Bill Ackman: como o gestor pretende usar status de influenciador para captar US$ 25 bi na bolsa

Celebridade do X, de Elon Musk, ele fala sobre política, ativismo universitário e ganha muito dinheiro

Bill Ackman, um dos grandes nomes do mercado financeiro global. Foto: Mike Blake/Reuters
Bill Ackman, um dos grandes nomes do mercado financeiro global. Foto: Mike Blake/Reuters

Bill Ackman, uma das figuras mais conhecidas – e polêmicas – de Wall Street, está usando seu novo status de influenciador digital para turbinar uma nova empreitada. Ele quer tirar do papel a oferta pública de ações (IPO, na sigla inglês) de um novo fundo de investimentos, o Pershing Square USA.

O desafio é grande.

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Após uma série de estreias do tipo pouco antes da crise financeira de 2008 e 2009, o mercado de IPOs azedou para os fundos de gestão ativa, assim como esse proposto por Ackman.

Mas o plano do investidor é aproveitar sua fama nos Estados Unidos, catapultada para além do mercado financeiro por sua atuação no X, de Elon Musk, onde mantém status de celebridade.

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E com isso, fazer de seu novo produto, um sucesso como poucas vezes vistas no maior mercado financeiro do mundo.

Bill Ackman e o X

Bill Ackman ingressou no X em 2017, quando a rede ainda se chamava Twitter.

Tímido, suas poucas postagens naquele ano e no seguinte compartilhavam fotos dele próprio posando na fila da rede de fast food Chipotle, um de seus maiores investimentos.

Hoje, ele usa a rede com a mesma intensidade de novo dono, Elon Musk. Apenas alguns outros titãs das finanças têm mais de 100 mil seguidores.

Seu inimigo de longa data, por exemplo, o gestor de fundos de hedge Carl Icahn, tem neste momento 462 mil seguidores. Ray Dalio, fundador do fundo de hedge Bridgewater Associates, empata com Ackman, com 1,4 milhão. Com a diferença que apenas alguns meses, no começo do ano, Bill Ackman contava com pouco mais de 800 mil seguidores.

A explicação para esse crescimento está relacionada ao tipo de conteúdo publicado. Enquanto Dalio usa a rede para falar de economia, finanças e gestão, Ackman toca em temas mais espinhosos.

Política e ativismo universitário

Neste momento, ele faz uma campanha aberta para a eleição de Donald Trump à Casa Branca. Nesse ponto, o gestor e Elon Musk se amplificam, um pegando carona no outro, principalmente em críticas ao atual presidente, Joe Biden.

No ano passado, Bill Ackman usou sua conta para travar uma campanha pública e agressiva que culminou com a expulsão de Claudine Gay, presidente da Universidade de Harvard, por sua resposta a queixas de antissemitismo, bem como a alegações de plágio.

Ele passou dessa luta para uma luta sobre diversidade, equidade e inclusão, enquanto questionava se Gay, que é negra, foi contratada por causa da cor da pele. A dúvida lançada gerou acusações de que o gestor era racista e agressor.

Ben Eidelson, professor da Faculdade de Direito de Harvard, chamou Bill Ackman de “intruso”. Em dezembro, disse ao jornal The New York Times, que “não podemos funcionar como uma universidade se prestarmos contas a caras ricos aleatórios e às turbas que eles mobilizam no Twitter”.

Quem é Bill Ackman?

Bill Ackman se tornou bilionário ao seguir o modelo de ataque corporativo iniciado na década de 1980 por Icahn, Nelson Peltz e outros tubarões de Wall Street. Nele, por exemplo, os investidores assumem participações importantes em empresas e começam a exigir mudanças.

No final de 1992, aos 26 anos, Ackman e um colega de classe de Harvard, onde estudou, criaram seu primeiro fundo de hedge, o Gotham Partners.

