Tesouro Selic ou Tesouro IPCA+: qual a melhor opção após a alta na taxa de juros?

Com os juros altos, acima de dois dígitos, renda fixa segue em alta; saiba onde investir

Tesouro Selic ou IPCA+: afinal, qual a melhor opção? (Foto: Pixabay)
Tesouro Selic ou IPCA+: afinal, qual a melhor opção? (Foto: Pixabay)

Após o Copom subir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75%, os investidores se voltam ainda mais para a renda fixa. Nesse cenário, o Tesouro Direto se destaca, com opções para os mais diferentes perfis e objetivos.

Queridinhos entre os títulos públicos, Tesouro Selic e Tesouro IPCA+ têm a preferência daqueles que optam por comprar papéis do governo. Mas entre as duas opções, qual a melhor neste momento com juros acima dos dois dígitos? Tesouro Selic ou IPCA+: qual rende mais? Confira o que dizem os analistas.

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Horizonte de investimento

De acordo com Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, ao decidir entre Tesouro Selic ou IPCA+, o principal ponto a se atentar diz respeito ao horizonte de investimento. Ou seja, a rentabilidade, nesse caso, não é o fator mais importante.

“Enquanto no Tesouro Selic podemos investir para prazos mais curtos, com vencimentos máximos oferecidos hoje para 2027 e 2029 e liquidez diária, o Tesouro IPCA oferece vencimentos até 2065, casando com horizontes de investimento mais voltados para o longo prazo”, afirma ela.

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Reserva de emergência

Assim, Kist destaca que o Tesouro Selic é o título mais apropriado para aplicações que necessitam de liquidez imediata. Estamos falando de objetivo como, por exemplo, reserva de emergência, reserva de oportunidade e planos de curto prazo. Ou, no caso de investidores mais arrojados, como margem de garantia para operações alavancadas na bolsa de valores.

“A rentabilidade acompanhará as decisões de política monetária, e atualmente está fixada em 10,75%”, diz a especialista em mercado de capitais.

Tesouro Selic ou IPCA+: qual rende mais?

Grazzielle Feilstrecker, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, explica que o Tesouro Selic rendeu mais recentemente devido à sua correlação direta com a taxa Selic.

“Esse título se beneficia diretamente dessa taxa, resultando em um rendimento superior. Em contraste, o Tesouro IPCA+, teve um desempenho inferior. Isso porque a inflação se manteve controlada em torno de 4,5% no últimos 12 meses”, ressalta Feilstrecker.

Para a especialista, embora o Tesouro IPCA+ ofereça uma taxa fixa adicional para compensar a inflação, o rendimento total do título foi menor do que o do Tesouro Selic, dado o cenário atual de taxas de juros elevadas.

Horizonte de médio e longo prazo: Tesouro Selic ou IPCA+?

Para Feilstrecker, se a necessidade de utilização do recurso for de curto prazo, o Tesouro Selic é a melhor escolha. Isso porque oferece segurança, liquidez e um bom rendimento em um cenário de juros altos.

“Agora, se o investidor possui um horizonte de médio e longo prazo, o Tesouro IPCA+ é o mais indicado. Ele é recomendado para quem deseja proteção contra a inflação e visa preservar o poder de compra no futuro”, comenta Feilstrecker.

Inflação no Brasil

Kist, da Matriz Capital, salienta que o Brasil tem um histórico inflacionário alto. De acordo com ela, principalmente por uma característica da economia muito dependente de commodities e indexada ao dólar, os choques inflacionários são bem imprevisíveis.

“Após a pandemia, por exemplo, tivemos um acumulado de 10,06% de inflação em 2021 – enquanto o Tesouro Selic pagava 2% ao ano. Nesse cenário, o investidor que detivesse um título de IPCA + 6%, por exemplo, teria uma rentabilidade aproximada em 16%. Quem teve uma rentabilidade de 10% no ano, apesar de excelente perante o nível da Selic, perdeu poder de compra para a inflação”, diz ela.

Característica defensiva

A especialista ressalta que o ponto principal a ser observado é a característica defensiva que os títulos indexados à inflação representam para uma carteira de investimentos de longo prazo.

“Planos como previdência para os filhos ou aposentadoria, por exemplo, são muito beneficiados por esse tipo de título. Além disso, nos últimos 10 anos, apenas em 10% do tempo tivemos oferta de títulos com taxas acima de 6% indexadas ao IPCA, de forma que ainda observamos um momento favorável para adicionar essa proteção à carteira”, afirma Kist.

Marcação a mercado

Entretanto, há que se tomar cuidado com aplicações de vencimento longo. “Caso o investidor não possa levar o título até o vencimento por algum motivo, ele pode sofrer com deságio caso queira efetuar um resgate antecipado, a depender das condições do mercado”, alerta a especialista.

Estamos falando da marcação a mercado. Em resumo, caso as taxas negociadas do Tesouro IPCA+ passem a ser maiores do que a taxa adquirida pelo investidor, este aumento se traduzirá em um menor preço do título e, portanto, em uma marcação negativa para o investidor que já está com papel em mãos.

Assim, recomenda-se que o detentor do título o leve até o vencimento, para que não tenha prejuízo e receba a rentabilidade contratada no momento da aquisição do produto.

RENDA FIXA: Como funciona a marcação a mercado? | Inteligência Financeira

Tesouro Selic ou IPCA+: afinal, qual a melhor opção?

Em resumo, se o seu perfil é conservador, você precisa de liquidez diária ou tem um prazo curto de investimento, a recomendação é optar pelo Tesouro Selic.  

Por outro lado, se o seu perfil é moderado ou arrojado – ou seja, aceita certa volatilidade -, e você dispõe de um horizonte de tempo maior, é importante que parte da alocação de sua carteira tenha Tesouro IPCA+ ou outro investimento indexado à inflação.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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