Tesouro Prefixado a 13% ou Tesouro IPCA+ pagando 7% mais inflação: qual a melhor opção agora?
Pouquíssimas classes de ativos conseguem entregar uma rentabilidade tão atrativa quanto a que esses dois títulos públicos estão pagando atualmente
Com a Selic em 11,25% ao ano, a renda fixa segue cada vez mais atrativa. E, dentro dessa classe de ativos, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+ têm conquistado a preferência de muitos investidores. Mas, afinal, qual dos dois ativos é o melhor? A seguir, confira o que dizem os analistas consultados pela Inteligência Financeira.
O que é e quanto rende o Tesouro Prefixado?
Os títulos prefixados do Tesouro Direto são aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, você já a conhece no momento que adquire o produto. Nesse sentido, é o investimento ideal para quem quer saber exatamente o valor que receberá ao final da aplicação, no vencimento do título.
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Atualmente, de acordo com o site do Tesouro Nacional em 26/11/2024, há três opções de Tesouro Prefixado disponíveis, com vencimentos em 2027 (pagando 13,29% ao ano), 2031 (13% ao ano) e 2035 (rendimento de 12,75% com pagamento de juros semestrais). Com a Selic em alta, saiba se vale a pena investir no Tesouro Prefixado ainda em 2024.
O que é e quanto rende o Tesouro IPCA+?
O Tesouro IPCA+ oferece vencimentos até 2055, casando com horizontes de investimento mais voltados para o longo prazo. Em resumo, ao aplicar nesse ativo, você estará emprestando dinheiro ao poder público. Em troca, ele paga uma taxa de juros que é híbrida. Ou seja, é uma combinação da inflação (IPCA) e de uma taxa prefixada, o tal “+” que dá nome ao produto.
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De acordo com consulta no site do Tesouro Nacional em 26/11/2024, atualmente há seis opções de Tesouro IPCA+. São três NTN-B Principal (título que paga todo o seu rendimento na sua data de vencimento), com prazo final em 2029, 2035 e 2045, pagando o IPCA mais 6,91%, 6,69% e 6,62%, respectivamente.
Além desses, há mais três NTN-B (título com fluxo de renda semestral para o investidor) com vencimentos em 2035, 2040 e 2055. Eles rendem o IPCA mais 6,72%, 6,61% e 6,60%, respectivamente.
Vale a pena investir em Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+?
De acordo com Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Invest, pouquíssimas classes de ativos conseguem entregar uma rentabilidade tão atrativa quanto a que o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+ estão pagando atualmente.
“Além disso, poucas vezes vimos esse patamar de taxa. Então, é um momento oportuno para alocar na classe tanto para o investidor que deseja levar o título ao vencimento quanto para o investidor que deseja operar curva. Isso porque um eventual fechamento da curva de juros pode gerar retornos positivos para quem tiver o ativo em carteira, dada a marcação a mercado”, afirma a especialista.
Confira como não perder dinheiro ao investir no Tesouro IPCA+ por conta da marcação a mercado.
Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital, faz coro com Luise. “Os dois títulos são excelentes alternativas neste momento. Isso porque combinam uma rentabilidade alta, uma vez que as taxas estão próximas das máximas de 2024, e em um dos maiores níveis da última década com um risco de crédito bastante baixo. A liquidez desses ativos também é alta, já que o Tesouro Nacional oferece a recompra no mercado dos papéis todos os dias”, destaca o especialista.
Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+: quando escolher um ou outro?
O Brasil tem historicamente uma inflação alta, e tanto fatores internos (como o risco fiscal e o câmbio instável) quanto fatores externos (como a ameaça de pressão inflacionária global, sobretudo diante das políticas a serem implementadas no governo Donald Trump nos EUA no comércio internacional e a volatilidade dos preços das commodities) indicam que a inflação continuará alta no futuro, na avaliação de Luise Coutinho.
“Por isso, investir no Tesouro IPCA+ é uma boa escolha. Esse título protege o poder de compra do investidor, sendo a opção ideal para quem busca um ganho real (acima da inflação) sobre o capital investido”, ressalta head de produtos e alocação da HCI Invest.
Por outro lado, de acordo com o especialista, se o investidor prefere saber com antecedência qual será a rentabilidade e deseja garantir um retorno superior ao “1% ao mês”, o Tesouro Prefixado pode ser a melhor alternativa.
Variáveis macroeconômicas
“A decisão de investimento vai depender em grande parte da expectativa quanto ao comportamento das variáveis macroeconômicas. Então, cenários de inflação mais alta, com consequentes elevações nas taxas de juros, como agora, são mais propícios para o Tesouro IPCA +. Por meio desse título, o investidor protege o patrimônio dele contra a alta nos preços na economia. Além disso, tem uma taxa real acima da inflação bastante expressiva”, avalia Arend. “Já o Tesouro Prefixado tende a se mais interessante em momentos de redução nos juros”, completa o especialista me renda fixa.
“O grande risco do Tesouro Prefixado é a taxa de juros continuar subindo. Então, se a taxa de juros ao final de dois anos tiver em 15%, e hoje o investidor tem uma taxa de 13%, ele vai estar perdendo dinheiro. Isso porque, se a Selic continuar subindo de fato, ele vai estar ganhando menos no mercado”, destaca Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.
Riscos e desvantagens
Os principais riscos desses dois títulos envolvem a volatilidade e a marcação a mercado dos títulos. “Se a Selic continuar subindo e a curva de juros continuar abrindo, os títulos sofrem com a marcação a mercado. Então, quanto mais longo o vencimento, maior a volatilidade”, afirma Luise Coutinho.
Segundo a especialista, quem investiu, por exemplo, no Tesouro IPCA+ 2035 há 12 meses, está com rentabilidade acumulada negativa. “Então, caso esse investidor quisesse vender o título hoje, sairia com valor inferior ao valor aplicado”, pontua ela.
No caso do Título Prefixado, a venda antes do vencimento pode resultar em perdas em um cenário de alta de juros. “Se a inflação ficar controlada e dentro da meta, o prêmio do Tesouro IPCA (em torno de 7%) pode resultar em um rendimento real (acima da inflação) alto. Mas o retorno nominal (rentabilidade total) pode ser inferior ao de outras opções de investimento, como o Tesouro Prefixado ou até mesmo o pós-fixado”, compara a especialista.
“O investidor que está pensando em investir no Tesouro Prefixado ou no IPCA+ tem que ficar realmente ciente de que, sim, ele pode sofrer volatilidade nesses dois produtos. Mas não acreditamos que a Selic tenha toda essa alta. Porém, é um risco que existe”, completa Marcelo Boragini.
Atenção na hora de investir
Ao investir tanto no Tesouro Prefixado quanto no Tesouro IPCA+, o investidor deve ficar atento ao prazo do título. “O ideal é escolher um prazo pensando em manter o título até o vencimento. Se decidir vender antes, o investidor poderá ser penalizado com um deságio (vender por um valor inferior ao de compra), se o cenário econômico e/ou fiscal piorar e as taxas de venda forem maiores do que as de compra”, diz a head de produtos e alocação da HCI Invest.
De acordo com ela, a taxa Selic média dos últimos 20 anos foi de cerca de 10,5% ao ano. “Então, uma taxa de 13% ao ano é atrativa. No entanto, é importante ter cautela ao alocar uma parte significativa da carteira nessa classe de ativos. Dados os riscos envolvidos, é aconselhável optar por títulos com prazos mais curtos”, conclui Luise.
“Outro ponto bastante relevante é nunca concentrar a alocação somente em um ativo. Uma carteira de longo prazo idealmente tem exposição a diferentes indexadores, além de possuir vencimento distintos dentro de portifólio”, salienta Filipe Arend.