Ele arrecadou US$ 3,1 milhões no total. O investimento foi ancorado por Marty Peretz, proprietário do The New Republic, que foi professor de Ackman em Harvard e mentor. O restante do dinheiro ele conseguiu ligando para mais de 100 membros da lista Forbes 400, que lista as 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos.

A Gotham Partners rapidamente atraiu a atenção da mídia local.

O grande motivador foi uma oferta malsucedida para comprar o complexo Rockefeller Center.

Investimento de US$ 1 bilhão

A grande tacada, afinal, aconteceu em 2002.

Ackman começou a dizer às agências de risco, aos órgãos de regulação, aos investidores e a qualquer pessoa que quisesse ouvir que a MBIA, a maior seguradora do mundo, tinha subestimado seu prejuízo, sem constituir reservas suficientes para segurar o tranco.

Na época, a empresa tinha nota AAA de crédito, a mais alta possível.

Paralelamente, o gestor-investidor comprava opções que renderiam na medida em que as ações da empresa cairiam. Esse é um formato de investimento chamado de venda a descoberta.

Eliot Spitzer, então procurador-geral de Nova York, iniciou uma investigação para saber se Ackman estava envolvido em algum esquema de manipulação de mercado.

Demorou quase seis anos, durante os quais ele fechou a Gotham Partners e fundou a Pershing Square. Mas, no final de 2007, Ackman venceu a disputa. A MBIA assinou acordos por acusações de fraude civil com os reguladores e pagou multas pesadas. A Pershing, assim, gerou mais de US$ 1,1 bilhão em lucros.

Pershing Square e Bill Ackman

Após essa vitória, Bill Ackman entrou num período de retornos estelares, alguns dos melhores de Wall Street. Ganhou muito dinheiro durante a crise financeira do subprime.

O gestor começou a viver, de fato, como um bilionário. Comprou um jato particular. Reportagens do Wall Street Journal diziam que ele contratou um estilista, embora Ackman tenha dito que simplesmente pediu a alguém que trouxesse tecidos e recomendações para ternos de negócios. Contratou um personal trainer, que o acompanha até hoje.

No entanto, várias apostas, iniciadas em 2011, tornaram-se desastres de grande repercussão.

Bill Ackman x Herbalife

A mais famosa dela, o processo conhecido como Bill Ackman x Herbalife. A ação de Bill Ackman contra a empresa de suplementos nutricionais Herbalife. Segundo o gestor, a Herbalife, que operava no formato de marketing multinível, era na verdade um grande esquemas de pirâmide.

“Esta é uma empresa criminosa”, disse Ackman em 2014. Ele disse que levaria a luta “até os confins da terra” e organizou reuniões, conduziu pesquisas e apelou constantemente aos reguladores para fechar o negócio.

E embora a Herbalife tenha sido forçada pelas autoridades a pagar US$ 200 milhões aos consumidores prejudicados pelas suas práticas e a fazer alterações nos seus negócios, desta vez, ao contrário do que aconteceu com a MBIA, o investidor perdeu a briga.

Em 2018, Bill Ackman vendeu toda a sua posição na empresa e perdeu cerca de US$ 1 bilhão.

Pershing Square USA

De volta a 2024, reportagem publicada pelo Financial Times afirma que Bill Ackman teria dito a potenciais investidores, em reunião fechada, que sua presença nas redes sociais deve ajudar a conseguir um valuation elevado para a oferta pública do Pershing Square USA.

Ele também teria confessado que pretende realizar uma assembleia anual presencial de acionistas para seus investidores.

A inspiração seria na antiga e concorrida reunião anual da Berkshire Hathaway, comandada por Warren Buffett. Ackman teria dito, diz o Financial Times, esperar que o evento venha a atrair milhares de investidores.

Agora, é esperar pelo desenrolar dessa história. E descobrir se a nova empreitada de Ackman será contabilizada como mais um sucesso. Ou, novamente, um retumbante fracasso.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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