidada veio 3% acima da projeção, dizem.
As margens, por sua vez, foram novamente impactadas por expansão, mix de vendas e aquisições recentes, em parte compensadas por ganhos de eficiência em marketing, frete e menor remuneração variável no período, dizem os analistas.
O BTG Pactual tem recomendação de compra para as ações da Petz, com preço-alvo de R$ 26, acima do valor de R$ 6,60 negociado no momento na B3.
Ativa: resultados abaixo do previsto
A Petz reportou resultados abaixo das expectativas no quarto trimestre de 2022, impactado pelo desempenho em lojas físicas e aquisições e pela pressão em suas margens, de acordo com a Ativa Investimentos, em relatório.
A receita veio 16% abaixo da projeção, impactada positivamente pelo destaque no digital, mas negativamente pelo baixo desempenho de aquisições e lojas físicas, escreve o analista Pedro Serra, em relatório. O destaque no trimestre foi o crescimento digital, que apresentou penetração de 37,9%, afirma.
A margem bruta, por sua vez, foi impactada pela consolidação da Petix, e a margem Ebitda foi impactada pelo ritmo de expansão geográfica, que prejudica o curto prazo, escreve o analista. Apesar dos desafios intensos no curto prazo, o analista vê benefícios de longo prazo, com a reestruturação das despesas e crescimento na margem.
A Ativa Investimentos tem recomendação de compra para as ações da Petz, com preço-alvo de R$ 10, potencial de alta de 52% ante o valor negociado no momento na B3.
Petz deve desacelerar expansão, diz Goldman Sachs
A expansão acelerada continuou cobrando um preço no balanço da Petz, afirma o Goldman Sachs, que atribui ao ritmo de crescimento a responsabilidade pela queda da margem Ebitda da empresa no quarto trimestre. A maior participação no mercado digital e o mix de vendas também impactaram os resultados no período. A receita bruta consolidada cresceu 35% no ano, com a penetração on-line chegando a 38% das vendas brutas no quarto trimestre.
Na Petz isolada (excluindo aquisições: Zee.Dog, Cansei de Ser Gato e Petix) a receita bruta cresceu 22% no ano, impulsionada pelo crescimento de 22% da área de vendas e de 43% no canal digital, atingindo uma penetração de 36% no período, ante 31% no quarto trimestre de 2021.
A receita bruta da Zee.Dog caiu 3 no ano. Segundo a empresa, isso pode ser explicado principalmente por uma menor venda direta ao consumidor no segmento internacional, no contexto de maior inflação global impactando as categorias discricionárias.
Em comunicado divulgado ao mercado pela Petz, a empresa destacou que seu foco para 2023 é a lucratividade, reiterando o objetivo de manter margens estáveis na Petz autônoma. Para isso, a empresa planeja abrir menos lojas novas, entre 30 e 40 unidades, similar às 35 inaugurações esperadas pelo Goldman Sachs. Para o banco, isso deve melhorar o nível de maturidade das lojas e ajudar nas iniciativas para aumentar a rentabilidade do canal digital.
Para as empresas adquiridas, o foco continua na integração e extração de sinergias, principalmente na Zee.Dog, onde as margens ficaram abaixo da expectativa do banco no quarto trimestre.
O Goldman Sachs mantém a sua indicação de compra das ações da Petz, com preço-alvo de R$ 9,10, uma valorização potencial de 34,4% sobre o preço atual dos papéis.
Emissão de debêntures
O presidente do grupo de serviços e produtos para animais de estimação Petz, Sergio Zimerman, destacou que a emissão de debêntures do grupo, já anunciada, deve sair nos próximos dias. Durante teleconferência de resultados, o executivo disse que o mercado acabou ficando um pouco desfavorável no início do ano — por turbulências como o caso Americanas — que levou a operação a não ter sido concluída até agora.
A empresa anunciou em 16 de janeiro os planos de emissão de uma debenture no montante de R$400 milhões, de modo a assegurar os recursos para os próximos anos de crescimento. Mesmo com o cenário mais desafiador, a empresa disse que está avançando de forma concreta em alternativas que continuam a refletir condições comerciais e custo de dívida próximos aos que foram anunciados anteriormente (i.e. CDI + 1,55% a.a. com o prazo de 5 anos).
Aquisições foram frustradas, diz presidente
O presidente do grupo de serviços e produtos para animais de estimação Petz, Sergio Zimerman, fez um mea-culpa acerca dos impactos negativos das aquisições sobre os resultados da empresa no ano passado. “O que contribuiu para a margem ficar distante do que a gente esperava foram as aquisições. As mudanças de mercado afetaram os itens discricionários. De verdade atrasamos um cronograma que já poderia estar adiantado. É uma frustração para nós e para o mercado”, disse o executivo, durante teleconferência de resultados nesta quinta-feira.
As margens foram impactadas por um desempenho abaixo do esperado das empresas adquiridas, principalmente da Zee.Dog, diante de fatores macro impactando demanda no Brasil e exterior; curva de captura de sinergias mais lenta do que previsto; e investimentos em novos produtos e projetos.
“A gente continua convicto de que as aquisições foram corretas. Mas gerarão frutos com um pouco mais de delay”, disse o presidente.
A expectativa, segundo os executivos da empresa, é de que neste ano a rentabilidade das empresas adquiridas deve melhorar, ajudando assim a puxar as margens do grupo.