Com o Brasil bem ou mal, Morgan Stanley recomenda investir nessas 9 ações brasileiras

Para o banco, grupo seleto de papéis vai brilhar em qualquer cenário da economia brasileira

Agência Banco do Brasil (BBAS3), em São Paulo. Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Agência Banco do Brasil (BBAS3), em São Paulo. Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O Morgan Stanley indicou nove ações que considera como as melhores ações para investir em qualquer cenário para a bolsa brasileira. Mesmo após anos de fraqueza.

São elas: Banco do Brasil (BBAS3), JBS (JBSS3), Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4), Minerva (BEEF3), XP (XPBR31), Cyrela (CYRE3), B3 (B3SA3) e Nubank (ROXO34).

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Segundo o banco, esse grupo detém métricas de saúde financeira, resiliência e expectativa de crescimento dos lucros que as posiciona para brilhar. Isso com a bolsa subindo ou não.

Para chegar a esses nomes, o Morgan Stanley cruzou dados de desempenho recentes, projeções de lucro e o comportamento histórico da B3 em momentos como o atual.

Últimas em Renda variável

O banco também projetou cenários prospectivos, para cima ou para baixo, em relação a Brasil.

A conclusão foi a de que a relação entre preço justo e os exibidos atualmente no mercado está maior do que a média histórica, mesmo em períodos de vale para a bolsa brasileira. Isso porque essas empresas se mantêm saudáveis e devem ter lucros crescentes.

Assim, mesmo num cenário de possível piora adicional na bolsa doméstica, o grupo acima tenderia a sofrer menos, avalia o Morgan.

Porém, se acontecer o contrário e a macroeconomia se estabilizar, essas ações também devem sair na frente.

É uma realidade bastante distinta do mercado mais abrangente das ações brasileiras, para o qual o Morgan segue pessimista.

“A maioria das ações no Brasil está barata (mas) preferimos o risco/retorno de exportadores de crescimento sustentável em petróleo e agronegócio”, diz o relatório assinado por Julia Leão Nogueira, Juan Ayala e Nikolaj Lippmann.

Ajuste macro é a chave para virada das ações, prevê Morgan

Segundo os estrategistas, uma recuperação mais consistente das ações depende necessariamente de um reequilíbrio da macroeconomia do País.

E isso significa um mudança forte na política fiscal, o que passa por redução dos gastos públicos.

Nesse sentido, o Morgan calcula o déficit nominal do País em quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB), um dos maiores do mundo. O déficit é quanto se gasta mais do que se arrecada.

Em outras palavras, o mercado teme que pelo atual modelo de crescimento, “que é impulsionado por déficits orçamentários difíceis de sustentar”, afirmaram os estrategistas.

Ao tomar medidas para corrigir esse buraco, o governo abriria espaço para reduzir a inflação, criando condições para redução dos juros.

Consequentemente, isso permitiria que os investidores façam o que deveria ser óbvio: comprar ações que estão excepcionalmente baratas.

A mudança na direção da política pode ser um catalisador para as ações brasileiras”

Para ilustrar quão para trás está o Brasil em relação a outros mercados emergentes, o Morgan comparou os preços relativos de preço/lucro (P/L) que, quanto maior, mais valorizado.

Assim, o P/L médio das ações brasileiras atualmente é 8, as da Índia saem a 23, perto dos níveis das bolsas americanas.

Isso, apesar de algumas empresas exibirem rentabilidades superiores em níveis internacionais, ponderou o Morgan.

É verdade que as companhias da B3 perderam relevância global devido à desvalorização do real frente ao dólar. Contudo, os lucros seguem crescendo em moeda local, o que deve continuar neste ano, em linha com as projeções para o PIB de 2025.

Virada na economia pode impulsionar ações, diz Morgan Stanley

Outra transformação que pode dar suporte à escalada das ações, segundo o Morgan, seria a adoção pelo País de um novo modelo de crescimento.

Assim, no lugar do modelo atual, financiado por gastos públicos e consumo, os carros-chefes passariam a ser investimentos e exportação.

Atualmente, o Brasil tem uma relação investimento/PIB de 17%, atrás de Índia (31%), México (24%) e Estados Unidos (21%).

Em relação ao comércio exterior, um desenvolvimento da atividade levaria consigo setores como agronegócio e petróleo, onde estão algumas das maiores apostas do Morgan. Isso ao lado do segmento financeiro.

Há chance de essas transformações macroeconômicas acontecerem ainda em 2025?

“Improvável”, afirma o banco no mesmo relatório. Porém, como o mercado costuma se antecipar a grandes viradas, a chance está aberta para quem comprar a tese.

“O Brasil precisa de um grande reequilíbrio para embarcar num novo ciclo de crescimento. Mas o nível de lucros (das empresas) está lá e o ciclo continua a se fortalecer”, acrescentam os estrategistas.

O relatório oferece uma visão alternativa à do HSBC, por exemplo, que na virada do ano classificou como armadilha investir em ações brasileiras agora.

Morgan: histórico do Ibovespa indica recuperação rápida

Para concluir o raciocínio, o Morgan cita o comportamento dos lucros das empresas em ciclos passados de baixa prolongada e como se recuperou rápido depois.

Como exemplo, os estrategistas citaram períodos de queda nos últimos 16 anos (2008, 2011, 2018 e 2020).

Esse exercício mostrou que as quedas de lucros (2008 e 2020) que coincidiram com correções globais (crise financeira global e pandemia de Covid-19) foram breves em duração (4 e 7 meses do pico ao vale, respectivamente), mas de grande magnitude (-29% e -43%, respectivamente).

Enquanto isso, os ciclos mais longos tiveram maior ligação com o cenário doméstico. A que começou no final de 2011 durou até o início de 2016 (55 meses).

Aí a perda foi maior, queda de 56% nas expectativas de lucros futuros do consenso em dólares.

Curiosamente, no ciclo atual, as estimativas de lucros futuros para o grupo doméstico caíram 11% em dólares desde o pico em maio de 2024.

Porém, desde então, a expectativa de lucros futuros aumentaram em 7%.

Ou seja, algum tipo de correção deveria acontecer adiante, seja com os lucros caindo, ou com alta das ações.

Nesse sentido, o consenso do mercado aponta para a primeira opção, já que a expectativa é de crescimento de 3% nos lucros das empresas da B3 em dólar para 2025 e outros 8% para 2026, mesmo com algumas revisões para baixo nos últimos meses.

E os principais impulsionadores do crescimento dos lucros devem ser energia e materiais básicos, em 2025. Já para 2026, finanças e materiais básicos devem liderar.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS