Reforma tributária: qual será o impacto no bolso dos “ultra ricos”?
Veja como ficam os fundos exclusivos, offshores e trusts no novo modelo, caso aprovado
A reforma tributária, um dos temas mais debatidos ao longo desse ano, propõe mudanças significativas para investidores de alta renda e para aqueles que usam estruturas sofisticadas de gestão patrimonial, como fundos exclusivos, empresas offshore e trusts.
Apesar de muitos pontos ainda não terem sido definidos, especialista já avaliam os potenciais impactos. A seguir, exploramos como essas mudanças podem influenciar a gestão de grandes fortunas, de acordo com a planejadora financeira Paula Bento, CFP pela Planejar.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Mudanças propostas pela reforma tributária para fundos exclusivos
Os fundos exclusivos, estruturados de forma personalizada para um único cotista e com aportes mínimos de cerca de R$ 10 milhões, têm sido uma escolha comum entre investidores de alta renda. Antes da reforma tributária, esses fundos eram tributados apenas no momento do resgate. Agora, a tributação passa a ser semestral por meio do come-cotas – antecipação de Imposto de Renda – com alíquota de 15% sobre os rendimentos, similar aos fundos abertos tradicionais.
Essa alteração pode reduzir a flexibilidade tributária que muitos investidores consideram uma vantagem. Paula Bento destaca que, caso aprovada, a medida poderá ter impacto financeiro relevante, mas lembra que a gestão dessas estruturas ainda oferece benefícios para sucessão e proteção patrimonial. “Mesmo com mudanças, é essencial avaliar prós e contras de forma personalizada. Assim, um planejamento cuidadoso será crucial para minimizar impactos”, explica.
Últimas em Planejamento financeiro
Offshores: a possibilidade de tributação anual
Já as empresas offshore, amplamente utilizadas para sucessão de bens e redução de tributos, também estiveram na mira das discussões da reforma tributária. Pelas novas diretrizes, os lucros dessas estruturas poderão ser tributados anualmente no Brasil, com alíquota unificada de 15%. Atualmente, o imposto só é pago quando os lucros são distribuídos e repatriados.
Há, ainda, propostas para oferecer alternativas, como a possibilidade de pagamento de 8% sobre o estoque acumulado ou parcelamento dos tributos devidos. “Essa discussão deve avançar nos próximos meses, e os investidores precisarão de análises detalhadas para decidir o que será mais vantajoso em cada caso”, comenta Paula.
Trusts: maior transparência e possíveis novas regras
Os trusts, usados em jurisdições internacionais para planejamento sucessório e proteção de bens, também fazem parte do debate.
A proposta da reforma sugere que os bens e direitos mantidos em trusts passem a ser declarados e tributados no Brasil em eventos como a criação do trust, distribuição de bens ou falecimento do proprietário.
Embora essas medidas tragam maior transparência, podem aumentar a carga tributária para famílias que utilizam essa estrutura. “A maior clareza nas regras será bem-vinda, mas os investidores precisarão avaliar se a estrutura ainda será vantajosa no longo prazo”, avalia Paula.
A gestão de grandes fortunas com a reforma tributária
De acordo com a planejadora, diante das incertezas e das mudanças previstas, a gestão de grandes fortunas demanda uma abordagem integrada que vá além da simples redução de impostos.
“O trabalho começa com uma análise aprofundada da vida do cliente, sua estrutura familiar e seus objetivos. Cada caso é único e exige soluções personalizadas e bem pensadas”, ressalta.
O processo inclui uma avaliação documental detalhada, diagnóstico de questões financeiras e fiscais, e um plano de ação priorizado. “Um acompanhamento constante pode não só aumentar a eficiência, como também proporcionar tranquilidade ao cliente, antecipando soluções”, explica.
A importância do planejamento financeiro
Independentemente do andamento da reforma tributária, o planejamento financeiro já se mostra essencial para organizar e proteger o patrimônio, especialmente em momentos de transição legislativa. Assim, Paula reforça que o planejamento vai além de impostos. “Trata-se de eleger prioridades, ajustar hábitos e criar estratégias sustentáveis para longo prazo, algo que beneficia desde pequenos investidores até grandes fortunas.”
Para os ultra ricos, o planejamento financeiro sofisticado é ainda mais crucial pela complexidade de suas carteiras. “Vemos grandes investidores expostos a serviços inadequados para seu volume de dinheiro, o que aumenta os riscos. Soluções personalizadas são indispensáveis para proteger e rentabilizar o patrimônio em qualquer cenário”, conclui.