Dia dos Namorados: a vida financeira dos casais

Há casais em que cada um cuida do seu dinheiro, o que não é errado; mas o fato de não ter planos em comum tende a esvaziar o relacionamento

Comprar na baixa e vender na alta é possível? - Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Comprar na baixa e vender na alta é possível? - Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Quando se está apaixonado é normal pensar em dividir a vida e tudo mais com a pessoa amada. No entanto, há algo muito importante que será dividido e que dificilmente se fala: a vida financeira. Falar sobre dinheiro é um dos maiores assuntos tabus do Brasil. Além disso, este hábito – ou a falta dele -, pode decretar o fim de uma relação. Afinal, namorados devem tratar sobre dinheiro?

Namorados e dinheiro

Dinheiro é o motivo mais frequente das desavenças entre casais

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As questões financeiras representam o motivo mais frequente de brigas entre casais, também representa o segundo motivo formal para divórcios, perdendo apenas para os casos extraconjugais.

Ao contrário do que se pensa, não é somente a falta de dinheiro que causa desavenças entre namorados e casais de um modo geral.

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O grande problema, nesse caso, é a falta de diálogo sobre o assunto.

3 situações entre namorados e dinheiro

Imagine três situações em que ambos os pares têm dinheiro. Nenhum depende do outro financeiramente. Cada um faz a gestão dos seus recursos e, por isso, simplesmente acreditam que não precisam conversar sobre o assunto.

Veja as situações abaixo:

Situação 1 – Um gosta de ir a shows e o outro não gosta. Um gosta de ir à praia e o outro não gosta. Por não dependerem financeiramente um do outro, cada um faz o que prefere.

Situação 2 –  Tudo está indo relativamente bem entre o casal. Até que eles decidem ter um filho. Nesse caso, apenas um dos cônjuges se vê arcando com as despesas financeiras da criança.

Situação 3 – Quando se uniram, ambos tinham preferências parecidas e o mesmo nível de renda. Entretanto, com o passar do tempo, um dos cônjuges passa a ter um rendimento maior e assume um padrão de vida mais sofisticado, que o outro não tem condições de acompanhar.

Creio que você já imaginou o destino destes relacionamentos.

Na situação 1, as desavenças vão ocorrer, mas será creditada às diferenças de gostos; na situação 2, as brigas serão entendidas como falta de atenção à criança por parte de um dos cônjuges.

Já na situação 3, um dos cônjuges vai concluir que o sucesso “subiu à cabeça” do outro. Só que, na verdade, em todos os casos o que faltou mesmo foi diálogo sobre dinheiro.

O que vale é o acordo

Não há certo nem errado desde que seja acordado

Há cônjuges que escondem seus rendimentos um do outro.

Há casais em que cada um cuida do seu dinheiro, o que não é errado, mas o fato de não possuir nenhum plano, um objetivo em comum tende a esvaziar o relacionamento com o passar do tempo.

Se vocês compartilham a vida, já compartilham o dinheiro também!

Fale sobre dinheiro

Então, se você está namorando e a relação está ficando séria, inclua a pauta financeira nos diálogos do casal. Se vocês já são casados ou moram juntos e não falam sobre dinheiro, conversem a respeito!

Afinal, vocês compartilham a vida e o dinheiro. Os boletos do dia a dia fazem parte da vida e também serão compartilhados. Logo, é preciso definir regras para isso.

Ainda que não tenhamos aprendido na escola, e raras são as famílias que abordam o assunto, pelo fato do dinheiro ser um dos grandes assuntos tabus da sociedade, entenda uma coisa. O início do fim de um tabu é quando começamos a falar sobre o assunto.

Acordos entre os casais

Para te ajudar a iniciar a difícil tarefa de quebrar um tabu, minhas dicas são:

  • Naturalize a fala a respeito de dinheiro: acrescente o assunto economia e finanças nos encontros do casal e nos assuntos informais, do cotidiano. Falem sobre o aumento dos preços, inflação, taxa Selic. Troquem ideias sobre o melhor tipo de investimento, sobre os preços em geral e sobre os interesses em comum;
  • Converse francamente: sobre onde vão morar, se pretendem alugar ou comprar um imóvel, qual será o regime de comunhão de bens, qual é o rendimento de cada um, como será a divisão das despesas e quais são as despesas essenciais para cada um.
  • Estabeleça regras: minha sugestão é estabelecer regras para a participação que cada um terá que cobrir das despesas conjuntas. Para isso, é preciso mapear e conhecer as despesas comuns. Normalmente são: alimentação, aluguel/prestação da casa própria, condomínio, energia elétrica, internet, assinatura da TV.
  • Tenha planos conjuntos e reserva de emergência: além das despesas é importantíssimo ter um fundo para emergências e imprevistos (leia meu artigo Reserva de emergência: por onde começar? E onde investir?). Sobretudo, para um casal, é importantíssimo ter planos em conjunto. Então, aí já está uma motivação para um planejamento financeiro do casal.
  • Defina um gestor – Tão importante quanto estabelecer regras é acordar quem será o responsável por gerir a vida financeira do casal. Afinal, como já diz o ditado “cachorro que tem dois donos, morre de fome”.

Vale a pena ter conta conjunta?

    Abrir uma conta conjunta pode não representar uma solução para os casais

    A conta conjunta pode ser uma solução ou um grande problema. O que vai determinar isto será a forma de utilização e isto tem a ver com o comportamento do casal. Ou seja, novamente, o diálogo é que vai fazer a diferença.

    Se não houver um bom controle ou se um gastar mais que outro, se não for determinado um gestor para conta, será tragédia na certa!

    Se a decisão for por não abrir com conjunta, minha sugestão é acordar qual dos cônjuges fará a gestão financeira do casal.

    E, assim, o valor acordado é depositado na conta do cônjuge gestor e este fica responsável pela gestão dos recursos. Ele, então, pagará as contas das despesas em comum, investindo os valores dos fundos de emergência e para os projetos futuros do casal como, por exemplo, uma viagem de férias, intercâmbio, compra de casa ou carro.

    Tudo é confiança

    Ratifico que não há certo e nem errado, mas chamo atenção que o princípio básico de um relacionamento é, ou deveria ser, a confiança.

    E, o certo é que “o sucesso de uma união está diretamente conectado à relação com dinheiro que o casal possui”. E isso vale para namorados também.

    O hábito de falar sobre dinheiro entre os casais pode salvar muitos relacionamentos!

    Por fim, compartilho duas reflexões:

    O dinheiro compra companhia, mas jamais o amor e admiração de alguém.

    Use as coisas e ame as pessoas. Jamais inverta a ordem!

    Até a próxima coluna!

    A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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