Ano sabático: quanto custa e como organizar o bolso para viajar e fazer cursos

Experiência pode ser mais barata do que você imagina

- Ilustração: Renata Miwa
- Ilustração: Renata Miwa

A ideia de tirar um ano sabático como forma de se afastar temporariamente ganhou repercussão com a adesão de executivos importantes nas últimas décadas.

Depois de acumularem experiência e dinheiro, grandes nomes do mundo corporativo escolheram se recolher por um período determinado.

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No hebraico, shabbath significa algo como “dia de descanso”.

Mas, no mercado de trabalho, essa tendência não se limita a um tempo para “descompressão”. Porém, quase sempre envolve aprendizado ou aperfeiçoamento de qualificações.

Steve Jobs, por exemplo, tirou um ano sabático logo depois de sofrer um acidente e, enquanto se recuperava, voltou a estudar Ciência da Computação e Engenharia Elétrica.

Outros executivos aderiram com a finalidade de arejar os pensamentos antes de retomarem a carreira.

@sigaif

Tirar um ano sabático parece um sonho distante? Vem com a gente, que separamos dicas para tornar esse sonho possível. #inteligenciafinanceira #financas #investimentos #anosabatico

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Hoje, o sabático pode ser colocado em prática por quase todo tipo de profissional. É o que diz Thiago Godoy, educador financeiro da Rico. “Basta se planejar com bastante antecedência e ter clareza do que vai fazer durante esse ano sabático”, diz o especialista.

Godoy e outros explicam como tirar um ano sabático sem que o dinheiro acabe no meio do projeto.

Como se planejar

O período sabático começa necessariamente pelo planejamento, que deve ser feito com bastante antecedência. O recado é de Luciana Ikedo, educadora financeira.

“O valor mínimo necessário dependerá do custo de vida da pessoa e do que ela pretende realizar neste período. E essa questão será central para construir a estratégia”, explica.

Ao mesmo tempo em que a pessoa guarda o dinheiro, ela precisará amadurecer a ideia e definir alguns pontos, como o período desejado de sabático, que não precisa ser exatamente anual, “é possível encurtar isso a depender dos objetivos e do dinheiro disponível”, diz Patricia Palomo, head de Investimentos da Unicred.

“O tempo do sabático influencia uma série de outras decisões, como as atividades a serem realizadas e se será possível visitar outras cidades ou países. Em havendo mudança de local, é preciso identificar também com qual frequência será possível mudar e quais serão os locais de destino em cada período”, explica.

A especialista diz que, com esses aspectos definidos, já é possível ter uma ideia fiel do montante de recursos necessários para bancar a empreitada.

Porém, antes disso, o candidato ao sabático deve lembrar que, possivelmente, haverá gastos deixados no seu local de origem, “como aluguel, condomínio, plano de saúde, entre outros gastos, que também precisarão ser bancados durante esse período, a não ser que seja vantajoso para a pessoa cancelar os contratos”, lembra Patricia.

Experiência em cidade grande

Levando em conta alguns dos destinos mais procurados e uma vida que pode variar entre baixo e médio padrão, os custos para fazer um sabático podem variar entre R$ 25 mil e quase R$ 270 mil, segundo levantamento feito por Godoy a pedido da Inteligência Financeira.

“Nos EUA, um ano sabático em uma grande cidade, como Nova York ou Los Angeles, terá custo alto. Será preciso desembolar algo em torno de R$ 15 mil por mês, ou cerca de R$ 175 mil em um ano”, exemplifica Godoy.

Se a ideia for seguir para algum destino mais barato que permita estudar ou treinar o inglês, cidades como Johannesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul, podem ser uma solução mais barata, com o custo total ficando um pouco aquém dos R$ 160 mil, com gasto mensal de cerca de R$ 13 mil.

Se a pessoa optou por viajar para aprender espanhol, a Argentina pode ser um bom destino. Além disso, emorar em um país mais próximo e mais barato alivia o bolso. O custo de um ano sabático em Buenos Aires pode cair para pouco mais de R$ 43,4 mil, menos de um terço do necessário para morar nos EUA, com um gasto mensal em torno de R$ 3,6 mil.

* Valores levantados por Thiago Godoy / Rico; organização: Marcelo Andreguetti / IF

Dá para pagar menos

Uma pessoa que não tem uma renda tão alta também pode viabilizar um ano sabático, mas tudo dependerá da disciplina dessa pessoa para poupar parte da sua renda e investir todos os meses durante um bom período.

A solução pode estar em sair dos grandes polos turísticos, e ir para cidades pequenas. Na Argentina, por exemplo, dependendo da cidade e do padrão de vida que a pessoa determinar, é possível ter um custo de vida mais barato do que o experimentado no Brasil.

“Uma pessoa que tenha renda de R$ 3 mil aqui no Brasil e queira parar de trabalhar por um ano e aprender espanhol na Argentina pode escolher morar em uma cidade pequena ou média. Dessa maneira, seu custo de vida ficará em torno de 60 mil pesos argentinos por mês, o que dá cerca de R$ 2 mil, já incluindo o curso de espanhol. O custo total do ano sabático ficaria algo em torno de R$ 24 mil”, diz Godoy.

* Valores levantados por Thiago Godoy / Rico; organização: Marcelo Andreguetti / IF

Em quanto tempo é possível juntar o dinheiro?

No exemplo acima, com uma renda mensal de R$ 3 mil e um sabático de R$ 24 mil, o investidor pode poupar R$ 500 por mês e teria o valor disponível em 48 meses ou quatro anos. Isso se apenas manter o dinheiro na conta.

Mas é possível reduzir esse tempo pela metade contando com investimentos. “Se a pessoa poupar esse mesmo valor e colocar em um investimento simples como o Tesouro Selic ou CDB 100% do CDI, ela conseguiria alcançar os R$ 24 mil em apenas 39 meses ou um pouco mais de três anos”, diz Godoy.

“Ainda há opções com rentabilidades maiores que antecipam ainda mais esse sonho. Um CDB que renda 120% do CDI, alcançaria esse valor de 24 mil poupando R$500 por 38 meses”, completa o especialista.

Outros investimentos para acelerar o processo

A maioria das pessoas que optam por essa experiência, escolhem tirar esse período para aprender um novo idioma, diz Godoy, o que implica gastos extras e uma estratégia de longo prazo que inclui, entre muitos pontos, redução de gastos e investimento para aumentar a rentabilidade do dinheiro. 

Além dos já mencionados, as LCIs e LCAs também podem ser boas opções, principalmente para prazos um pouco maiores. “É muito importante ficar atento ao prazo de vencimento e esperar esse prazo se concretizar. Retirar o investimento antes do tempo pode acarretar em prejuízo para o investidor”, explica o planejador da Rico.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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