Ricos têm bom conhecimento sobre finanças mas não planejam, mostra pesquisa

Além disso, alta renda tem medo de perder dinheiro em crises econômicas, golpes na internet e investimentos equivocados

O risco do dinheiro rápido - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O risco do dinheiro rápido - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os brasileiros mais ricos têm uma postura dicotômica em relação ao dinheiro. Isso porque 89% das pessoas de alta renda, obviamente, têm reservas para gastos imediatos e para o longo prazo. Porém, poucos se organizam financeiramente. Assim, apenas 20% situam-se no patamar considerado de alto planejamento financeiro. Agora, pasme: entre os que tem conhecimento avançado ou se consideram especialistas quando o assunto é dinheiro, 41% ainda mantêm investimento em poupança.

O relato está registrado na pesquisa sobre os mais ricos, chamada Itaú Personnalité: Brasileiros e a alta renda, realizada pelo Instituto Locomotiva, nacionalmente, no último trimestre de 2023.

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O levantamento ouviu mais de 1.000 pessoas com renda individual mensal a partir de R$ 10 mil.

O objetivo do estudo é compreender a relação desse público com o dinheiro, além de saber quais são as principais preocupações no que se refere ao bem-estar financeiro, investimentos e planejamento para o futuro.

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Quem são os ricos no Brasil?

A pesquisa sobre os investidores mais ricos recortou a população brasileira que representa 3% dos adultos do país, e que movimentam cerca de R$ 970 bilhões por ano.

Esta população, no entanto, vive alguns paradoxos em relação ao dinheiro.

Assim, 80% deles se dizem otimistas com a própria situação financeira. Esse total é maior entre os jovens (94%) do que entre os adultos com mais de 50 anos (70%).

Por outro lado, o medo de perder renda ou patrimônio também é grande. O receio vem principalmente de crises econômicas (68%), golpes na internet (71%) e investimentos equivocados (59%).

Da mesma forma, 77% afirmam ter conhecimento suficiente (médio ou avançado) para tomar decisões sobre o futuro financeiro. No entanto, a poupança ainda é uma alternativa expressiva para boa parte deles e 27% entre os que se consideram investidores arrojados.

Alta renda não consegue se organizar

A pesquisa sobre os mais ricos revela algo interessante.

Há uma lacuna entre conhecimento e prática.

“As pessoas estão mais interessadas na gestão e planejamento de suas vidas financeiras, mas ainda não conseguem organizar todas as informações que recebem para transformá-las em decisões. Por isso, ainda vemos uma participação da poupança relevante nas opções de investimento, mesmos entre os que se descrevem como arrojados. Já nas carteiras do Itaú Personnalité, essa proporção é significativamente menor. Isso é reflexo do trabalho de consultoria dos nossos especialistas em investimentos, que consideram um planejamento financeiro eficaz, considerando histórico, perfil, momento de vida e prioridades para o futuro de cada cliente”, comenta Adriana dos Santos, diretora do Itaú Personnalité.

Apenas 20% são disciplinados com dinheiro

Para aprofundar como o público de alta renda se organiza financeiramente, foi criado um índice agregado de planejamento na pesquisa, que avalia e pontua comportamentos recomendáveis.

Na lista estão, por exemplo, metas de longo prazo, controle de ganhos, reserva para emergências, aposentadoria e não estar inadimplente.

“O que observamos é que apenas 20% das pessoas ouvidas declaram ter toda essa disciplina na prática. Isso pode ter a ver com o histórico de baixo índice de educação financeira ao qual o brasileiro foi exposto ao longo da vida. Os resultados mostram interesse crescente no tema, busca ativa por informações na internet e nas redes sociais, mas clara insegurança em relação à tomada de decisão”, completa o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Em que os ricos investem

A pesquisa que mostra o comportamento dos ricos sobre dinheiro surpreendeu em mais um ponto.

Apesar de a alta renda declarar ter alto nível de conhecimento sobre finanças, o medo de errar nos investimentos os leva para investimentos super conservadores.

Assim, entre estes investidores, 51% preferem renda fixa.

E 39% declaram ter dinheiro em poupança

Mulheres querem saber mais sobre dinheiro do que os homens

Quando o recorte é feito por gênero, as mulheres demonstram maior interesse em aprender mais sobre investimentos.

Elas, então, representam 43% do total feminino, contra 34% do público masculino.

Porém, o comportamento dos dois gêneros coincide em um aspecto: metade das pessoas admite que conversar sobre dinheiro com companheiros ou familiares ainda gera desconforto e estresse.

“Falar sobre finanças ainda é tabu. Por isso, é preciso simplificar a linguagem e trazer o tema para o dia a dia. Planejamento de vida e de futuro não precisa ser solitário, ao contrário, a construção em conjunto, dentro das famílias, levará a um retorno mais sustentável para todos”, esclarece Adriana.

Novo papel dos bancos

Assim, o papel do banco na vida das pessoas mudou. “No Itaú Personnalité, ao longo dos anos, nos especializamos em desempenhar uma posição de consultoria financeira, planejamento e apoio. É uma relação de longo prazo, mais próxima, humanizada e que entende que o nosso sucesso depende da prosperidade do nosso cliente. Temos buscado ir além da consultoria, mas também proporcionado eventos de experiência em nossos Investment Centers, com intuito de apoiarmos em temas para grupos e interesses específicos”, destaca a executiva.

Alta renda valoriza qualidade de vida

A pesquisa sobre o comportamento dos mais ricos contou com duas fases.

A primeira foi qualitativa e estabeleceu a coerência dos temas abordados. Aliás, nesta fase, o tema ‘qualidade de vida pós-pandemia’ surgiu de forma espontânea e recorrente entre os participantes e dominou boa parte das conversas de investigação com os grupos.

Devido à relevância, qualidade de vida foi um assunto incorporado na fase quantitativa, que fez parte da segunda fase.

Dessa forma, 65% dos brasileiros de alta renda afirmam ter passado a valorizar a qualidade de vida após a Covid-19.

Então, 66% dizem dar mais valor à família e 70% escolheriam ter mais tempo em vez de uma renda maior.

“O levantamento aponta como esse público está em busca de viver melhor, reconfigurando a sua relação com o trabalho, tempo e dinheiro”, conta o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Metodologia da pesquisa sobre os mais ricos

A pesquisa Itaú Personnalité: Brasileiros e a alta renda, realizada pelo Instituto Locomotiva com abrangência nacional, utilizou os métodos quanti e qualitativo.

O estudo usou questionários de autopreenchimento e grupos de discussão.

Foram entrevistadas 1.216 pessoas com mais de 18 anos e renda pessoal mensal de R$ 10 mil ou mais.

A margem de erro da pesquisa é de 2,8 pontos percentuais.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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