Com empurrão do Uber e Globo, locação de lajes corporativas volta a subir em São Paulo

Vacância diminui e cenário de locação de lajes corporativas volta para realidade experimentada antes da pandemia; fundos imobiliários se beneficiam

Foto aérea da avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Foto aérea da avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Com um empurrãozinho de grandes empresas, como Klabin (KLBN11), Uber (U1BE34) e o Grupo Globo, o terceiro trimestre de 2024 foi positivo para alguns fundos imobiliários que administram escritórios (lajes corporativas) instalados em São Paulo.

Entre julho e setembro, a absorção líquida dos imóveis corporativos na capital paulista (diferença entre entradas e saídas de inquilinos) alcançou 71.064 metros quadrados.

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Assim, a taxa de vacância caiu para 21,67%, a mais baixa desde 2020. Naquele ano, o índice de imóveis vagos na cidade de São Paulo era de 17,12%.

Esses dados constam de levantamento exclusivo da SiilLA, empresa norte-americana que monitora o mercado imobiliário na América Latina, para a Inteligência Financeira.

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A pesquisa avalia o desempenho do mercado de lajes corporativas no terceiro trimestre de 2024. E compara assim com os cinco anos anteriores.

Mais dias de trabalho, mais lajes corporativas

“A taxa de vacância nos escritórios vem caindo gradativamente”, afirma Giancarlo Nicastro, presidente da SiiLA. Segundo ele, há uma forte tendência entre grandes empresas em ampliar os dias de trabalho nos escritórios. Assim, cresce a locação bruta na cidade.

“As empresas começaram, então, com uma semana presencial no escritório. Depois, duas vezes por semana, três vezes e, agora, a tendência é de quatro vezes por semana no escritório. Isso faz com que as empresas que desenvolveram muitos escritórios comecem a voltar a locar”, afirma.

A taxa de vacância entre lajes corporativas na cidade de São Paulo está hoje em 21,67%. Há um ano, estava em 23,43%. O patamar mais baixo, segundo dados da SiiLA, é de 2019, antes da pandemia, em 15%.

“A gente só não tem uma queda mais abrupta na taxa de vacância em São Paulo por conta das entregas de novas lajes corporativas que continuam acontecendo agora, em 2024”, diz o executivo. Ele lembra que o ciclo de incorporação de um prédio de alto padrão é de cinco anos. “As decisões (de incorporação) são pré-pandemia. A gente, assim, volta para 2019, que foi o melhor momento do mercado”, afirma

Fundos imobiliários beneficiados

Segundo o levantamento, a movimentação no terceiro trimestre de 2024 beneficiou alguns dos fundos imobiliários que apostaram em ativos considerados menos óbvios.

Ou seja, empreendimentos que não estão no trecho mais disputado da avenida Brigadeiro Faria Lima. Mais precisamente, uma área de dois quilômetros localizada entre as avenidas Presidente Juscelino Kubitschek e Cidade Jardim. Ali, um metro quadrado é locado por até R$ 300. Corredores menos óbvios operam com um terço desse valor, abaixo de R$ 100.

Um exemplo é do fundo Capitânia Office (CPOF11), da Capitânia Capital. Recentemente, a gestora desembolsou R$ 373 milhões por 30% do condomínio Faria Lima Plaza, que até então era da XP Properties, da asset de Guilherme Benchimol.

O ativo fica no Largo da Batata, em Pinheiros. A transação fixou o valor do prédio, que tem locatários como Shopee e Uber, em R$ 1,24 bilhão.

Neste terceiro trimestre, a fabricante de papel e celulose Klabin locou quase 6 mil metros quadrados no prédio. A Uber, em seguida, ampliou seu escritório, locando lajes adicionais, hoje com um total de 3,3 mil metros quadrados.

Novos corredores para lajes corporativas

Segundo dados da SiilLA, dois corredores se destacam na equação entre localização, preço e qualidade de imóveis. Um deles é o da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Outro, a avenida Doutor Chucri Zaidan.

Ali perto, no terceiro trimestre, vai funcionar o novo endereço do Grupo Globo. A empresa, que está de saída da Avenida 9 de Julho, locou 5,8 mil metros quadrados do River One. O condomínio é do fundo RBR Properties (RBRP11), da RBR Asset.

“O terceiro trimestre deste ano mostra uma das maiores absorções líquidas dos últimos seis anos. Comparáveis aos anos de 2018 e de 2019”, aponta André Nardi, da Tellus. Ele então gere o fundo imobiliário Tellus Properties (TEPP11), de lajes corporativas.

Para ele, os indícios aponta para uma manutenção dessa tendência. Ele destaca que determinações como da Amazon, que cancelou o home office a nível mundial, impactam o setor aqui no Brasil. “Como muitas dessas multinacionais têm operação no Brasil, é assim um movimento top-down, o que esperamos que aumente a demanda por laje corporativas nos próximos períodos”, destaca.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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