Lula x Bolsonaro: confira o desempenho das estatais na bolsa em cada mandato
Veja o levantamento exclusivo feito pela TradeMap em parceria com a IF
Sempre colocadas no centro do debate econômico durante as eleições, as estatais têm mostrado resiliência na B3. Um levantamento feito pela TradeMap em parceria com a Inteligência Financeira apontou que, nos últimos 20 anos, as estatais tiveram retorno acima do Ibovespa.
Um novo recorte do estudo mostra que a valorização dos papéis variou bastante durante os mandatos dos dois candidatos à presidência da República, que disputam o pleito no próximo dia 30.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Participaram do levantamento apenas as estatais que se mantiveram na bolsa durante todos os mandatos em questão. São 11 empresas no total.
Melhor momento
O melhor momento das estatais na Bolsa nos últimos 20 anos, que separam a chegada de Lula ao poder até os momentos finais do atual mandato de Bolsonaro, foi durante o primeiro governo de Lula, de 2003 a 2006. Quando o atual candidato pelo PT assumiu pela primeira vez, as estatais tiveram um retorno médio anual de 40,93%.
Já durante o governo Bolsonaro, o desempenho anual médio das estatais foi de 15,63%. Na comparação, os papéis das estatais tiveram um desempenho 261,86% superior no primeiro mandato de Lula contra o único mandato de Bolsonaro até o momento.
Por outro lado, o desempenho das estatais no segundo mandato de Lula foi muito mais discreto, com retorno de 7,52% por ano, o que equivale a menos da metade da valorização da bolsa durante Bolsonaro.
Ibovespa como referência
O retorno das ações de estatais durante o governo Lula 1 foi abaixo do Ibovespa (IBOV), mas, durante esse período, o índice geral da Bolsa de Valores de São Paulo também bateu recorde, subindo 41,63% ao ano, na média, o melhor desempenho das últimas duas décadas.
No período Lula 1, o Ibovespa teve uma taxa média anual de retorno mais de 700% maior que a registrada no mandato de Bolsonaro até o momento, quando o Ibovespa registra retorno anual médio de 5,84%.
No segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2010, o índice da Bolsa registrou um retorno anual de 11,99%, bem abaixo do registrado no primeiro mandato, ainda assim, quase o dobro do registrado sob Bolsonaro.
Cenário macroeconômico
No governo Lula 1, o cenário econômico internacional registrou o que foi chamado de ciclo de alta das commodities, com um avanço considerável dos preços desses itens no mercado e valorização das ações de empresas brasileiras, entre elas, as estatais.
Já durante Lula 2, o mundo enfrentou a crise global de 2008, que quebrou empresas, estados e derrubou as bolsas. Além disso, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) contou com amplo apoio das estatais para investimento no setor de infraestrutura, o que acabou impactando o caixa dessas empresas.
Bolsonaro viveu, durante seu mandato, a crise do coronavírus, que impactou a economia global. Por outro lado, o atual presidente também passou por um ciclo de valorização das commodities, com destaque para o petróleo, que, durante valorização, permitiu à Petrobras melhorar o desempenho das estatais na Bolsa.
Petrobras teve destaque sob Bolsonaro
A Petrobras (PETR3 e PETR4) foi uma das estatais que mais se destacaram no governo Bolsonaro, com retorno médio anual de 28,01% nos papéis preferenciais (PETR4) e 26,21 nos ordinários (PETR3).
“A Petrobras teve bom desempenho (sob Bolsonaro) por causa do preço da commodity (petróleo) no pós-pandemia, isso ajudou muito o desempenho da empresa”, avalia Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester investimentos.
Ainda assim, o desempenho da Petrobras sob Bolsonaro esteve aquém do registrado no primeiro mandato de Lula. Entre 2003 e 2006, outro momento de boom das commodities, os papéis ordinários da estatal de petróleo e gás registraram retorno médio anual de 50,87%, e os preferenciais, de 53,18%.
No segundo mandato do candidato atual do PT, porém, a Petrobras teve um desempenho muito mais modesto, de 6,24% para os preferenciais e 6,31% para os ordinários, o que pode ser explicado pelo papel que a empresa ganhou como uma das principais incentivadoras do desenvolvimento econômico do país, utilizando o caixa acumulado nos projetos de infraestrutura tocados pelo governo petista.
Banco do Brasil liderou altas com Lula
Nos últimos 20 anos, o Banco do Brasil (BBAS3) foi a segunda estatal que registrou o maior retorno médio anual em um mandato, entre 2003 e 2006. Neste período, os papéis registraram crescimento de 71,53% de valorização média anual.
Durante o governo Bolsonaro, o Banco do Brasil registrou retorno médio de 1,60% ao ano, um dos desempenhos mais tímidos do período Bolsonaro entre as estatais, perdendo apenas para a Embraer, que teve uma desvalorização média anual de 13,69% no atual governo.
O que pode explicar o desempenho do Banco do Brasil com Lula é a captação pela qual o banco passou durante o ciclo de alta das commodities e sua aproximação com o agronegócio para alavancar a produção, segundo explica Larissa Quaresma, analista da Empiricus.
“Entre 2003 e 2010, o banco público expandiu consideravelmente sua atuação junto ao agronegócio, que, por sua vez, foi extremamente beneficiado pelo boom das commodities nos anos 2000. Além disso, os juros altos da época acabaram por beneficiar o banco, que tem muitos produtos de investimento focados na renda fixa”, avalia.
Apesar do desempenho modesto do BB na Bolsa sob Bolsonaro, abaixo da inflação, o analista da Inv João Abdouni diz que a empresa tem sustentado bons resultados em seus balanços. “Se você olhar a evolução do lucro, ela é crescente ao longo desses últimos quatro anos”, diz o analista.
Copel esteve entre as melhores com ambos
A estatal de maior destaque no mandato de Bolsonaro foi a Copel (CPLE6), que teve retorno médio anual de 34,26%, acima do registrado na média dos governos Lula, quando os papéis tiveram valorização de 28,25% (Lula 1) e 18,34% (Lula 2).
Embora o desempenho da Companhia Paranaense de Energia sob Lula tenha ficado abaixo do registrado sob Bolsonaro, a estatal foi responsável pelo maior retorno anual durante o segundo mandato de Lula, com crescimento de 18,34% ao ano, ultrapassando o Banco do Brasil, que teve retorno anual de 16,71%.
Retorno anual das estatais em cada governo
Confira os resultados das estatais nos mandatos Lula 1, Lula 2 e Bolsonaro e a comparação com o Ibovespa.
Apenas empresas que tinham ações na Bolsa nos três mandatos foram incluídas no levantamento.